No dia 5 de junho de 2021, o economista Dennis Hyde e a psicóloga Letícia Alves iniciaram uma aventura épica pela rica e desconhecida biodiversidade brasileira.
A bordo do projeto EntreParques, a expedição inédita visitou e documentou todos os 75 Parques Nacionais do Brasil.
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Sem patrocínio ou fins lucrativos, a jornada teve como objetivo estimular uma maior conexão com a natureza, além de alertar sobre a importância dos Parques Nacionais para a preservação ambiental do Brasil.
A ideia surgiu durante uma viagem de férias ao Parque Nacional da Serra das Confusões, no sul do Piauí, quando Letícia e Dennis descobriram que eram os dois únicos visitantes do local em um bom período de tempo.
“Por anos pensamos que alguém deveria visitar e documentar todos os parques para que então pudéssemos escolher onde tirar férias. Aos poucos vimos que havíamos recebido um chamado e que nós seríamos essas pessoas”, conta Letícia.
A viagem começou no PARNA de Itatiaia, o mais antigo do Brasil. Durante os dois primeiros anos, o casal paulistano viveu em um trailer, que foi vendido antes da chegada à etapa amazônica da expedição, quando passaram a seguir somente de carro.
Três anos depois, no último dia 18 de outubro, a expedição terminou no paradisíaco e ameaçado arquipélago de Fernando de Noronha. O parque nacional marinho foi escolhido como o último a ser visitado pela necessidade do trajeto de avião.
“Acabou sendo uma grata surpresa, além da beleza do parque, ficamos duas semanas interagindo com institutos e pesquisadores, aprendendo sobre cada canto, cada beleza e cada ameaça que Noronha corre hoje”, afirma Letícia.
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Durante a expedição, Letícia e Dennis permaneceram em média 15 dias em cada parque nacional, tendo rodado mais de 90 mil km em sua caminhonete e cerca de 3,5 mil km em trilhas.
Estiveram em extremos do Brasil como a Serra do Môa no Acre, onde fica o Parque Nacional da Serra do Divisor, e em alguns dos pontos mais altos, como o Pico da Neblina, no parque homônimo, Pico da Bandeira no Parque Nacional do Caparaó, e Pico das Agulhas Negras, no Parque Nacional do Itatiaia.
Pelo caminho, uma verdadeira coleção de histórias e amizades contadas através do site do projeto, além da elaboração de um e-book gratuito com muita informação.
O projeto agora entra em uma nova fase, onde Dennis e Letícia querem incentivar o turismo consciente para que isso possa impactar positivamente a economia desses parques nacionais.
Dennis, um “ex-faria limer” que trabalhou por mais de 20 anos no mercado financeiro, destaca que ainda há uma escassez de informações disponíveis sobre os nossos parques nacionais, o que faz com que poucas pessoas visitem e valorizem a natureza do país.
“77% das 11,8 milhões de visitas a parques nacionais em 2023 foram concentradas em apenas cinco parques nacionais. O potencial de atração de visitantes de forma ordenada é imenso e pode gerar 174 mil empregos diretos, além de R$18,1 bilhões de PIB”, calcula.
Ao longo da expedição, ambos também perceberam que os parques correm riscos e que a sociedade civil pode e deve se aproximar para colher seus benefícios ecossistêmicos e protegê-los.
Com a missão de preservar e apresentar as riquezas naturais do país, Dennis e Letícia são hoje embaixadores de iniciativas como Um Dia no Parque, da Rede Brasileira de Trilhas, do aplicativo eTrilhas e do programa Monitora do ICMBio.
Nas próximas semanas, a dupla fará uma série de apresentações entre São Paulo e Brasília antes de começar a trabalhar em uma exposição que deve ser inaugurada em março do ano que vem.
“Nossos planos incluem estudar os assuntos de ecoturismo e ecopsicologia, cada um na sua especialidade, para nos dividir e contribuir mais com a conservação”, completa Letícia.