Pequenos fios de microfibra, que provêm da lavagem de roupa sintética na Europa e América do Norte, estão poluindo uma das regiões mais remotas da Terra. Uma pesquisa descobriu que a poluição de microplásticos é generalizada perto da superfície da água do mar em todas as regiões de o Ártico, incluindo o Pólo Norte.
O estudo, publicado na terça-feira na revista Nature Communications, descobriu que 92% dessas partículas microplásticas são fibras sintéticas minúsculas – com a maioria delas sendo de poliéster.
O estudo é o mais abrangente até agora e encontrou microplásticos em 96 de 97 amostras de água do mar recolhidas em toda a região polar. A maioria das amostras foram recolhidas entre os 3 e 8 metros abaixo da superfície, onde se alimenta grande parte dos animais marinhos.
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Os pesquisadores dizem que o tamanho, a forma e o tipo do material são consistentes com as fibras perdidas em roupas e tecidos durante a lavanderia e a produção têxtil.
“Os microplásticos alcançaram os confins remotos de cada canto do Oceano Ártico, da Noruega, ao Polo Norte, às águas árticas canadenses e americanas”, disse o Dr. Peter S. Ross, principal autor do estudo e professor adjunto do Departamento de ciências terrestres, oceânicas e atmosféricas da University of British Columbia.
Os pesquisadores explicam que, apesar de ser uma região muito remota, o Ártico está intimamente ligado a “nossas casas, nossa lavanderia e nossos hábitos de compra” no resto do mundo, acrescentou Ross.
Cerca de dois terços de nossas roupas consistem em materiais sintéticos, incluindo poliéster, náilon e acrílico.
Essas minúsculas fibras sintéticas podem entrar no abastecimento de água em águas residuais de fábricas ou de pessoas lavando suas roupas. As estações de tratamento de águas residuais são capazes de captar grande parte, mas o resto pode eventualmente fluir para rios, cursos de água e, em última instância, para o oceano.
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As concentrações de microplásticos eram três vezes maiores no Ártico Oriental (acima da Europa Ocidental e do Oceano Atlântico Norte) do que no Ártico Ocidental (acima da costa canadense Ocidental e acima do Alasca).
Existem preocupações em torno de como essas fibras de poliéster podem impactar os seres humanos e a vida selvagem marinha, como pássaros, peixes e zooplâncton. Estudos já encontraram microplásticos nas vísceras dos peixes e da vida marinha, e há temores sobre o potencial de ingestão humana e possíveis efeitos para a saúde – especialmente para comunidades indígenas que dependem fortemente de frutos do mar.
A indústria têxtil global produz mais de 40 milhões de toneladas de tecidos sintéticos por ano, e a grande maioria deles são roupas de poliéster.