Alguns dos mosquitos mais famosos no Brasil e como evitá-los

Os chatos (e perigosos) do mato

Por Erika Sallum
Ilustração por Bruno Algarve

Bzzz… Até o mais zen dos aventureiros já perdeu a paciência diante de um irritante zumbido ao pé do ouvido ou de uma picada dolorida na canela. Além de infernizarem a nossa vida, as espécies catalogadas de mosquitos, existem vários transmissores de doenças como a febre amarela. Conheça alguns.

Anopheles Kerteszia cruzii

Quem é: “bad boy” da selva, é um dos principais mosquitos veiculadores da malária.

Esconderijo: o “mala” ama a Mata Atlântica e um de seus points prediletos é a Serra do Mar.

Hora do rango: O dia todo, mas principalmente à tardezinha. É nesse horário que a fêmea mais necessita de sangue para amadurecer as células que darão origem aos ovos.

Cuidado: Sabe aquelas bromélias lindas? Mantenha distância, pois a espécie se cria nesse tipo de planta.

Fuga: Já que não há vacina contra a malária, a saída é se precaver com o bom e velho repelente. Quando o sol está se pondo, use blusas de manga comprida e calça.

Haemagogus janthinomys

Quem é: De longe parece um simples mosquitinho indefeso, mas se trata do principal transmissor da febre amarela no Brasil.

Esconderijo: O danado adora sangue de macaco e por isso se instala na copa das árvores. Ataca também perto do chão e, na falta de primatas para petiscar, curte trekkeiros, corredores de aventura e mountain bikers, em especial na costa do país.

Hora do rango: Durante o dia, quando está quente, a fêmea costuma sair para dar um rolê e matar a fome.

Cuidado: Com buracos nos troncos ou lugares muito úmidos, onde preferem morar. Choveu? A população do bicho aumenta em até seis vezes. Se o dia está quente, então, nem se fale (a temperatura ideal para sua reprodução gira entre 23º C e 27º C).

Fuga: Não tem muito jeito: a melhor defesa é tomar a vacina contra a febre amarela, disponível em aeroportos e rodoviárias. Se estiver programando uma viagem pela mata, principalmente a da costa, vacine-se 15 dias antes, para desenvolver a imunidade contra a doença.

Mosquitos do gênero mansonia

Quem são: Uns dos insetos mais estressantes do mato. Não transmitem doenças muito graves (com exceção de algumas encefalites), porém são tão abundantes e esfomeados que podem acabar com a diversão.

Esconderijo: Em toda a área rural do Brasil e, nas cidades, em lugares como parques e reservas.

Hora do rango: No chamado crepúsculo vespertino, ou seja, no cair da noite, quando a temperatura é mais amena. O bichinho é esperto: ao sair nesse horário para lanchar, ele perde menos água para o meio em que vive.

Cuidado: Com os chamados aguapés, aquelas plantinhas bonitas que vivem boiando em lagoas e em remansos de rios. Para flutuar, elas têm ar dentro de suas raízes. É aí que os mosquitos mansonia grudam seus sifões.

Fuga: Infelizmente não há muitas formas eficazes de evitar o inseto. As fêmeas são vorazes, atacam em grupo e possuem um aparelho bucal poderoso, capaz de furar até calça jeans. Se você quiser mesmo fugir, procure um local fechado.

Mosquitos do gênero simulium

Quem são: Os populares e temidos borrachudos.

Esconderijos: Mato Grosso, Minas e Rio. Em São Paulo, no litoral norte – especialmente em Ilhabela, onde fazem a festa em todas as praias.

Hora do rango: Preferem fazer sua boquinha de manhã e à tarde, mas, se estiverem famintos, mordem o dia inteiro.

Cuidado: Os danados se amarram em cachoeiras, rios e córregos de águas cristalinas e costumam descansar em árvores eplantinhas pelo chão.

Fuga: Além de repelentes, uma boa dica para quem for a lugares como Ilhabela é tomar vitamina B6 horas antes de topar com esses insetos de picada dolorida – aliás, a vitamina B6 é eficiente contra todos os tipos de mosquito, mas deve ser tomada somente para encarar locais com alta densidade de insetos.

Mosquitos do gênero coquillettidia

Quem são: Irritantes até dizer chega, têm características parecidas com as dos mansonia. Não veiculam muitas doenças, mas têm o poder de tirar a concentração até do mais zen dos atletas outdoor.

Esconderijo: São vidrados em água parada e também costumam se instalar nas raízes dos aguapés.

Hora do rango: Assim como grande parte dos mosquitos, preferem as horas do dia em que o sol pega mais leve, como o entardecer.

Cuidado: Como atacam em bando e dão várias picadas de uma só vez, podem causar uma série de alergias no corpo devido a um líquido anticoagulante que depositam em nossa pele quando mordem.

Fuga: Repelentes, roupas leves de manga comprida e bonés são as únicas armas que temos contra eles. Quem tem propensão a reações alérgicas deve conversar com um médico sobre a possibilidade de tomar algum antialérgico antes de atividades no meio do mato.

XÔ, MOSQUITADA!

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CURIOSIDADES

Você sabia que…

… os mosquitos são atraídos pelo CO2 liberado por nossa respiração? Por isso ficam zumbindo sem parar perto dos ouvido de suas vítimas.

… só as fêmeas picam, enquanto os machos alimentam-se do néctar das flores?

… quem produz muito ácido lático, liberado por exemplo no suor, tem mais chances de ser picado?

(Consultoria: Regiane Maria Tironi de Menezes, bióloga da Superintendência de Controle de Endemias do Governo do Estado de SP)

 

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de novembro de 2005 e atualizada em janeiro de 2019)







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