Ter a liberdade de explorar novos caminhos, seja na poeira ou asfalto, é uma das grandes vantagens da gravel, bicicleta desenvolvida para andar em qualquer tipo de terreno e que não para de conquistar novos adeptos no Brasil.
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Em inglês, gravel significa “cascalho” – e esse é seu habitat natural, mas essas bikes adaptam-se perfeitamente a todos tipos de solo sem perder estabilidade e rendimento.
A modalidade surgiu há alguns anos nos EUA exatamente pela necessidade dos ciclistas de enfrentarem diferentes condições de terreno em uma mesma pedalada.
Em 2022, a gravel também fará sua estreia no Rocky Mountain Games (RMG), o maior festival de cultura e esportes outdoor do país. Serão três provas, com percursos de cerca de 50 km cada que misturam off road e asfalto.
O início será nos dias 2 e 3 de abril em Pedra Grande (SP). Depois, o evento passará pelas estradas vicinais de Campos do Jordão (17 e 18 de setembro) e Juquitiba (26 de novembro), no interior paulista.
No RMG, a gravel substituirá a prova de ciclismo de estrada. E sua característica híbrida promete ter a cara da nova edição do festival: uma prova democrática, divertida e desafiadora, que visa contribuir ainda mais para o crescimento desta vertente do ciclismo no Brasil.
“Com a gravel você faz praticamente tudo que faz com uma mountain bike – ou com uma bike de estrada – com apenas uma bicicleta”, conta Cleber Anderson, 55 anos, pioneiro em bike fit no Brasil e proprietário da loja Anderson Cycle Roots.
Entusiasta da modalidade, ele recentemente pedalou com sua gravel pelo Caminho da Fé, travessia de mais de 300 km entre Águas da Prata e Aparecida do Norte, em São Paulo. Antes de se jogar na aventura, ele gravou um vídeo ao canal do YouTube Pedaleria explicando algumas razões pelas quais vale a pena investir em uma gravel (assista abaixo).
Entre os pioneiros na divulgação da gravel no Brasil, também estão a capixaba Helena Carvalho Coelho e a catarinense Jessica Röpcke, ambas de 30 anos. Elas são as idealizadoras do canal Mulheres de Gravel (@mulheresdegravel) no Instagram, que compartilha histórias incríveis das praticantes e personagens desta modalidade no universo feminino.
“Focamos em trazer histórias de mulheres, contadas por mulheres, dando ênfase tanto ao protagonismo feminino, quanto a modalidade gravel e a relação das mulheres com a bicicleta”, conta Helena, que reside em Belo Horizonte e tem sua bike como principal meio de transporte.
Advogada, doutoranda e pesquisadora em mobilidade urbana por bicicleta, ela afirma que a versatilidade da gravel, garantindo segurança no asfalto, velocidade na estrada e liberdade para explorar novas trilhas, foi o que a atraiu para este mundo.
“No ciclismo me encontrei na gravel, que é a bike que uso para treinar tanto no asfalto quanto na terra. Gravel pra mim é movimento, é possibilidade de escolher o trajeto mesclando todos os tipos de terrenos. Pedalar de gravel me permite o encontro da cidade com a natureza, me desafia a ser uma ciclista forte no asfalto e com técnica na terra. Uma bicicleta versátil e completa”, diz Helena.
Tanto Helena como Jéssica acreditam que 2022 poderá ser um grande ano para a modalidade, tanto em termos de prova, quanto em lançamento deste tipo de bike. Mas, para elas, o principal entrave atualmente é que ainda não existem bicicletas de entrada no mercado, no sentido de preço acessível, como acontece com as mountains bikes, por exemplo, explica Helena:
“A gravel poderia ser uma bicicleta de entrada. Espero que o mercado melhore nesse sentido também. Para além disso, os desafios são inúmeros, ainda mais no universo feminino. Queremos trazer discussões importantes para todos, mas protagonizadas por mulheres”, diz Helena.
No início de novembro, Jéssica Röpcke, foi apenas uma das cinco mulheres dispostas a encarar os desafios do BikingMan, uma das provas mais desafiadoras do ultraciclismo mundial e que aconteceu pela primeira vez em solo brasileiro.
A disputa reuniu 67 competidores em Taubaté (SP), vindos de diversos países como Bélgica, França, Inglaterra, Alemanha, Suíça e Venezuela, em um trajeto desassistido de 1.000 km. No total, foram mais de 18.500 mil metros de altimetria acumulada que exigiram muito esforço dos atletas.
“No BikingMan pude mais uma vez sentir na prática toda a versatilidade e força dessa bicicleta. É uma bike que abraça múltiplos tipos de terreno e permite mais liberdade para quem gosta de se aventurar. Nosso asfalto não é totalmente liso e com essa bike além de conforto, podemos pedalar com mais segurança, evitando muitos furos de pneu por exemplo”, conta Jésssica, que conheceu a Gravel através do bikepacking. “Sempre gostei muito de acampar e pedalar, quando descobri que poderia unir as duas coisas logo fui atrás para descobrir qual é a bike ‘ideal’ para esse tipo de aventura”.
“Já a ideia de criar a página (Mulheres de Gravel) surgiu através de uma inquietação minha e da Helena sobre a representatividade de mulheres na modalidade. Até então só existiam páginas administradas por homens e por consequência sem a presença de mulheres nos conteúdos e lugares de fala. Como mulheres e ciclistas esse espaço vazio incomodava e resolvemos criar a página para dar voz e espaço para outras mulheres compartilharem suas vivências com a Gravel, criando assim uma comunidade”, finaliza a ciclista de Blumenau.
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Vantagens da gravel:
1# Explore todos os caminhos
Enquanto os pneus e guidão passam a falsa de impressão de ser uma road bike, as medidas mais avantajadas entregam o seu conforto. Isso permite que você pedale no asfalto, terra e até em single tracks sem perder estabilidade e rendimento.
2# Cicloviagens e afins
Não é à toa que a gravel tornou-se a escolha de muitos ciclistas para cicloviagens e bikepackings. Essa versatilidade tem agradado aos mais variados perfis, já que elas são seguras, leves e ferramentas perfeitas para diferentes estilos, distâncias, terrenos e tudo que envolve aventura no pedal.
3# Abuse da sua gravel
Se você tem o hábito de cuidar da sua bicicleta como um bebê, ficará feliz em saber que a gravel aguenta um pouco mais de pancada. As “bicicletas de cascalho” foram projetadas para serem mais resistentes e pilotadas em condições menos que perfeitas como lama, sujeira, estradas esburacadas e terrenos acidentados.
4# Diferentes tipos de pneus
A maioria dos modelos de gravel tem uma grande folga para os pneus que você simplesmente não encontrará em uma bicicleta de estrada tradicional ou MTB. Na maioria dos casos, você pode praticamente colocar qualquer tipo de pneu de bike em sua gravel.
5# Ótimos freios
As gravels costumam ser equipadas com freios a disco hidráulicos, oferecendo melhor resposta em superfícies irregulares.
6# Emoção do MTB, conforto de estrada
O gravel é uma modalidade que tornou-se muito forte nos últimos anos, podendo ser considerada um meio termo entre o MTB e o ciclismo de estrada. Mas, enquanto as MTB foram projetadas para grandes inclinações, elas não são exatamente ideais para pedalar por longas distâncias. Além disso, elas são mais bem leves que as mountain bikes e possuem a mesma agilidade das bikes de estrada.
7# Segurança
Outra vantagem das gravel é fazer o ciclismo se arriscando menos. Em uma estrada de terra ou qualquer outro tipo de terreno não pavimentado há geralmente bem menos carros ao redor. E na terra você anda com mais estabilidade e conforto, muitas vezes até mais veloz do que os fumacentos.
8# Bike gravel é pura diversão
As bicicletas de gravel valem a pena simplesmente porque são divertidas! Com ela você pode ir a qualquer lugar, pedalar em qualquer estrada e desfrutar da aventura emocionante que escolher. Além disso, você pode aproveitar as infinitas oportunidades que surgem pelo caminho durante um pedal. É uma máquina da liberdade.
>> Se Iiga
Rocky Mountain Games 2022:
2 e 3 de abril: Pedra Grande (SP)
17 e 18 de setembro: Campos do Jordão (SP)
26 de novembro: Juquitiba (SP)
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Live Cyclist Talks nesta quinta-feira (2/12):
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