Conheça as gêmeas do MTB brasileiro que querem brilhar na elite nacional

Por Redação

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Maria Luiza e Ana Beatriz Duwe dividem o pódio nas principais competições das categorias de base do mountain bike brasileiro. Foto: Reprodução / Aliança Bike.

Quem acompanhou o Tour de France viu uma cena inusitada logo na abertura: os gêmeos Adam (UAE Team Emirates) e Simon Yates (Jayco-Alula) lado a lado no pódio, como campeão e vice da primeira etapa.

Ao final, o campeão Adam não escondeu a alegria de estar ao lado do irmão. “Eu sabia que Simon estava indo bem. Nós nos falamos todos os dias, pois somos muito próximos. Compartilhar essa experiência com ele é muito bom!”, destacou.

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No mesmo fim de semana que terminou o Tour, a cena se repetiu, porém em São José do Campos, interior de São Paulo, durante o Campeonato Brasileiro de Mountain Bike.

As gêmeas Maria Luiza e Ana Beatriz Vargas Duwe (Valmor Hausmann/ Soul Cycles) ficaram, pela ordem, com o segundo e o terceiro lugar na categoria XCO Feminino Júnior. Assim como os irmãos Yates, as gêmeas de Blumenau, Santa Catarina, também adoram correr juntas e dividir o pódio.

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Família é o principal incentivo para a dupla brilhar no MTB. Foto: Reprodução / Aliança Bike.

Embora tenham aprendido a andar de bicicleta ainda pequeninas – elas lembram que as rodinhas foram tiradas após os 5 anos -, Maria Luiza e Ana Beatriz, 16 anos, começaram a pedalar com frequência em 2020 e a competir em 2021.

Durante a pandemia, para tirar as filhas de casa em segurança, os pais passaram a levar as irmãs gêmeas para os pedais que costumam fazer desde sempre. “A gente gosta de sair de bicicleta para apreciar paisagens bonitas, tomar um café diferente, estar com os amigos. Praticamos o pedal contemplativo”, explica Clendamara, mãe das meninas.

As meninas gostaram do programa e seguiam os pais. Até que no final de 2020, o pai, James Duwe, encaminhou as filhas para o Projeto Valmor Hausmann, uma escola de formação de ciclistas. “Ele queria que a gente ganhasse um pouco mais de destreza e habilidade com a bicicleta. Pra ser bem sincera, a gente não sabia nem fazer curva direito”, diverte-se Ana Beatriz. O que ninguém imaginava é o tamanho da empolgação que as meninas teriam com as manobras de MTB e o universo da bicicleta e que sairiam dali direto para competições.

Poucos meses depois o treinador convidou a dupla para praticar com os atletas da equipe. “Eu só ficava pensando o que estava fazendo ali, como eu ia andar com aquelas meninas que saltavam, empinavam a bicicleta. Era um misto de medo e encantamento”, lembra Maria Luiza.

E algum tempo depois veio a primeira competição, o Campeonato Brasileiro de 2021. “A gente chegou sem ter nenhuma ideia do que era a dinâmica de uma prova. Eu via o Henrique Avancini passar e só pensava que estava na mesma prova que ele. Nossa, foi um nervoso tremendo”, conta Ana Beatriz, que não conseguiu finalizar a prova, pois o câmbio da bicicleta quebrou. Maria Luiza chegou em oitavo.

“A gente voltou para casa com a certeza do que queria e começamos o ano de 2022 treinando desde a base, com planilha e bastante foco”, conta Ana Beatriz. Vieram também mais provas e as conquistas começaram a chegar. Medalhas de ouro e bronze em competições regionais e um quarto lugar para Maria Luiza e sexto para Ana Beatriz no Campeonato Brasileiro de 2022.

Ao mesmo tempo em que as atletas evoluem, a família inteira também vai passando por um desafiador treinamento: como lidar com a competição entre filhas e irmãs? A questão parece bem mais complexa para quem está de fora da família. As irmãs garantem que a competição não faz parte da rotina delas.

“A gente nem pensa nisso, estamos juntas. A gente se ajuda, se incentiva. Quando uma percebe que uma tem mais chances ou que está melhor no ranking, a outra ajuda”, conta Maria Luiza, exatamente como Simon Yate fez com o irmão Adam nos últimos quilômetros do Tour. “Temos uma competição saudável e usamos isso para motivar a outra”, completa Ana Beatriz. A mãe não esconde a apreensão, especialmente em dia de provas, mas diz que esse tema é bem tranquilo dentro de casa. “Aprendemos a festejar a vitória e acolher as eventuais frustrações no mesmo dia”, conta a mãe.

O maior desafio para as irmãs gêmeas é mesmo conciliar o treinamento com a escola. O fato é que elas vivem um momento de puro encantamento com a bicicleta e não escondem o desejo de seguir carreira como atletas profissionais. Pensam em fazer faculdade em áreas que as mantenham próximas à bicicleta, como educação física ou fisioterapia. Estão bem focadas e, além dos treinamentos, que acontecem duas vezes por semana, elas são rígidas também com outros aspectos como descanso e alimentação.

As duas se divertem ao contar o efeito e estranheza que o lanche que levam para a escola causa nos outros alunos: pão, ovo, frutas, lasanha. Lasanha? “Sim, bem melhor levar uma lasanha do que um sanduíche”, explica Ana Beatriz. “Quando a gente almoça na escola, os colegas arregalam os olhos para o nosso prato, pois comemos três vezes mais do que todo mundo”, conta Maria Luiza. “A gente nunca deixa a fome ou a sede chegar, somos muitos atentas”, completa Ana Beatriz.

Para este ano, as gêmeas ainda competem na Copa Internacional de Mountain Bike (CIMTB), em Taubaté, e nos Jogos Abertos de Santa Catarina. E, pelo jeito, as irmãs Duwe, assim como os irmãos Yates, prometem deixar os pódios ao menos mais divertidos.

Fonte Aliança Bike







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