Mais de 30 alpinistas resgatados com suspeita de Covid no Everest

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Um surto de Covid já se desenhava na temporada atual do Everest, mas a situação parece estar piorando mais rápido do que o esperado. Helicópteros resgataram mais de 30 pessoas com sintomas de Covid-19 do acampamento base no Everest, segundo o alpinista polonês Pawel Michalski, membro da expedição rumo ao topo da montanha mais alta do mundo. Quando os primeiros casos de Covid chegaram ao Everest, o alerta foi aceso, com o risco de cancelamento da temporada e da montanha mais alta do mundo acabar se tornando um foco de transmissão.

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Já são estimados mais de 30 resgates de alpinistas que tiveram que ser resgatados do campo base, com cerca de 5 a 8 resgates por dia. O montanhista norueguês Erlend Ness teria sido o primeiro caso de Covid no Everest, em 21 de março, e desde então, diversos montanhistas tiveram de ser retirados às pressas da base da montanha.

O primeiro paciente estava com sintomas de edema pulmonar causado pela altitude, mas testou positivo para a doença causada pelo coronavírus após ser retirado do local de helicóptero e levado para o hospital da capital nepalesa, Katmandu.

As autoridades do país não confirmaram o número exato de infectados, mas de acordo com a Associação de Montanhismo do Nepal, houve quatro casos confirmados de Covid até agora nesta temporada – três alpinistas e um guia local. Este ano, o Nepal já emitiu mais de 400 autorizações de escalada para estrangeiros que tentam subir o Everest nesta temporada. O número pode ultrapassar o de permissões emitidas em 2019, com risco de um novo “congestionamento” nos trechos mais técnicos este ano, uma condição de alto risco para os escaladores.

No campo base, é possível ver algumas placas com orientações de distanciamento social, mas considerando que barracas usadas para dormir e como áreas comuns, como refeitório, são compartilhadas, é impossível na prática manter um distanciamento efetivo a partir do momento em que há uma ou mais pessoas contaminadas no local.

A pandemia – com um surto extremamente preocupante na Índia – e o baixo controle do vírus no Nepal não foram suficientes para cancelar a temporada este ano. Como é quase impossível manter as equipes sob protocolos muito rígidos de distanciamento social, a situação é preocupante para os donos de empresas que levam turistas internacionais para escalar a montanha.

Apenas as permissões significam 4,2 milhões de dólares para o governo nepalês. Além disso, há toda uma movimentação econômica ao redor da temporada que sustenta as comunidades locais e muitas empresas de alpinismo. A estrutura necessária pode reunir mais de 1.000 pessoas no Acampamento Base do Everest, incluindo equipes de apoio, cozinheiros e carregadores. Há escaladores do mundo inteiro – que potencialmente podem ternar-se vetores de transmissão do vírus em seus países de origem, no retorno para casa.

A partir de 2 de maio, o Nepal suspendeu todos os voos domésticos e internacionais até 15 de maio devido ao Covid-19, e os novos visitantes ao Nepal devem ter um teste PCR negativo e quarentena por 10 dias. Além disso, o governo do Nepal começou um lockdown em Katmandu, e outras grandes áreas urbanas na quinta-feira. As novas restrições incluem a proibição total de saídas de casa, exceto para horários designados para a compra de itens essenciais e uma exigência de quarentena de 10 dias para qualquer pessoa que entrar na cidade.

Como os sintomas da Covid-19 são similares aos sentidos por causa da altitude, o que pode atrasar o diagnóstico e aumentar a janela de transmissão, uma vez que  alpinistas contaminados podem passar o vírus para outras pessoas por achar que estão com mal da montanha.

Acidente no Everest

De acordo com a revista Gripper, no último domingo (2), uma seção da cascata de gelo Khumbu despencou, causando um acidente com um sherpa e um escalador estrangeiro. O acidente aconteceu na cota de 5.500 metros e os escaladores foram levados de helicóptero para Katmandu.