Ciclista que perdeu o braço em 2013 treina para chegar a Paris 2024

Após ter sido atropelado e perder o braço, ciclista treina para Paralimpíadas
Após ter sido atropelado e perder o braço, ciclista treina para Paralimpíadas - Reprodução Instagram

Em março de 2013, o ciclista David Santos Sousa virou manchete em todo o Brasil: aos 21 anos, foi atropelado enquanto ia ao trabalho, de bicicleta, e teve o braço arrancado e jogado em um córrego pelo motorista que causou a tragédia, o estudante de psicologia Alex Siwek. Hoje, aos 30 anos e pai de um menino de 5 meses, David treina duro e colocou como meta de vida representar o Brasil no ciclismo nas Paralimpíadas de Paris, em 2024.

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Em relato concedido ao portal UOL, David conta que o acidente mudou sua forma de ver o mundo. Se na época ele tinha como responsabilidades continuar trabalhando e terminar o Ensino Médio, atualmente ele se dedica diariamente a tarefas que incluem o trabalho – ele pedala cerca de 50Km por dia fazendo entregas – e os trabalhos funcionais e de força que faz em uma academia na Cidade Júlia, periferia de São Paulo, onde mora.

Vestindo um colete de 20kg, faz exercícios funcionais, como agachamentos e saltos, corre na esteira, pedala e treina no elíptico. “Depois do acidente comecei a fazer muay thai, trabalhar, estudar, voltei para o rapel, para o ciclismo, aprendi a dançar. Coisas que não fazia antes”, contou à reportagem do UOL.

E à noite a saga continua: pedala com um grupo de ciclistas de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo por cerca de duas a três horas, fazendo de 80km a 90km de pedal, em sessões variadas que incluem recuperação, subida, longão e velocidade.

De olho no pódio

A preparação para as Paralimpíadas começou no ano passado, quando David participou da primeira etapa da Copa Brasil de Paraciclismo, de olho nos Jogos de Tóquio e ficou em 8º lugar. Por conta de etapas canceladas pela pandemia, não conseguiu se classificar mas, ainda assim, não desistiu.

“Neste ano, participei de cinco provas: duas amadoras e três federadas. Dessas três, duas eu tive pódio, quarto e terceiro lugar”, conta. Hoje eu consigo subir no pódio, coisa que eu prometi quando eu comecei. A minha intenção é estar sempre no pódio. Minha intenção é estar no primeiro lugar. Já estou em terceiro. Estou chegando perto, a dois passos do primeiro lugar. Então, vou treinar para conseguir meu objetivo”, diz, confiante.

Longa jornada

Após o acidente, sofrendo de ansiedade e depressão, David tentou contratos de patrocínio para voltar a pedalar, mas sem sucesso no início. Alguns anos mais tarde foi procurado por uma empresa interessada em uma parceria. Aos poucos foi firmando novos e pequenos contratos, até se sentir apto a dedicar parte da sua rotina ao esporte.

“Depois que eu consegui o patrocínio, fiquei só nos treinos e nas entregas. Pedalo o dia inteiro. Meu foco é na rua, no trânsito. Não tenho a cabeça vazia para ficar pensando em coisas que vão me prejudicar. Foi ali que começou a minha recuperação. Eu voltei a ser uma pessoa normal”, afirma.

E é com esse pensamento vitorioso que o ciclista David, depois de ter sido atropelado e perdido o braço, supera os obstáculos diários em busca do sonho paralímpico e de uma vida mais tranquila, ao lado da família, e servindo como modelo de força e resiliência para o filho, o pequeno Dylan.







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