Quando a pandemia do novo coronavírus começou em 2020, muitos brasileiros mudaram a sua rotina, inclusive na alimentação. Segundo o NutriNet Brasil, pesquisa de iniciativa do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, o consumo de frutas, hortaliças e leguminosas aumentou no país durante a pandemia da covid-19 — e muitas pessoas passaram a considerar o cultivo de alimentos em casa.
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Uma das hipóteses do aumento levantadas pelos pesquisadores é que com as restrições de funcionamento dos estabelecimentos e o maior tempo em casa, as pessoas passaram a cozinhar mais. Uma outra possibilidade é que os brasileiros começaram a ficar mais preocupados com a sua saúde devido ao coronavírus, e então deram prioridade a alimentos que fortalecem o sistema imunológico.
Além da necessidade de ficar em casa, uma pesquisa feita em 22 países pela Dunnhumby, especialista em ciência de dados do consumidor, mostrou que os brasileiros são os que que mais gastam em alimentação durante a pandemia, devido aos altos preços do mercado.
O consumo de frutas no Brasil durante a pandemia subiu de 78,3% para 81,8%, o de hortaliças foi de 87,3% a 89,1% e o de leguminosas saiu de 53,5% e foi para 55,3%. Apesar do aumento ser pequeno, ele reflete novos hábitos de muitos brasileiros. Seja pelo preço alto ou o receio de sair de casa por conta da pandemia, algumas pessoas começaram a plantar os próprios alimentos em casa.
Edileusa Soares, moradora de Taubaté, começou a plantar ervas em casa porque não estava indo ao mercado com frequência. “Eu plantei para consumir mesmo, para quando eu não puder sair e comprar, eu ter aqui na minha casa”, disse.
Já Juracy Sanches, de 78 anos, já cultivava alguns alimentos em casa, mas aumentou a sua horta durante a quarentena, porque deixou de sair para o mercado — já que é do grupo de risco para agravamento da covid-19.
Cultivo de alimentos em casa é hobby em tempos de covid
Mas não foi só pela necessidade de ter alimentos em casa que os brasileiros começaram a cultivar o próprio alimento. Muitas pessoas viram na pandemia uma oportunidade de desenvolver novos hobbies, até mesmo para aliviar o estresse de não poder sair.
Gabriel Petrolino, estudante de 21 anos, se mudou com a família para o litoral norte de São Paulo durante a pandemia. Eles saíram da capital e foram para Bertioga, onde Gabriel começou a cultivar alimentos como tomate cereja, alecrim e outras ervas. “Passei a plantar por lazer, para aprender como funciona o plantio. Por conta da pandemia, comecei a buscar novas coisas para fazer.”
O mesmo aconteceu com Fábio Shiraga, professor de inglês de 43 anos. Durante a pandemia, ele e a família começaram a produzir um fermento natural para fazer pães em casa. “Com certeza foi por conta da quarentena. Ficar em casa me deu mais tempo para isso, e também estamos cozinhando mais”, disse Fábio, que mora em Limeira com sua esposa e filho.
O Ministério da Saúde publicou, no fim do ano passado, um guia para os brasileiros de como começar a plantar em casa. Segundo a pasta, “cultivar o próprio alimento é um incentivo para a alimentação adequada e saudável”.