Jovem morre após correr maratona sem preparação; prova era da empresa de Pablo Marçal

Por Redação

Jovem morre após correr maratona sem preparação; prova era da empresa de Pablo Marçal
Imagem: Reprodução/Instagram

Um jovem de 26 anos morreu enquanto corria uma maratona realizada pelo grupo empresarial do coach Pablo Marçal, o mesmo que deixou 32 turistas em perigo ao organizar uma expedição ao Pico dos Marins em janeiro de 2022. Bruno da Silva Teixeira, que prestava serviço para uma das empresas do coach, teve uma parada cardíaca ao correr a prova sem preparo físico no dia 5 de junho em um desafio proposto de última hora em Alphaville, bairro próximo à capital paulista.

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O rapaz passou mal no 15° km da corrida, por volta das 22h. Ele e colegas da empresa souberam na hora da prova que o desafio havia dobrado de 21 km para 42 km, segundo informações do GLOBO. “Aonde eu fui me enfiar? Esse é o problema de andar com gente de frequência alta”, disse o jovem brincando em vídeo publicado minutos antes da corrida.

Bruno estava correndo quando sentiu uma dor no peito. Ele recebeu os primeiros socorros de colegas no local, que decidiram levá-lo de carro até o hospital Albert Einstein, de Alphaville. O jovem morreu no hospital.

A Polícia Civil de São Paulo está investigando o caso como “morte suspeita”.

Pablo Marçal não estava participando do desafio, mas a prova foi realizada dias após o coach ter publicado um vídeo no qual dizia ter completado uma corrida de 42 km. “Minha mãe não é mãe de fraco. Meu pai não é pai de otário. Minha vó não é vó de trouxa”, diz o empresário na publicação.

Prática comum

Ao GLOBO, Clara Serbim, melhor amiga da vítima, afirmou que a corrida foi organizada dentro da empresa para funcionários. “Eles decidem no dia cedo: ‘À noite vamos fazer uma corrida’. Não existe preparação, não existe exame, nada. Só dizem que à noite vão fazer corrida”, afirmou.

Ao jornal O Tempo de Brasília, Clara contou que Marçal pressionava os funcionários a se exercitarem diariamente. Segundo ela, quem não fizesse as práticas era excluído ou até demitido.

“Havia uma cultura na empresa que exigia que todos os funcionários corressem 5 km por dia. Não era solicitado pela companhia nenhum exame médico ou de rotina. Além disso, a holding exigia que seus empregados lessem livros e assistissem às palestras de Pablo Marçal”, contou ao Tempo.

Defesa de Marçal

O advogado de Marçal, Tasso Renam Souza Botelho, disse também ao jornal que a maratona não foi proposta pela empresa, mas que tratava-se apenas de “um treino entre amigos e veio a desaguar nessa fatalidade”.

“Não houve exame prévio porque é um treino comum. Se você for correr a São Silvestre, não vão te pedir exame. Vão te pedir para assinar um termo. Não há necessidade legal de se ter exame prévio para fazer corrida. O que aconteceu foi uma fatalidade”, completou o advogado.

Em nota, a assessoria de imprensa de Marçal afirmou que tratava-se de “um treino espontâneo e amador, como muitos que acontecem todas as noites pelo Brasil”. Confira a nota completa enviada ao GLOBO.