Muitas pessoas começaram a ter mais dores musculares na pandemia da Covid-19, o que pode acontecer por falta de exercícios físicos ou pelo maior tempo sentado em casa devido ao home office sem cadeiras e equipamentos apropriados. Mas a ciência aponta outro fator ligado ao aumento das tensões musculares durante epidemias e pandemias: transtornos psicológicos.
A Profa. Dra. Aliceana Menezes, do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), lembra de um estudo norte-americano sobre as emoções da Covid-19 que mostrou uma mudança no nosso estado emocional a partir do início da pandemia.
“Fomos mergulhados em uma situação de insegurança, monotonia, desmotivação, catastrofização, solidão, incerteza sobre o futuro e tantos outros que interferiram no sono, na alimentação, nas atividades físicas, laborais e de lazer”, explica.
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Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também mostrou que o fato de não conhecermos o novo coronavírus completamente e as informações falsas divulgadas sobre ele levaram à insegurança e ao medo na população. “Essas incertezas têm consequências em diversos setores, com implicações diretas no cotidiano e na saúde mental da população”, diz o estudo.
Aliceana diz que os transtornos psicológicos ampliam as tensões musculares e refletem em dores crônicas, por conta do estresse pós-traumático das crises sanitárias.
Como minimizar as dores musculares na pandemia?
Primeiro, é preciso entender em quais situações cotidianas as dores surgem ou aumentam e em quais locais do corpo aparecem. “Esse entendimento será uma importante informação para o profissional de saúde no momento da avaliação, pois algumas doenças podem estar relacionadas a dores musculares, que vão desde alguns traumas agudos ou decorrentes da própria repetitividade de movimentos, posturas inadequadas e até doenças sistêmicas e psicológicas, como depressão, ansiedade, estresses emocionais diversos”, explica a professora.
Reconhecer isso é válido para quem está trabalhando fora de casa também. Para aliviar as tensões, um primeiro passo é priorizar um tempo do dia para cuidar um pouco do corpo e da mente com atividades prazerosas. “Manter-se ativo é muito importante, pois nosso corpo foi programado para se movimentar e quando ficamos parados, acabamos por comprometer nossas estruturas e as tornamos menos funcionais”, indica a especialista.
Ajudam também os exercícios de alongamento muscular, de mobilidade articular, de força e de resistência, mesmo de curto tempo. E mudar de posição é essencial: se trabalha em pé, sente um pouco; se sentado, levante-se e caminhe um pouco. “Isso melhora nosso metabolismo e ajuda no bom funcionamento de todo o corpo”, finaliza.