Como serão as corridas pós-pandemia?

Por Verônica Mambrini

corridas pós-pandemia
Divulgação George Gargiulo 360+

As corridas pós-pandemia serão bem diferentes do que estamos acostumados. É o que mostrou o evento do último domingo (25), que testou novos protocolos sanitários que permitam a realização das corridas. A nova realidade significa corridas com menos corredores – o evento teve apenas 200 participantes, – distanciamento social, uso de máscaras e higienização com álcool em gel constante.

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As corridas de rua estão suspensas em São Paulo desde março. Com a reabertura gradual, o teste presente consolidar um novo modelo que permita a retomada do calendário. Para o presidente da Abraceo (Associação Brasileira de Corridas de Rua e Esportes Outdoor), Paulo Carelli, em dezembro já devemos ter provas pelas ruas da capital paulista. Os novos protocolos foram desenvolvidos entre abril e julho. A organização esperava que a pandemia estivesse mais controlada para testar a aplicação das medidas.

Na prática, a corrida de 5k teve 138 participantes, que fizeram uma inscrição virtual. A retirada de kits foi organizada no sábado (24) com faixas de horário pré-determinadas pelo fim do CPF do atleta, com dois horários disponíveis ao longo do dia para cada par de números. 

Os inscritos preencheram formulário no site da Federação Paulista de Atletismo sobre eventuais sintomas relacionados à Covid-19. A prova foi realizada Sambódromo do Anhembi, com entrada sujeita à medição de temperatura, que não podia passar de 37,5°C. O staff usava usava máscaras, cobertura facial e luvas, e havia totens de álcool em gel disponíveis. A organização distribuiu máscaras durante e depois da corrida para quem quisesse substituir também. 

Com poucos atletas, foi fácil evitar as aglomerações. A largada foi escalonada a cada 30 segundos, com cones distanciando os atletas, e orientação de ultrapassar mantendo distância. 

Corrida segura, mas para poucos

“A organização trouxe um ótimo protocolo, mas não sei se as pessoas estão prontas. Depois de tanto tempo sem se ver, elas vão querer se abraçar, ficar juntas. No fim da prova teve uma aglomeração entre os finishers, e isso precisa ser repensado para as provas”, acredita Cesar Augusto Oliveira, da MPR Assessoria Esportiva. Ele aprovou o modelo para as corridas pós-pandemia, mas questiona se funcionam para eventos grandes, ou mesmo com o triplo de participantes. “Teve pontos de substituição de máscara e de hidratação, mas que não dariam conta para mais de 200 pessoas. Talvez fosse interessante hidratação própria, por exemplo.”

No fim da prova, água e medalha higienizadas, e em vez de frutas, sachês de álcool gel. A máscara foi obrigatória durante (quase) 100% do tempo –a exceção era para beber água. “Vi algumas poucas pessoas de máscara abaixada, talvez isso devesse ser fiscalizado. A máscara atrapalha, mas é possível se adaptar. As provas agora tem um cunho mais social e menos competitivo”, acredita Cesar. 

Para a treinadora Cintya Portella, da assessoria Núcleo Aventura, o evento acabou ficando literalmente exclusivo. “Em que cenário se faz uma corrida para 200 pessoas? Numa corrida as pessoas encontram os amigos, se cumprimentam, e isso acabou”, comenta. “Nessa prova teve filas de distância, com largada de 4 em 4 pessoas. Numa corrida normal, tem 2 mil pessoas. Como o organizador vai conseguir fazer isso?” Ela aprova o empenho em adaptar as provas para a nova realidade, mas se pergunta o quanto as pessoas vão querer se submeter a isso. “De máscara você não consegue fazer seu tempo, se superar. Uma parceira deu um sprint no final e se sentiu super mal, acabou indo até para o atendimento médico.” 

O evento teve acompanhamento de autoridades de saúde, para verificar o que será necessário ajustar para que as provas de fato retornem. Provas pequenas devem retornar antes, com capacidade reduzida em 30%. Eventos maiores dependem da contenção da pandemia. 

 







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