Sabe quando você está no meio do nada e acontece algo digno da expressão “Ih, deu m*****”? Bom, é nesse momento que você precisa respirar, não se desesperar e achar uma solução. Para o perrengue não ser ainda maior, é melhor se prevenir. Portanto, confira 16 hipóteses e soluções para caso algo inesperado acontecer com você durante uma aventura.
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Você não consegue levantar da privada?
COMO LIDAR: Se, fora o piriri, você estiver se sentindo bem (sem febre ou sangue nas fezes), dá para aguentar por até três dias. Tome muito líquido misturado a eletrólitos não irritantes. Mas quem é que deseja passar a viagem no trono? Comece com um antibiótico (tipo ciprofloxacino), que deve matar o que quer que esteja causando seu inferno. E se precisar viajar, não siga o mito de “deixar a natureza agir”; você também pode tomar loperamida (Imosec ou Imodium) para conseguir fazer a viagem de ônibus – essa atitude não irá prolongar sua doença.
EVITE: Fugir disso requer atenção – e talvez um pouco de sorte. Em lugares como a África sub-saariana e o sul da Ásia, até 60% dos viajantes terão os sintomas – principalmente devido à E. coli. Reduza suas chances seguindo o básico: lave suas mãos frequentemente e coma alimentos bem cozidos, evitando vegetais crus que você mesmo não tenha descascado e água não tratada – até mesmo para escovar os dentes.
Você fatiou seu dedo preparando o jantar no acampamento?
Um corte profundo pode precisar de pontos, mas com que urgência?
COMO LIDAR: Você pode ficar tentado a colar com supercola. Não faça isso. Se houver bactérias lá dentro, isso irá acelerar uma infecção. Se você não conseguir chegar a um médico imediatamente, não entre em pânico. De qualquer forma, após 12 horas os doutores terão que esperar alguns dias antes de suturar o corte. O médico de áreas selvagens Paul Auerbach, autor do livro Medicine for the Outdoors (US$ 23; Lyons Press), aconselha fazer pressão local para estancar o sangramento, lavar muito bem o corte com água e sabão, desinfetar com Betadine diluída em água esterilizada, enxaguar, aplicar Neosporin e cobrir com uma bandagem limpa. Cortou um tendão? Se você conseguiu limpar, não precisa chamar o helicóptero. Isso pode ser consertado mesmo semanas depois da lesão.
EVITE: Tome cuidado. Use uma tábua de cortar.
Sua amiga leva uma porrada na cabeça?
Ela insiste que está tudo bem, mas foi uma bela pancada. Seguir ou voltar?
COMO LIDAR: Mesmo que ela pareça estar lúcida, você pode estar com uma emergência nas mãos – principalmente se ela tiver perdido a consciência por alguns instantes. Uma concussão pode vir junto com hemorragia interna, até mesmo resultante de traumas mais leves, e as coisas podem piorar rapidamente. Trate a dor de cabeça apenas com Tylenol, nunca com naproxeno sódico (Aleve), ibuprofeno (Advil) ou Aspirina, pois esses últimos irão aumentar o sangramento. Observe-a atentamente por 24 horas, até mesmo acordando-a de tempos em tempos. Se a dor de cabeça piorar, ou se aparecerem tonturas, vômitos, pupilas assimétricas, mudanças na fala ou no caminhar, procure ajuda imediatamente. Todos esses são indícios de hemorragia lenta.
EVITE: Use capacete se estiver pedalando, fazendo rafting ou esquiando – e não se arrisque como se arriscaria se estivesse perto de casa.
Apareceu um caroço na sua perna?
É só uma espinha gigante? Não, é o seu novo bichinho de estimação.
COMO LIDAR: O berne produz um nódulo que tem um orifício central pelo qual a larva respira. Para confirmar se uma mosca colocou ovos em você, coloque um pouco de água oxigenada nesse orifício; caso comece a borbulhar, provavelmente é um berne. Essa é uma porta aberta para infecção, mas não se desespere: é possível retirar a larva com alguns cuidados. “Utilize instrumentos esterilizados e tenha certeza que você retirou totalmente o berne; higienize o orifício e proteja-o, caso contrário você pode contrair uma infecção séria, o que vai te trazer dores, inchaço e incômodo”, diz o doutor Luis Henrique Paschoal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Professor Titular do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. Uma outra técnica que pode ser utilizada caso você não tenha esses recursos é a de mergulhar a área do seu corpo em que o berne está alojado debaixo d’água, dessa forma ele sairá em parte para respirar, tornando mais fácil retirá-lo, mas para isso você vai precisar espremê-lo e talvez seja interessante pedir para que alguém faça isso por você, pois vai doer.
EVITE: Esse verme só aparece depois da picada da mosca varejeira, encontrada principalmente nas Américas Central e do Sul. O uso de um repelente de insetos e roupas longas é uma boa proteção.
Uma onça cruzou seu caminho?
Corro pra não servir de almoço?
COMO LIDAR: Se uma onça cruzar seu caminho, fique calmo. O Coronel George da Silva Divério, comandante do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), que fica em Manaus (AM), aconselha subir em uma árvore e aguardar ela se afastar. “É muito difícil você ser atacado por uma onça, pois o homem é o verdadeiro predador dela, e não o contrário.” Mas isso não significa que você pode sair correndo atrás do gatinho para fazer carinho nele. As onças atacam seres humanos quando se sentem ameaçadas, mesmo que a nossa carne não faça parte do menu dos bichanos.
EVITE: Sempre ande em grupo, principalmente em lugares desconhecidos. A presença de grupos faz com que animais selvagens fujam dos estranhos em seu habitat natural.
Você foi picado por uma cobra e não sabe se ela é venenosa?
Sugo? Corto? Faço um torniquete? Nenhuma das três, a não ser que você queira aumentar as chances de ser amputado.
COMO LIDAR: Primeiramente tente identificar a cobra que te picou. A melhor forma de saber se ela é peçonhenta ou não é atentar para a sua cabeça. Caso a cobra tenha um orifício no meio do caminho entre os olhos e as narinas, comece a se preocupar – 99,5% dos acidentes com cobras venenosas envolvem répteis com esse orifício. Francisco Oscar de Oliveira França, vice-diretor do Hospital do Butantan Vital Brasil e médico assistente do serviço de moléstias infecciosas e parasitárias do Hospital do Coração da Faculdade de Medicina da USP, aconselha higienizar bem a área e aplicar um antisséptico imediatamente depois da picada. Depois, procure um hospital com urgência, por mais distante que ele esteja – a única forma de você se proteger com garantias consideráveis é tomar um soro antiofídico. Mas tranquilize-se, apenas 0,5% das pessoas que são picadas por cobras e recebem tratamento morrem, o que significa um total de apenas 100 óbitos por ano no Brasil.
EVITE: Cerca de 80% das picadas de cobra ocorre na região que vai dos pés aos joelhos. Por isso, se você for caminhar em um local que possivelmente tenha cobras, utilize um calçado mais rígido, perneira (uma espécie de polaina de cordura, couro ou outro tecido resistente) e calças. Usando luvas você evita mais 15% dos acidentes. Fora isso, evite colocar as mãos em buracos e apoiar-se em troncos.
Você deu de cara com um enxame de abelhas?
Aquele zumbido que fica cada vez mais alto é o sinal de alerta: não corra!
COMO LIDAR: Fique parado, sem fazer nenhum movimento ou barulho, pois qualquer uma dessas atitudes pode ser interpretada como hostil pelas abelhas. “Se você ficar quieto, elas não irão atacá-lo. Se já estiver sendo atacado, corra”, afirma o Major PM Mauro Lopes, da área de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros. Caso você tenha sido picado, retire os ferrões, mas tenha cuidado, “raspe a superfície da sua pele com sua unha delicadamente, não tente puxá-los com uma pinça, ou com os dedos, pois isso injetará mais veneno na sua pele”, afirma a criadora do Medicina da Aventura, Karina Oliani. Segundo a médica especializada em resgate em áreas remotas, é importante higienizar as regiões picadas com água e sabão, e tomar anti-histamínicos e analgésicos, além disso, fazer uma compressa fria por 10 minutos nas picadas pode aliviar a dor e a coceira.
EVITE: Se for atacado por abelhas, é porque você fez algo errado. Não mexa em colméias, não tente afastar as abelhas do seu corpo e não faça barulho nem movimentos bruscos perto delas, ou seja, respeite-as como se elas fossem um vizinho rabugento. As abelhas só deixam sua colméia para buscar alimento, para encontrar outro lugar para morar, ou para realizar ataques – o que só ocorre quando elas sentem a necessidade de se proteger, e isso pode ocorrer mesmo você estando a 30 metros delas. Se você for alérgico a picada de abelha precisa ter cuidado quadruplicado; fale com o seu médico para saber como proceder em caso de um choque anafilático; somente uma injeção de adrenalina poderá salvá-lo no caso de um ataque.
Um cachorro resolveu te atacar quando você estava pedalando?
Foi só passar perto dele que virei presa. E agora, tento ser apostar uma corrida?
COMO LIDAR: Cães agressivos costumam ficar presos, por isso será muito azar se você virar alvo de um desses que esteja foragido, possesso e pronto para atacar quem ver pela frente. O mais comum é que, durante o pedal, seu inimigo seja um vira-lata tentando sustentar a fama de mau. Ameace parar e provavelmente o verá dando meia-volta, se afastando com o rabo entre as pernas. Mas se o bicho insistir em vir pra cima, aja rápido: saque a garrafa de água do suporte e solte uns jatos na cara do sem-vergonha, mirando os olhos. Bicho-solto não é chegado em banho e, rapidamente, desistirá da investida. Essa é a tática de Eduardo Ramires, o mountain biker mais experiente do Brasil.
EVITE: Água potável pode ser uma substância escassa durante o percurso. Portanto, não faça disso uma brincadeira, usando metade de sua reserva de líquidos para se proteger. Mas também não menospreze a capacidade ofensiva de um cão. No ímpeto da perseguição, ele não terá motivos para desperdiçar uma dentada na panturrilha mais definida que ele já viu.
Sua cadeirinha arrebentou no meio de um rapel, a cinco metros do chão?
Certamente essa não é a melhor forma de constatar que a força da gravidade existe.
COMO LIDAR: Cinco metros já é uma altura perigosíssima de se cair, principalmente se for pego de surpresa. “Se tiver tempo de perceber que as costuras da cadeirinha estão se esgarçando, aceite o pior e grude na parede. Em seguida, tente desescalar lembrando-se dos movimentos que fez durante a subida e ‘rebobinando-os’ até a base da via”, diz o escalador paranaense André Berezoski. Se estiver perto de uma chapeleta, improvise uma corda e desça igual o Batman. Se a queda livre for inevitável, só resta se concentrar no que está por vir. Mantenha pernas e braços juntos até tocar o solo. O perito em parkour, Jean Wainer, ensina a cair. “Amorteça o impacto com a parte frontal dos pés (cair com os calcanhares pode significar uma fratura grave), compensando com o joelho e inclinando o corpo para trás. Proteja a cabeça, aproximando o queixo do peito e, antes de dar aquela cambalhota de costas, tombe o corpo sobre um dos ombros.” Se tiver escolha, evite cair sobre uma base irregular.
EVITE: Equipamentos de escalada, inclusive a cadeirinha, geralmente são atestados por selos de qualidade emitidos pelos principais órgãos de montanhismo, como a UIAA, a União Internacional das Federações de Montanhismo. Mas areia, terra, sol e suor podem acelerar o processo de degeneração. Por isso, mesmo que você não escale com frequência, não fique mais do que cinco anos com a mesma cadeirinha.
Existe um rio no meio do caminho?
Devo andar até encontrar uma ponte segura para cruzar?
COMO LIDAR: Antes de tudo, cheque os próximos metros de rio. Se houver uma queda d’água por perto, esse definitivamente não é um bom ponto de passagem. Se não houver, dá para arriscar a travessia, com alguns cuidados, como explica o rodado corredor de aventura Rafael Campos, da equipe QuasarLontra. “Providencie um bambu – ou outro galho – aproximadamente da sua altura. Use-o a cada troca de passo, para verificar a profundidade. Pare imediatamente se o teste com a taquara indicar que o passo seguinte é mais fundo que sua perna (a menos que a correnteza esteja muito fraca, você pode ser arrastado pelo rio). Dê passos curtos, para ajudar a manter o equilíbrio. Se estiver em grupo, é melhor progredir de mãos dadas ou segurando no antebraço do vizinho, trocando os passos de maneira sincronizada. Se possível, escolha uma rota que privilegie aquela pedra saliente no meio do leito – é um respiro para encarar o ‘segundo tempo’ da travessia, além de ser um ponto seguro em caso de emergência. Se uma pessoa já chegou à outra margem e a distância permitir, arremesse as mochilas. Com menos peso fica mais fácil. Escolher um trecho em curva não é boa estratégia. Além de a corrente ser mais forte no lado fechado, às vezes torna-se impossível saber o que vem depois. Geralmente, o rio é mais raso nos trechos mais largos e retos. Se sucumbir à força da água, assuma imediatamente a ‘posição de corredeira’, ou seja, com a barriga para cima e os pés para frente, levantados o mais alto possível.”
EVITE: Antes de se aventurar por uma região desconhecida, informe-se com pessoas que conhecem a área e dê uma olhada no mapa da região, para planejar a rota. Se a travessia do rio parecer arriscada demais, dê meia-volta. Segurança é fundamental.
O freio do carro parou de funcionar no meio da descida da serra?
Nesse caso, a recomendação é rezar.
COMO LIDAR: A 80km/h ou mais, a primeira medida é usar o freio-motor do seu veículo, reduzindo gradativamente as marchas. Até nos carros automáticos isso é possível. A diminuição de velocidade será significativa, mas não suficiente para estancar o carro. Então, simultaneamente, puxe o freio de mão, sem desapertar o botão. Ao contrário do freio do pé, que distribui a freada em todas as rodas, o freio de mão aciona somente os freios traseiros, e muitas vezes com intensidades diferentes entre as rodas. Isso pode provocar um rodopio. “Então, é importante manter o dedão no botão do freio de mão e, gradualmente, sentir como o carro está agindo. Compense as escapadas com o volante, mas sem movimentos bruscos. Não deixe que a alavanca do freio trave num determinado ponto, nunca”, orienta o jornalista automobilístico Arnaldo Keller. “E somente em último caso recorra a uma raspada num barranco ou guard-rail. Você pode fazer isso quando o carro já estiver devagar”, completa ele.
EVITE: O melhor é simular essa situação num ambiente sem tráfego ou perigos à volta. Reduza as marchas – em câmbio mecânico ou automático – e sinta o freio de mão, sempre lembrando de nunca tirar o dedo do botão para que ele não trave. Sorte que, nos carros modernos, é quase impossível de se perder o freio, desde que, é claro, você mantenha a caranga em ordem, com manutenções periódicas.
Você é pé frio?
A hipotermia me pegou de jeito, não tenho mais energia para gerar calor.
COMO LIDAR: Num quadro de hipotermia, o corpo treme sem controle e as extremidades começam a ficar rochas. Identifique o motivo: você sente frio por causa do vento gelado, porque está fraco e esgotado fisicamente, ou porque a roupa suada está resfriando seu corpo? Reconhecidos os motivos, tente isolá-los. Tirar a roupa molhada e se cobrir com uma manta térmica ou capa de chuva já criará uma camada de vapor quente que ajudará no isolamento térmico. Em seguida, recorra às fontes externas de calor: esquente água para um chá e para encher as garrafas disponíveis, e as coloque dentro de seu saco dormir. É o que costuma fazer o montanhista e parapentista brasileiro Rodrigo Raineri para encarar a friaca na alta montanha.
EVITE: Não espere começar a tremer descontroladamente para fazer algo a respeito. Quanto pior o grau de hipotermia, mais difícil será revertê-lo. Às vezes, é melhor até bivacar enrolado na própria barraca do que andar à procura de um local mais apropriado para montar o acampamento. Saia sempre preparado para o frio, principalmente se estiver indo para a montanha, onde as condições climáticas mudam rapidamente. Um cobertor térmico de emergência é leve, barato, e pode salvar sua vida. Deixe sempre um no cantinho da mochila. E tente se alimentar, para dar forças ao corpo para reagir.
Você tomou um caldo em um refluxo traiçoeiro?
Um buraco na água é o pior lugar para se entrar.
COMO LIDAR: “Em águas brancas, os refluxos geralmente são formados logo após uma queda d’água, ou quando o rio passa por cima de uma pedra. Isso provoca um movimento contrário ao fluxo normal da água, gerando uma turbulência que pode ser sentida até a superfície”, explica o instrutor de rafting Sergio Prieto. Refluxos em diagonal e refluxos em forma de “U” são fáceis de ser transpostos. O primeiro joga a pessoa em direção à corrente mais forte, ou seja, a tendência é você ser expelido. O segundo tem “portas” laterais, ou seja, não oferece resistência. Já nos refluxos fechados, aqueles em forma de “V”, a maneira mais fácil é tentar sair pelo fundo. Nade contra a correnteza e deixe a corrente contrária te levar para o fundo, e você estará livre. Existem ainda os refluxos retos, formados muitas vezes após barragens e represas. Visualmente, ele é um refluxo perfeito, mas para quem está preso nele, a sensação é de pesadelo. Caso se pegue preso num desses, procure as laterais. Se sentir que ainda está difícil, nade para o fundo, pois a corrente é mais forte no sentido normal do rio, e você será cuspido. Nem assim? Meus pêsames então.
EVITE: Antes de descer qualquer fio d’água, procure se informar. Rios modificados pelo homem costumam ter mais refluxos retos, ou seja, os menos gentis. Lembre-se também que, tanto no rafting quanto no caiaque, o “scout”, ou um detalhado estudo de corredeira, observando o caminho mais seguro, é fundamental. Use sempre colete e capacete. São itens de segurança que ainda facilitam um possível resgate.
Você desidratou e não encontra água por perto?
A calma é fundamental.
COMO LIDAR: A situação é difícil e muito perigosa. A conduta depende do ambiente onde você está (mar, selva, deserto etc.), da gravidade e da possibilidade de resgate. Segundo o doutor Clemar Corrêa da Silva, neurocirurgião e especialista em Medicina Esportiva e Medicina em áreas remotas, se o ambiente for quente, o melhor é procurar diminuir ao máximo a atividade física e a exposição ao calor e ao sol. Tente esfriar o corpo em rios e cachoeiras, mesmo que a água seja suja. Não coma nada quente. A ingestão de água de origem duvidosa (contaminada) é muito perigosa, pois pode causar diarréia e vômitos e agravar seriamente a situação. Procure frutas, água coletada em bromélias, superfície de folhas e mesmo dos chamados “cipós d’água”. Tomar água de vísceras de animais mortos, como divulgado em reality shows, é perigosíssimo. Nunca beba água do mar, nem em pequenas quantidades. A urina, embora contenha água, contém também metabólitos perigosos nessa situação extrema. Segundo especialistas, a ingestão de urina é aceitável apenas em pequenas quantidades e no início da sede. De acordo com Bear Grylls, apresentador do programa À Prova de Tudo, do Discovery Chanell, se você estiver em um lugar inóspito procure por áreas com vegetação ou sombras; sua chance de encontrar água nelas é muito maior.
EVITE: Lembre-se de levar água sempre que sair para fazer uma atividade ao ar livre – não conte somente com água de rios (pode ser que eles estejam secos ou sujos). A quantidade aconselhada pelos nutricionistas é de 500 ml por hora. O ideal é ingerir água com sais minerais e eletrólitos, então leve também suplementos desse tipo, em pastilha ou em pó. Alimentos salgados ajudam a reter líquido, o que é bom em situações em que você tem menos água do que o que ingeriria normalmente. Beba antes de ter sede: quando a sede bate, é porque você já está desidratado.
O piloto do seu avião sumiu durante o vôo?
Como eu faço para aterrissar esse joça em segurança?
COMO LIDAR: Ao contrário de um Airbus ou de um Boeing, aviões menores, como o Cessna, não possuem comando autoland (aterrissagem automática). Se o piloto tiver qualquer problema durante o voo, você terá que pousar no braço. No entanto, para voo nivelado, o Cessna possui piloto automático. Use então esses minutos no ar para fazer contato através da frequência internacional de emergência (121,5 MHz em VHF). Pilotos que estarão sobrevoando a mesma área podem passar informações valiosas, como pistas, estradas e até um pasto para pouso de emergência. Fique longe das nuvens. Afaste o piloto incapacitado, e o amarre com um cinto de segurança, para que ele, involuntariamente, não atrapalhe ou interfira em seus comandos. Lembre-se que as chances de um pouso duro são grandes. Informe-se sobre a velocidade de aproximação. Caso não a descubra, a dica é baixar o trem de pouso e perceber quando o avião começa a tremer. “Você sentirá os comandos moles”, diz o comandante Guido Jannuzzi. Significa que atingiu a velocidade de estol, ou seja, de perda de sustentação. “Quando isso ocorrer, dê mais potência ao motor, e mantenha a velocidade no limite. Já próximo ao solo, puxe o manche para levantar o nariz do Cessna e, primeiramente, tocar o solo com o trem de pouso principal”, completa Guido. Finalmente, se belisque para ter certeza de que ainda está vivo. Então comemore.
EVITE: Fique em dia com o seu anjo da guarda.
Reportagem publicada originalmente na revista Go Outside