A partir do dia 18 de agosto, o visto para a entrada de cidadãos do Brasil no México voltará a ser obrigatório. A mudança foi anunciada pela Embaixada do México e ocorre após apenas nove meses em que o país equiparou os brasileiros a outras nacionalidades exigindo somente uma autorização eletrônica. O sistema para a expedição do aval deixou de funcionar regularmente há pelo menos dois meses. Oficialmente, segundo o governo mexicano, tratava-se de um problema técnico. Nesse período, centenas de pessoas perderam suas passagens ou desistiram de viajar para o país da América do Norte.
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Agora, sem maiores explicações, a embaixada recomenda em seu site e nas redes sociais que os brasileiros não comprem passagens e pacotes turísticos para o país sem ter o visto físico impresso em seus passaportes. Questionada sobre os motivos da mudança, a embaixada do governo mexicano não respondeu. O agendamento para a emissão do visto pode ser feito no site citas.sre.gob.MX.
A emissão do visto exige que o viajante compareça à embaixada em Brasília ou aos consulados em São Paulo ou no Rio de Janeiro. O visto mexicano e a autorização eletrônica são dispensados no caso de o viajante ter o visto para entrar nos Estados Unidos válido. O mesmo vale para quem tem autorização para entrar em Canadá, Japão, Reino Unido ou Espaço Schenguen, composto por 22 dos 28 países membros da União Europeia.
A mudança repercutiu negativamente entre os brasileiros. Nas redes sociais as dúvidas e queixas se acumulam. “A autorização eletrônica valerá até 17 de agosto?”, “Irei retirar toda e qualquer divulgação de viagens para o México da agência de viagens, não vou arriscar meus passageiros nesse absurdo”, “Consulado por favor, explique melhor o que devemos fazer. Passageiros tem suas viagens compradas bem antes deste trâmite de visto. Site não deixa sair do passo 1 …. ninguém atende telefone e nem responde a e-mails. Não podem deixar os turistas assim sem respostas…merecemos respeito, por favor!!” são algumas das mensagens na página do Consulado Mexicano em São Paulo, no Facebook.
Por ora as dúvidas permanecerão. O consulado disponibiliza um telefone em seu site, com o aviso que ele está “temporariamente” fora do ar, situação que se mantém há dois meses.
Em 3 de julho, o Estadão mostrou a situação do engenheiro Paulo Blanco, de 47 anos. Com viagem marcada para 9 de julho, ele passou semanas tentando a autorização para um dos filhos. Nada feito. Correu atrás de uma data no consulado e se deparou com a falta de tempo hábil. “Não vamos mais”, afirma.
O engenheiro entrou no site do governo mexicano para obter a autorização de viagem dentro do prazo exigido, 30 dias antes do embarque. Ao ver que o sistema não funcionava, foi às redes sociais e descobriu que não estava só. Ele e a família desistiram de ir ao México.
A mudança ocorre também durante uma crise migratória com a entrada ilegal de brasileiros nos Estados Unidos. A retomada da exigência estaria ligada a pressões dos EUA para tentar barrar esse fluxo de brasileiros que fazem no México a primeira parada antes de ingressar pela fronteira terrestre no vizinho ao norte.
Há uma semana, agentes da patrulha de fronteira dos EUA detiveram 183 brasileiros que entraram no país ilegalmente próximos a San Diego, na Califórnia. As detenções foram feitas em duas ocasiões, nos dias 23 e 26 deste julho, junto com imigrantes de outras nacionalidades. Os brasileiros eram a maior parte do grupo de 224 pessoas provenientes de 13 países.