Paciente renal que correu maratona com seu médico ganha documentário

Por Redação

Paciente renal André Foligno completa maratona
Imagem: Divulgação

Quem decide correr os 42 km de uma maratona sabe que planejamento, disciplina e foco são fundamentais para alcançar o objetivo, expondo o corpo a treinamentos rígidos. E quando esse corpo já enfrentou um transplante de rim e sessões de diálise? É possível colocá-lo à prova? O paciente renal paulista André Foligno, de 40 anos, mostrou que sim. E sua história de superação é contada no documentário “Sobre Viver”, que revela o caso raro deste paciente com insuficiência renal que adotou a corrida de rua como estilo de vida.

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De acordo com a equipe do documentário, não há nenhum registro na literatura médica, nem esportista, de um paciente renal que completou os 42 km de uma maratona. Até então, o único registro oficial é de um paciente renal britânico, que completou 30 km (o relatório do caso foi publicado na revista Hemodialysis Internacional em janeiro de 2023, assinado pelos médicos Sophie Kaarup, Henrik P. HANsen e Kristine Lindhard, do departamento de Nefrologia do Herlev Hospital, na Dinamarca).

Consultada pela equipe do filme de André, a Confederação Brasileira de Atletismo informou que também não tem registro de nenhum outro paciente renal a completar uma maratona.

O documentário dirigido por Rafael Pierini e Matheus Lopes, da produtora Red Cave, acompanha a trajetória de André do início do projeto até ele cruzar a linha de chegada da prova, realizada em 30 de julho de 2023, em São Paulo. Durante as gravações, a família do paciente destacou a força e a determinação dele para realizar um sonho que parecia impossível. Filho de um professor de educação física, André sempre gostou de praticar atividades físicas. Após descobrir a doença renal, aos 28, ele foi submetido a um transplante e, quatro anos depois, seu corpo rejeitou o órgão. André chegou a duvidar se poderia voltar a se exercitar como antes.

“Quando comecei a correr (com o intuito de suar e poder beber mais água) nem passou pela minha cabeça que a corrida se tornaria um estilo de vida, que me ajudaria tanto. E muito menos que eu conseguiria correr uma maratona. Me sinto orgulhoso e grato por ter a oportunidade de contar um pouco da minha história, de minhas lutas e vitórias. Espero que essa história consiga estimular pessoas em condições semelhantes a enxergar novas possibilidades para lidar com os problemas de forma mais leve e levar uma vida mais saudável”, diz André Foligno.

O paulistano segue na fila à espera de um novo transplante até hoje.

O filme estará disponível em breve no YouTube. Confira o trailer do documentário:

André correu ao lado de seu médico

O documentário “Sobre Viver” mostra também o empenho e a dedicação da equipe médica que começou a acompanhar André Foligno desde o início das sessões de hemodiálise. Ele conta que não teria conseguido realizar o projeto até o fim se não fosse o apoio do médico Bruno Piubelli Biluca, da Fênix Nefrologia, que se tornou seu parceiro nos treinos e correu ao seu lado durante a maratona.

“Foi ele que plantou essa ideia na minha cabeça e me deu total apoio, suporte e a segurança necessária para ir até o fim. Muitos fatores juntos contribuíram para o meu sucesso na prova, mas acredito que os principais foram a persistência e a determinação em seguir treinando mesmo quando tudo indicava que não seria possível. E poder contar com pessoas incríveis que compraram a ideia”, lembra André, que já planeja novos desafios.

“Quero correr uma ‘major’ e correr uma maratona após o transplante. Quero ser um maratonista transplantado”, afirma André.

O médico, por sua vez, ressalta que essa aproximação com André foi resultado da empatia e compaixão praticada por toda a equipe assistencial que trabalha com pacientes em diálise. Emoção, orgulho e senso de responsabilidade tomaram conta dos profissionais, pois a condição clínica dele para a prova dependia do atendimento multidisciplinar ao paciente.

“É impossível não haver um relacionamento com os pacientes que fazem diálise, principalmente com os que fazem diálise todos os dias. Brincamos que esses pacientes são os únicos que têm contato com o seu médico no mínimo três vezes por semana. No nosso caso, ainda temos a paixão pela corrida e esporte, o que possibilitou essa ‘aventura’”, diz o especialista.







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