Encravada no arquipélago da Terra do Fogo, a região mais austral do continente sul-americano, a cidade de Ushuaia e seus arredores reservam sensacionais surpresas de verão de deixar qualquer amante da vida outdoor com ares de Ernest Shackleton
Por Erika Sallum, de Ushuaia*

O avião serpenteia por entre nuvens densas, e da janelinha não dá para ver nada além de um branco acinzentado típico de céu nublado. De repente lá estão elas, o último trecho de montanhas dos Andes, no extremo sul do continente, com seus picos nevados, imponentes e lindas, rodeando uma baía de oceano azul escuro pincelada de uns poucos barquinhos. Alguns minutos mais tarde, surge a surpresa: Ushuaia! Não tão pequena quanto imaginei, porém também não tão grande o suficiente para tirar da cabeça a principal informação naquele momento – sim, estamos chegando ao “fim do mundo”, à “cidade mais austral do planeta”, como os argentinos gostam de chamar o canto mais remoto de seu país.

ILUMINADO: O farol Les Eclaireurs, no Canal Beagle (Foto: Johnny Mazzilli)

Ushuaia é mítica em muitos sentidos, especialmente devido à sua localização geográfica que faz bater mais forte o coração de qualquer aventureiro ou amante da vida outdoor. Capital da província da Terra do Fogo, fica a longínquos 3.171 km de Buenos Aires, nesse arquipélago separado da Argentina pelo famoso Estreito de Magalhães – citado até em Os Lusíadas, de Camões, e navegado pelo português Fernão de Magalhães em 1520. Encontra-se às margens do estreito ou canal de Beagle, batizado em homenagem ao navio comandado pelo capitão inglês Robert FitzRoy (sim, esse mesmo), que levou a bordo ilustres como o compatriota Charles Darwin. Mais ao sul está o Cabo Horn e a temida Passagem de Drake, que separa a América do Sul da Antártica e é conhecida por ter as piores condições marítimas do mundo. E, por fim, é ali que os oceanos Pacífico e Atlântico se unem. É ou não é uma longa lista de atrativos?

Por essas e (muitas) outras razões, visitar a região de Ushuaia é mergulhar em uma viagem rara, única, daquelas em que você pode bater no peito e dizer “eta, que sorte”. Não estamos, no entanto, na Patagônia clássica dos glaciares, encontrados em outras províncias, como a de Santa Cruz (onde ficam belezas como o glaciar Perito Moreno). Aqui na Terra do Fogo, as montanhas não têm a altivez de um Fitz Roy ou de um Aconcágua, porém compõem paisagens inesquecíveis e únicas, com seus vales, lagoas de degelo e campos que, no verão, ganham tons de verde e terra seca. A estação mais quente do ano, aliás, é uma ótima época para conhecer Ushuaia e seus arredores, quando as temperaturas ficam em uma média de 10º C, com alguns (pouquíssimos) dias em que podem chegar a 18º C ou mesmo 20º C. É também no verão que os dias se tornam deliciosamente longos, começando por volta das 5h30, com por do sol bem depois das onze da noite.

ROLÊ: Montain bike pela região (Foto: Rogelio Espinosa)

Que fique claro que se está visitando uma terra de extremos. Raros são os dias em que o sol dá as caras da manhã até a noite. Os moradores de Ushuaia costumam dizer que por ali há apenas uns cinco dias ensolarados por ano. O resto é uma complexa mistura de sol, vento congelante, chuva fina, por vezes forte, céu nublado de um lado e totalmente aberto do outro. E tudo pode mudar em questão de segundos. Isso, no entanto, não torna a viagem menos prazerosa. A natureza é a grande estrela da jornada, e é ela que decide quando e como você pode visitar cada atração. Respeitá-la e saber admirar seus caprichos faz parte essencial do jogo.

Hoje com cerca de 57 mil habitantes, Ushuaia expandiu-se impressionantemente nos últimos tempos, graças a obras de infraestrutura como o Aeroporto Internacional de Ushuaia – Malvinas (como os locais chamam as ilhas Falklands). Assim ficou mais rápido chegar “ao fim do mundo” do que, por exemplo, a outros trechos da Patagônia onde é preciso, além de voar, passar longas horas em vans e balsas até o destino final. Se por um lado as melhorias trouxeram inegáveis vantagens aos viajantes, como transporte mais eficiente e mais conforto para desbravar uma região bastante fria, também possuem um lado não tão positivo: navios e ônibus repletos de turistas, que dão a esse ponto isolado da Terra um ar menos “rústico” que o desejado. Mas não se deixe levar pelas primeiras impressões. Sabendo escolher, dá para conhecer a Terra do Fogo em sua plenitude, seja remando em lagoas de águas geladas e cristalinas, fazendo trekkings por florestas de vegetação riquíssima, sobrevoando as montanhas de helicóptero ou apenas apreciando uma saborosa merluza negra ou centolla locais.

A cidade de Ushuaia, em si, não é exatamente encantadora do ponto de vista arquitetônico e urbanístico. Os salários mais atrativos pagos por lá têm levado hordas de argentinos de outras províncias a se mudar para a região. Como resultado, o desenvolvimento vem acontecendo de forma pouco ordenada, e há quem lamente a perda da atmosfera de vilarejo que existia até pouco tempo atrás. Porém nada disso tirou dela sua atmosfera de mistério e isolamento, muito menos estragou o prazer de passear por suas ruazinhas e comer um alfajor em uma das várias docerias, enquanto se espera pela próxima aventura outdoor a poucos quilômetros do centro.

FRIACA: Mergulho na região da Terra do Fogo (Foto: Johnny Mazzilli)

As aventuras no fim do mundo são inúmeras, nem sempre baratas, mas que cabem no orçamento de diferentes tipos de viajantes. Se possível, reserve ao menos uma semana para conhecer esse pedaço da Terra do Fogo que, diz a lenda, ajudou a inspirar Julio Verne a escrever O Farol do Fim do Mundo, lançado em 1905. A seguir algumas rolês que você pode fazer por ali, conferidos de perto pela Go Outside no final de novembro, quando milagrosamente se deram alguns dos dias mais ensolarados do ano todo. Para nós, brasileiros, o melhor de tudo é que o fim do mundo fica logo ali, pertinho.

PARQUE NACIONAL TERRA DO FOGO

A Patagônia, tanto a chilena quanto a argentina, é salpicada de alguns dos mais maravilhosos parques nacionais do mundo, incluindo famosos do porte do Parque Nacional Torres del Paine e outros menos conhecidos, porém tão lindos quanto, a exemplo do Parque Nacional Queulat (onde fica a mais extraordinária geleira suspensa do continente). Entretanto o Parque Nacional Terra do Fogo traz atrativos únicos, abrigando bosques, lagos e rios de tirar o fôlego, além de servir de morada para albatrozes e outras aves típicas. É o parque argentino mais ao sul do continente e se localiza a apenas 10 km de Ushuaia.
Enquanto os ônibus de turistas quase sempre estacionam nas mesmas paradas, tente visitar o parque de forma mais exclusiva. No meu caso, fiz um leve, porém belíssimo passeio de remo pelo lago Roca, com águas tão cristalinas e frias como as de uma cachoeira invernal. O lago é cercado de montanhas nevadas, desembocando no igualmente lindo rio Lapataia. O passeio, organizado pela agência Antartur (antartur.com.ar), ainda inclui um almoço simples em uma tenda geodésica e um curto trekking de 7 km pelos bosques do parque. Não espere grandes desafios esportivos – aqui a atmosfera é mais de contemplação. Mas há diversas agências locais que oferecem roteiros de caiaque mais radicais, especialmente fora do parque, pelo Canal Beagle.

MUNDO ANIMAL: Leões-marinhos relaxando (Foto: Johnny Mazzilli)

Durante a remada, as águas do rio se encontram com o oceano, e com sorte você pode ver centollas, crustáceos enormes que habitam as águas frias do Pacífico e são uma das iguarias da região. A sorte, aliás, estava conosco em nossa embarcação para oito pessoas: além do dia claríssimo e sem nuvens, deu para espiar, ainda que brevemente, um solitário leão-marinho brincando no mar. Se puder, leve um binóculo, para apreciar mais de perto aves como o cauquén marino, símbolo desse parque.

O Parque Nacional da Terra do Fogo conta com alguns espaços para camping, além de trilhas determinadas pela administração para quem curte mountain bike. É possível fazer passeios por conta própria, e brasileiros pagam uma tarifa menor, do Mercosul, para entrar (130 pesos argentinos, ou cerca de R$ 28). No total, há mais de 40 km de trilhas sinalizadas
Nos finais de semana e nos longos dias de verão, costuma haver filas grandes de carro na portaria, por isso se programe para chegar cedo, antes dos locais.

CANAL BEAGLE
Com aproximadamente 240 km de extensão, o canal ou estreito de Beagle separa ilhas do arquipélago e conecta os oceanos Pacífico e Atlântico. É o passeio clássico de quem visita Ushuaia, e por lá existem vários tipos de roteiro. Uma das grandes atrações nos meses mais quentes – especificamente entre novembro e abril – é ver de perto os leões-marinhos e pinguins que habitam ilhotas próximas, por isso pergunte antes para sua agência quais exatamente os pontos em que a embarcação vai parar durante a navegação.

Por conta do frio que impera na região, os barcos turísticos que cruzam o Beagle costumam ser confortáveis, bem aquecidos, quase sempre com uma lanchonete a bordo. Mas não esqueça de levar roupas quentinhas e uma boa jaqueta para aguentar o vento mais gelado de sua vida, para quando você quiser deixar a cabine e caminhar pelo convés.
Naquele fim de novembro, quem nos acolheu foi o catamarã Tolkeyen ( 1.500 pesos argentinos, ou cerca de R$ 315). No total, navegamos mais de cinco horas explorando o canal, com sua paisagem dramática que mistura montanhas, ilhotas e muita fauna. A primeira parada é a ilha dos Pássaros, onde vive uma imensidão de aves locais como os cormoranes magallánicos e os cormoranes imperiales. Os passageiros não podem descer do barco, mas mesmo assim dá para apreciar a beleza desses animais que, de longe, lembram pinguins. Pouco depois, uma das surpresas do dia: uma ilhota repleta de adoráveis leões-marinhos. Gorduchos, preguiçosos, ficam dando gritinhos engraçados e empurrando uns aos outros, em uma sinfonia que faz parecer que você está dentro de um programa da National Geographic.

Outra pérola do passeio é o farol Les Eclaireurs, colocado ali no meio do nada em 1920 e conhecido pelos argentinos como “o farol do fim do mundo” (claro!). Tire uma bela foto e poste, para seus amigos babarem de vontade.

FAUNA: Uma raposa patagônica (Foto: Johnny Mazzilli)

No final da viagem de ida, eis o momento mais esperado: a ilha Martillo, ou “Pinguinera”, para onde bandos de pinguins rumam para se reproduzir. Há roteiros que vão por terra e nos quais os visitantes podem descer na pequena ilha para ver de perto esses animais sensacionais. No caso do Tolkeyen, tivemos de nos manter a bordo. Mesmo assim, valeu a pena demais – talvez seja uma das mais “fofas” cenas que você verá em toda a sua vida. Os pinguins começam a chegar ali em outubro, para se reproduzir e trocar de plumagem. A maioria, porém, não tem a pelagem dos pinguins da sua imaginação: ali, dominam os chamados pinguins-de-magalhães, apenas pretos e brancos, porém igualmente lindos.
No retorno a Ushuaia, aproveite para se aquecer do frio, ler um bom livro dentro do barco ou tomar uma cerveja roja Beagle, feita na região.

SOBREVOO DE HELICÓPTERO

Passeios de helicóptero em viagens de natureza costumam ser caros demais – e rápidos demais. Porém se você tiver uma grana extra para ver do alto toda a plenitude de Ushuaia e suas montanhas, não hesite um só momento. Dê-se de presente esses poucos menos de 40 minutos que jamais sairão da sua memória. Com certificado de excelência dado pelo site Tripadvisor em 2016, a HeliUshuaia (preço sob consulta) é uma empresa de confiança que oferece voos para diferentes lugares da região, em geral em uma aeronave pequena onde cabem três turistas.
Eu e o grupo com quem estava fomos convidados para fazer um sobrevoo pela cidade, com direito a uma parada breve, porém magnífica, em um dos cerros das redondezas, o Le Cloche. Assim que se levanta voo, a certa sensação de aflição dentro do diminuto helicóptero logo é substituída por uma forte emoção ao ver de longe casinhas, barcos grandes e pequenos, o famoso presídio-museu de Ushuaia e, ah!, os Andes… como são majestosos e, pasme, bastante verdes nesta época do ano.

No voo de volta à terra firme após o pouso no cerro, uma visão surreal: uma das muitas embarcações naufragadas da baía de Ushuaia, totalmente enferrujada, gigantesca, de onde saem centenas de pássaros brancos, em uma revoada fantástica rumo a um céu tão azul que arrepia a alma. O tal fim do mundo é mesmo surpreendente.

LAGOS FAGNANO E ESCONDIDO EM 4 X 4

A região de Ushuaia possui dimensões bastante consideráveis, porém é conectada por uma boa infraestrutura de estradas. Uma ótima maneira de conhecer algumas atrações-chave é passar um dia em um jipe 4 x 4, de preferência rumo a duas jóias locais: os lagos Escondido e Fagnano.

O passeio começa cedinho e dura praticamente o dia todo. O veículo deixa Ushuaia pela famosa Ruta Nacional nº 3, que percorre a Argentina de norte a sul, em mais de 3.000 km de extensão. Vales glaciares (sem muita neve nesta época do ano) e trechos do rio Olivia podem ser vistos de dentro do jipe. A primeira grande atração é o mirante do Paso Garibaldi, trecho que cruza a cordilheira e de onde se pode admirar de longe, lá de cima, a vastidão do lago Escondido (que tem esse nome por estar encravado bem no meio dos Andes) e do lago Fagnano. A partir daí, o carro começa uma descida íngreme até uma parada à beira do Escondido, com suas águas claríssimas. Nesse curto intervalo para um lanche, tente se desvencilhar de seu grupo e caminhar sozinho perto do rio, para sentir a energia da natureza, ouvir o vento, jogar gravetos na água e respirar o ar mais puro de sua vida.

Depois de cerca de uma hora de jipe, é a vez do dramático lago Fagnano, que mais parece um mar, pelo tamanho e por suas ondas grandes formadas pelo fortíssimo vento fueguino.
Um dos momentos mais interessantes do passeio organizado pela agência Tierra del Fuego Aventura (2.200 pesos argentinos ou R$ 460 reais) não está, porém, no “outdoor”, mas sim em um almoço tipicamente patagônico, preparado pelo argentino Mario Cornejo. Esbanjando vitalidade e sabedoria, este simpático senhor grisalho é dono de uma propriedade nas redondezas, onde construiu uma cabana aquecida a lenha. Em sua churrasqueira, ele prepara não apenas carnes suculentas, mas quitutes típicos como pimentão vermelho recheado de ovos pochê.

Como o dia é longuíssimo no verão, após as quase sete horas de passeio, ainda dá tempo de zanzar pela cidade e jantar em algum dos muitos restaurantes de Ushuaia – uma ótima pedida é a taverna Ramos Generales, de decoração charmosa e que serve bons vinhos e sopas.

TREKKING DA LAGUNA ESMERALDA

Entre as muitas belezas escondidas de Ushuaia, a lagoa Esmeralda está entre as de melhor “custo-benefício”: seu acesso é tranquilo, por uma caminhada de menos de três horas totais, que pode ser feita sem agências (porém muitas oferecem o roteiro). E vale cada passo na fofa vegetação chamada turbal, que só aparece no verão, ficando completamente coberta de gelo no inverno.

Localizada a cerca de 40 km da cidade, a trilha é muito bem sinalizada. Não exige ótimo condicionamento físico durante seus 9,6 km (ida e volta), mas há trechos de muita lama nos meses quentes – se der, vá de botas impermeáveis ou corre o risco de ficar sem o tênis. Pelo caminho, você pode observar as infames castoreras, espécies de diques construídos por castores trazidos da América do Norte há mais de 70 anos em uma tentativa de criar um mercado de pele. Sem predadores locais, os animais invasores se reproduziram rapidamente. Para se proteger de inimigos, eles corroem árvores e represam trechos de águas, construindo impressionantes – e devastadoras – piscinas. Estas, por sua vez, mudam cursos de rios, interferem no habitat de outros bichos e têm impactado de forma muito negativa a fauna e a flora da Patagônia.

Se no começo o trekking até a Esmeralda corta um bosque fechado, dali a pouco se abre para um vale cercado de montanhas nevadas e enfeitado por um rio com quedas d’água de degelo que exalam toda a beleza da região. Basta acompanhar o rio que se chega à lagoa – que, claro, ganhou esse nome por suas águas verdejantes que ganham tons ainda mais brilhantes em dias de sol.

Antes de sair batendo fotos e fazendo uma infinidade de selfies, pare, respire e observe essa paisagem rara. Sente-se na beira da laguna, admire a água cristalina, toque-a para ver o quanto é gelada. Depois feche os olhos, ouça o vento, sinta o cheiro de mato. Não sei se por coincidência ou se é algo comum, a lagoa estava praticamente vazia naquele fim de tarde (ainda bastante ensolarado). Se acontecer o mesmo com você, não perca essa oportunidade de curtir o esplendor da Terra do Fogo só para si – por isso, deixe o celular para depois.

ONDE FICAR

Acompanhando o crescimento de Ushuaia, uma boa rede de hostels e hotéis vem se consolidando na cidade. Há opções para muitos tipos de bolsos e gostos. Para mochileiros, uma boa opção é o Antarctica Hostel (a partir de US$ 21), indicado com louvor por guias consagrados de backpackers como o Lonely Planet.

Agora, se o orçamento permitir, considere seriamente ficar no novíssimo hotel Arakur (a partir de US$ 240). Inaugurado em julho de 2014, com 117 quartos, se localiza no topo de uma colina a 250 metros do nível do mar. Por causa disso, os quartos da frente oferecem uma visão panorâmica da baía de Ushuaia. Seus donos, engenheiros argentinos, aproveitaram as rochas e terra da própria colina para construir parte da estrutura. Se por fora o hotel é discreto, por dentro conta com uma decoração charmosíssima, de extremo bom gosto, com muita madeira, rochas e móveis de design contemporâneo.

Boa parte dos quartos conta com banheira (com parede de vidro, possibilitando o banho admirando a baía) e pequenos luxos, como um sistema de alarme que abre delicadamente as cortinas na hora marcada, ao som de uma música feita para o Arakur. O restaurante do hotel, o La Cravia, conta com um buffet saboroso (palmas para as sobremesas de dulce de leche), além de opções à la carte. Outro ponto bem positivo: a construção foi erguida em uma grande reserva, onde é possível caminhar ou correr, ver cavalos selvagens e passar um tempo saboreando a visão de Ushuaia lá embaixo.

A Alcatraz austral

No começo do século 20, mais exatamente em 1902, Ushuaia recebeu um presídio militar que se tornaria por muitas décadas o principal marco da cidade. Hoje convertido em museu marítimo e da prisão, essa “Alcatraz” austral recebeu criminosos famosos, como o escritor argentino Ricardo Rojas, detido por discordar do regime político de seu tempo.

O prédio está em impecável condição e, apesar de ser um programa um tanto fúnebre, pode render uma tarde agradável se o dia lá fora estiver tensamente chuvoso. É possível entrar nas celas e até sentar nas camas que foram de presos como Mateo Banks, “El Místico”, um dos primeiros serial killers famosos do país.

A pequena lojinha do museu vende o de sempre: pinguins de pelúcia, alfajores, ímãs de geladeira celebrando “el fin del mundo” e geléias – não deixe de levar a de calafate, frutinha patagônica que dá nome a uma cidade na província de Santa Cruz.

* A jornalista Erika Sallum viajou a Ushuaia a convite do hotel Arakur Ushuaia, do Instituto Nacional de Promoción Turística (INPROTUR) e do Instituto Fueguino de Turismo.







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