Filipe Toledo conquista título do Mundial de Surf da WSL após decisão 100% brasileira

Por Redação

filipe toledo

Pelo segundo ano consecutivo, o WSL Finals foi encerrado com uma decisão brasileira e, dessa vez, Filipe Toledo conquistou seu primeiro título mundial. Ele ganhou de 2 a 0 a melhor de três baterias contra o campeão de 2019, Italo Ferreira, que derrotou os outros três concorrentes nas ondas de Lower Trestles na última quinta-feira (8).

Foi o mesmo placar da final feminina, com Stephanie Gilmore vencendo seu oitavo título por 2 a 0 contra a pentacampeã Carissa Moore. A australiana disputou todas as cinco baterias do WSL Finals, deixando a brasileira Tatiana Weston-Webb em quarto lugar no ranking final da temporada 2022.

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“Quem está perseguindo seus sonhos, continue porque vale a pena”, disse Filipe Toledo. “É difícil, você cansa, tem muitos altos e baixos, mas você pode conseguir. Esse título é para o Brasil, para minha família e para todos vocês aqui. Em primeiro lugar, quero agradecer a Jesus, pelo que fez em toda a minha vida. Eu mantive a calma com a ajuda do cara lá em cima. Ontem à noite, tivemos um momento com o Pastor John, Terry, minha esposa, toda a família e duas palavras que ele nos disse foram: paz e poder. Foi isso que eu tive o dia todo hoje e estou muito feliz por conseguir realizar meu sonho”.
Filipe Toledo ao lado de Stephanie Gilmore, octacampeã mundial. Foto: Beatriz Ryder / WSL.

Os Top 5 e as Top 5 nos rankings das dez etapas do World Surf League Championship Tour, competiram no sistema mata-mata do WSL Finals inaugurado no ano passado, nas mesmas ondas de Lower Trestles, na Califórnia, Estados Unidos. Filipe Toledo também enfrentou e derrotou Italo Ferreira na estreia deste formato para decidir os títulos mundiais. Depois, Filipe perdeu as duas primeiras finais na decisão brasileira com Gabriel Medina, que entrou para o seleto grupo de tricampeões em 2021.

O WSL Finals deste ano, começou com uma reedição da final olímpica e o medalha de ouro, Italo Ferreira, derrotou Kanoa Igarashi como nos Jogos de Tóquio. O potiguar usou os aéreos e manobrou forte para liquidar o japonês por 13,37 a 11,80 pontos. Depois, passou por Ethan Ewing por 13,10 a 11,83 e pelo também australiano Jack Robinson, quando mandou até três aéreos numa mesma onda para ganhar por 16,10 a 13,30. Essa vitória já garantia o vice-campeonato mundial para Italo Ferreira, que chegou na Califórnia em quarto lugar no ranking das dez etapas do WSL Championship Tour 2022.

Filipinho rasga com pressão nas direitas de Trestles, Califórnia. Foto: Pat Nolan / WSL.

DECISÃO DO TÍTULO

Nas baterias que decidiram o título mundial, Filipe Toledo usou todo o seu arsenal de manobras progressivas e inovadoras nas direitas de Lower Trestles. Ele mora em San Clemente e sempre surfa nessa praia, então conhece a onda melhor do que o potiguar. Italo até fez a maior nota da primeira bateria, com um aéreo incrível que ganhou nota 8,00. Só que Filipe já tinha somado 7,50 com 7,63 e venceu por 15,13 a 14,97 pontos.

Isso quase se repete na segunda final. Mas, quando Italo conseguiu 8,60 em outra esquerda na última onda que surfou, Filipe respondeu com 8,67 detonando uma direita com um ataque impressionante, variando batidas e rasgadas executadas com muita pressão e incrível velocidade. Ele já tinha conseguido 7,83 na onda anterior e sacramentou seu primeiro título mundial por 16,50 a 14,93 pontos. Os dois se abraçaram dentro d´água e Filipe fez a festa com a torcida, que lotou a praia na quinta-feira.

“Foi um dia incrível”, disse Italo Ferreira. “Estou muito agradecido pela oportunidade de disputar mais um título. Eu tenho ficado entre os top-5 nos últimos anos e só desejo continuar sendo abençoado, com saúde e seguir sempre evoluindo. Estou muito feliz pelo Filipe (Toledo). Ele merece totalmente este título e fico muito contente também por ter chegado às finais hoje”.

Campeão mundial e 2019 e atual campeão olímpico, Italo Ferreira fica com o vice neste ano. Foto: Pat Nolan / World Surf League.

DOMÍNIO BRASILEIRO

O título de Filipe Toledo foi o quarto seguido do Brasil na World Surf League. A série começou em 2018, com Gabriel Medina ganhando seu segundo troféu de campeão mundial. Em 2019, Italo Ferreira foi o melhor do mundo na final brasileira com Medina nos tubos de Banzai Pipeline. Em 2020, o WSL Championship Tour foi cancelado por causa da pandemia e em 2021 Gabriel Medina venceu seu terceiro título em outra decisão verde-amarela, na estreia do formato mata-mata do Rip Curl WSL Finals.

Em 2021, pela primeira vez na história, o topo do ranking foi dominado pelo Brasil, com Medina em primeiro lugar, Filipe em segundo e Italo em terceiro. Foram seis títulos conquistados pelos brasileiros nos últimos 8 anos, com Medina ganhando o primeiro em 2014 e Adriano de Souza sendo o campeão em 2015. E para consolidar o domínio verde-amarelo, neste ano pela primeira vez cinco surfistas ficaram entre os top-10 do ranking, com Filipe Toledo em primeiro lugar, Italo Ferreira em segundo, Miguel Pupo em sexto, Caio Ibelli em oitavo e Samuel Pupo, o “Estreante do Ano”, em décimo lugar.

Stephanie Gilmore esbanja categoria e vence cinco baterias no dia final. Foto: Pat Nolan / WSL.

TÍTULO FEMININO

Na disputa do título feminino, quem fez história foi Stephanie Gilmore, que estava à vontade porque seu forte são ondas para a direita, como as de Lower Trestles na quinta-feira. É quando ela consegue mostrar a potência do seu frontside, fazendo grandes manobras e abrindo leques enormes de água com suas rasgadas e batidas destruindo as partes mais críticas das ondas. A australiana de 34 anos de idade, também mostrou muito preparo físico para vencer cinco baterias de 35 minutos em um só dia.

E as primeiras foram muito acirradas, sempre precisando mostrar o seu melhor para derrotar as surfistas bem mais jovens do que ela. A primeira vítima foi a costa-ricense Brisa Hennessy, que vencia com grande vantagem somando 7,00 e 7,33 em duas ondas seguidas. Stephanie conseguiu um 7,93 e no final da bateria induziu sua adversária a ir numa onda ruim, ficando com a melhor para ganhar 6,83. Com essa nota, virou o placar para 14,76 a 14,33 pontos.

BATERIA COM A BRASILEIRA

O segundo desafio foi com Tatiana Weston-Webb, vice-campeã mundial no Rip Curl WSL Finals do ano passado. A brasileira começou forte, massacrando uma esquerda com uma série de manobras potentes de frontside que arrancaram nota 8,00 dos juízes. Na sequência pegou uma direita, para usar seu backside vertical e somar 6,87. Stephanie falhou em suas primeiras ondas e na terceira conseguiu 6,50.

Aí a australiana encaixou nas séries e pegou duas ondas boas seguidas. Na primeira, ganhou 7,00 e a segunda foi a melhor dela, usando toda sua precisão nas manobras, para ir somando pontos em cada espaço da onda. Os juízes deram nota 8,30 e Stephanie Gilmore derrotou Tatiana Weston-Webb por 15,30 a 14,87 pontos, deixando a brasileira em quarto lugar no ranking final da temporada 2022 da World Surf League.

Contra a francesa Johanne Defay, a agora octacampeã mundial parecia mais confiante e escolheu bem suas primeiras ondas. Ela já começou com nota 6,33, contra 4,00 da surfista que chegou em Trestles na vice-liderança do ranking. Na segunda onda, Steph Gilmore usou muita força nas batidas e rasgadas, fazendo grandes arcos e alongando as manobras, para receber nota 8,83. Logo surfou outra no mesmo nível, que ganhou nota 8,00, vencendo a francesa por uma larga vantagem de 16,83 a 10,53 pontos.

Filipe Toledo no topo do mundo. Foto: by Beatriz Ryder / WSL.

BATALHA FINAL

Na primeira final com a havaiana Carissa Moore, não entraram muitas ondas, mas Stephanie Gilmore escolheu bem a sua primeira, que abriu a parede para atacar forte mais uma vez e ganhar nota 8,33. A defensora do título começou com nota 5,00 e a australiana respondeu com 5,27, que trocou pelo 6,67 da sua terceira e última onda. A havaiana só surfou mais uma, que valeu 5,90 e Stephanie largou na frente na batalha final do título, por 15,00 a 10,90 pontos.

Na segunda bateria, o roteiro se repetiu com a australiana sempre escolhendo as melhores ondas das séries que entraram durante os 35 minutos. A vantagem foi estabelecida logo nas primeiras que elas surfaram, com a da Stephanie ganhando 5,83, contra 5,17 da Carissa. Depois, Gilmore foi consolidando a vitória com o 8,00 recebido em sua terceira onda, 6,67 na quarta e 7,23 na quinta. O máximo que Carissa Moore conseguiu foi 6,80 e Stephanie Gilmore festejou seu oitavo título mundial por 15,23 a 11,97 pontos.

OCTACAMPEÃ MUNDIAL

“Realmente, não tenho palavras que possam descrever o que estou sentindo agora”, disse Stephanie Gilmore. “Estou muito orgulhosa por ter conseguido passar pela Brisa (Hennessy), a Tatiana (Weston-Webb) e a Johanne (Defay), as surfistas mais incríveis do mundo, junto com a Carissa (Moore), que na minha opinião, é a campeã real deste ano. Eu queria ganhar mais um título e foi muito legal porque foi contra a Carissa, a melhor surfista de todos os tempos, na minha opinião”.

Mas, na verdade, a maior surfista de todos os tempos é ela mesma. Stephanie Gilmore é a primeira a conquistar oito títulos, desde o início do Circuito Mundial Feminino em 1977. Ela estava empatada com a também australiana Layne Beachley, que foi campeã em seis anos seguidos, de 1998 até 2003. Seu sétimo e último título veio em 2006, antes de começar a hegemonia de Stephanie Gilmore, que foi a melhor do mundo em 2007, 2008, 2009, 2010, 2012, 2014, 2018, chegando ao inédito octacampeonato agora em 2022.

RESULTADOS DO WSL FINALS:

Masculino

Campeão: Filipe Toledo (BRA) – US$ 200.000
Vice-campeão: Italo Ferreira (BRA) – US$ 100.000
3.o lugar: Jack Robinson (AUS) – US$ 70.000
4.o lugar: Ethan Ewing (AUS) – US$ 60.000
5.o lugar: Kanoa Igarashi (JPN) – US$ 40.000

Feminino

Campeã: Stephanie Gilmore (AUS) – US$ 200.000
Vice-campeã: Carissa Moore (HAV) – US$ 100.000
3.o lugar: Johanne Defay (FRA) – US$ 70.000
4.o lugar: Tatiana Weston-Webb (BRA) – US$ 60.000
5.o lugar: Brisa Hennessy (CRI) – US$ 40.000







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