Ciclovia do rio Pinheiros reabre com melhorias

Por Redação

ciclovia do rio pinheiros
Foto: Erika Sallum

Reabriu hoje (3 de agosto) o lado leste da ciclovia do rio Pinheiros, fechado desde 21 de março por causa da pandemia. Diante da urgência em desafogar o transporte público por causa da pandemia ainda descontrolada, a notícia traz ânimo para quem pode usar a rota como alternativa de transporte ativo.

Com 21,5 km totais, a ciclovia teve grande parte de sua extensão interditada em 2013, por conta de obras do monotrilho que deveriam durar dois anos — até hoje isso não aconteceu. Como resultado, desde então os usuários contam apenas com o trecho que vai do Parque Villa-Lobos à Vila Olímpia.

Desde março deste ano a administração do local passou para a iniciativa privada. Por meio de chamamento público, a Farah Service fez uma parceria que está prevista para durar 36 meses, que podem ser estendidos por mais 60 meses.

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A empresa não recebe nada da CPTM (Companhia Paulista de Transporte Metropolitano), a responsável pelo local, e arca com todos os custos, com exceção da segurança. Em contrapartida, pode captar investimentos com os projetos e anúncios que fizer.

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Foto: Erika Sallum

A ciclovia está bem melhor cuidada. Entre as melhorias visíveis, estão grama cortada, plantio de árvores e pintura renovada com trechos sinalizando em tinta amarela os pontos de maior perigo de acidentes.

No acesso ao Parque do Povo, uma área de espera permite marcar aguardar um amigo ou observar o melhor momento de entrar na pista. Ao lado, a empresa construiu uma guarita de alvenaria, com banheiro, com melhores condições para os funcionários que antes ficavam expostos a calor, frio e falta de infraestrutura.

No acesso da Vila Olímpia, foi instalado um contêiner com cinco chuveiros (banho a R$ 16), que atendem o público que usa a ciclovia para chegar à faculdade ou trabalho. No retorno do Parque Villa-Lobos foi instalada uma pequena rotatória para organizar o fluxo e evitar trombadas entre ciclistas.

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Acesso da Vila Olímpia ganhou contêiner com chuveiro com banho a R$ 16. Foto: Erika Sallum

Segundo a Farah, a próxima melhoria será instalação de iluminação, para que a ciclo possa ser usada até as 23h (hoje ela funciona das 5h30 às 18h30).

Desafios para inclusão

Ao se tornar a nova administradora da maior ciclovia da capital, Farah Service acaba responsável também pelo desafio de fazer do local um espaço inclusivo, onde diferentes vertentes de ciclistas possam se sentir seguros para pedalar, seja como meio de transporte, lazer ou esporte.

A ciclovia do rio Pinheiros tem um movimento de 50 mil acessos por mês, sendo 28 mil de usuários únicos. O público “da mobilidade”, ou seja, que utiliza a bike para se deslocar pela cidade, compõe uma bela parcela: 17 mil, enquanto 11 mil pedalam ali por esporte, lazer ou turismo.

O número tem potencial para crescer ainda mais. Com uma pandemia em curso, é preciso ter em mente que a bicicleta é um meio de locomoção seguro, que evita aglomerações, que faz bem à saúde física e mental e não polui.

Foto: Erika Sallum

Por isso, a retirada do acesso da ponte Cidade Jardim é um ponto negativo, apesar da estrutura estar em más condições. Para piorar, a CPTM anunciou que o acesso de ciclistas pela estação Santo Amaro foi desativado do nada, sem aviso prévio ou consulta com usuários e entidades.

Enquanto o resto do mundo, incluindo Peru e Colômbia, criou novas ciclovias e ciclorrotas emergenciais para ajudar a conter a propagação do coronavírus, São Paulo praticamente assistiu a esse “boom da bike” sem fazer nada por seus cidadãos. Aumentar os acessos seria fundamental para democratizar seu uso para públicos mais diversos, conectando-a aos bairros e aos fluxos de ciclistas que já existem neles.

Outra questão crucial que a Farah vai enfrentar é como fazer com que diferentes tipos de ciclistas convivam em harmonia. Com poucos espaços dedicados ao treino em São Paulo, o uso compartilhado com o transporte merece atenção especial.