Como a pandemia pode estar estragando sua dieta

Por Redação

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Imagem: Shutterstock

Os efeitos colaterais da pandemia na saúde não param de pipocar, e um deles afeta diretamente nossa dieta. E com cerca de um ano e meio do mundo ainda meio virado para baixo, todos nós parecemos ter um certo burnout, um esgotamento que não foi totalmente refrescado nem por fases de reabertura, nem pelo horizonte de esperança das vacinas. Nossa relação com a comida foi fortemente afetada pela Covid-19 de muitas formas, em especial com o comer emocional.

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Essa combinação de esgotamento e comer demais está longe de ser incomum. Desde o início da pandemia, muitos de nós temos sofrido de exaustão física e emocional, um estado de espírito que além de afetar a dieta também causa dores de cabeça e outros sintomas físicos. À medida que a crise se arrasta, nos voltamos para a comida em busca de conforto, que pode significar lanches não saudáveis, comida para viagem e comida de conveniência, como congelados e outros pratos semiprontos.

Em um estudo recente sobre alimentação emocional durante a pandemia, liderado por Katherine McAtamney, da Birmingham City University, um quarto dos participantes relatou que estava comendo mais mais em geral, enquanto um terço comia de forma menos saudável.

Enquanto isso, uma pesquisa em toda a Europa liderada pela Universidade de Aarhus, na Dinamarca, descobriu que a pandemia deixou os britânicos como os maiores consumidores de comfort food do continente, com o consumo de alimentos de conveniência aumentando 29%, o álcool 29% e os chamados “lanches tipo eu mereço” até 34%.

O comer emocional explica muito o fenômeno. Se você passar por períodos em sua vida de imenso estresse ou experimentar algo que sente que não pode controlar, então você vai começar a amarrar suas emoções à comida, porque comida é algo que podemos controlar. Você tende a escolher coisas extremamente prazerosas como forma de compensação ao estresse que foge ao controle.

O problema é que aí é onde nossos corpos e mentes se combinam para trabalhar contra nós. Alimentos ricos em carboidratos fornecem um alto teor de açúcar (glicose), a principal fonte de energia para o funcionamento do cérebro, enquanto a proteína aumenta a produção de dopamina, o chamado hormônio do bem-estar. Ficar preso em um ciclo de uso de alimentos para preencher um vazio ou reduzir o estresse muitas vezes leva a sentimentos de culpa e vergonha depois – e a períodos de restrição para compensar isso.

A restrição de alimentos, principalmente carboidratos, pode nos deixar irritáveis, com desânimo e dificuldade de concentração. Isso geralmente é seguido por compulsão alimentar, que pode levar a uma sensação de euforia devido ao aumento da glicose e da dopamina. Esse efeito pode ter vida curta e pode rapidamente se tornar o novo “normal”, exigindo cada vez mais dos mesmos alimentos para atingir o efeito, criando um mecanismo semelhante ao vício. Isso impulsiona ainda mais a alimentação emocional.

Apesar das evidências que destacam a associação entre depressão e obesidade, o tema recebe pouca atenção em termos de políticas públicas. Um estudo de 2010 descobriu que pessoas obesas tinham um risco 55% maior de ficarem deprimidas, e pessoas com depressão tinham 58% mais chances de se tornarem obesas.

Enquanto não forem criadas políticas públicas que abordem o problema de forma mais interdisciplinar, o que é possível fazer é buscar autocuidado, seja na forma de psicoterapia, e medidas que melhorem a qualidade do bem estar físico e mental. Aí entra a atividade física, o tempo ao ar livre, o investimento em tempo de qualidade em relações significativas como amigos e família e uma alimentação equilibrada, com o máximo possível de alimentos não processados e comida feita em casa. Um desafio e tanto nos tempos que vivemos.







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