A polícia do Pará prendeu na terça-feira (26) quatro brigadistas da Organização Não Governamental (ONG) Brigada Alter do Chão (PA) sob suspeita de acusação de atear fogo na Área de Preservação Ambiental (APA) Alter do Chão. As autoridades também fizeram busca ostensiva na sede da ONG Projeto Saúde e Alegria (PSA). As organizações repudiaram a ação, e afirmam que estas “são medidas abusivas, com intuito de intimidar ambientalistas e movimentos sociais”.

Os brigadistas detidos ajudam no combate a queimadas na em Alter do Chão. De acordo com a Agência Brasil, uma das hipóteses da investigação é que os suspeitos causavam os incêndios para, depois, serem convocados para apagar as chamas e receber algo em troca.

No entanto, em uma página nas redes sociais, a ONG afirma que os brigadistas trabalham voluntariamente para proteger a floresta e os moradores de Alter do Chão e região, atuando de forma independente.

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O PSA atua diretamente com os bombeiros voluntários de Alter do Chão, que em setembro ajudaram a combater enormes incêndios que assolavam as áreas protegidas da região turística.

As prisões ocorreram três meses depois que o presidente Jair Bolsonaro, tentou culpar o aumento de incêndios na Amazônia contra as ONGs, sem fornecer nenhuma evidência.

As prisões ocorreram sob o comando da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários de Santarém (Deca) e pelo Núcleo de Apoio à Investigação (NAI). A operação foi batizada de Fogo do Sairé, e a polícia afirma que ela é resultado de dois meses de investigação sobre as causas dos incêndios de grandes proporções que atingiram a região em setembro.

“É uma situação kafkiana. Todos fomos pegos de surpresa sem entender o porquê”, afirmou o coordenador do Projeto Saúde e Felicidade Caetano Scannavino ao jornal britânico The Guardian. “Se [os bombeiros] eram realmente criminosos, eles deveriam ser atores de Hollywood porque nos enganaram.”

A brigada de incêndio do Alter do Chão também negou as acusações. “Temos certeza de que, seja qual for a acusação, sua inocência será esclarecida”, afirmou em comunicado. A organização também convocou uma manifestação pacífica nesta quarta-feira (27) no Fórum Penal de Santarém.

Atualização 

O jornal Folha de S. Paulo teve acesso ao inquérito contra brigadistas presos e mostrou que o documento reúne grampos sem evidência de crime. De acordo com o jornal, diálogos foram tirados de contexto, e frases são destacadas para basear a interpretação da Polícia Civil no inquérito que investiga a Brigada de Alter do Chão. Saiba mais aqui.

Após audiência de custódia, o juiz Alexandre Rizzi, da Justiça Estadual do Pará, manteve a prisão preventiva dos quatros brigadistas. A decisão será revista dentro de dez dias, quando será encerrado o prazo para a conclusão do inquérito.

De acordo com o advogado Wlandre Leal, responsável pela defesa dos brigadistas, o juiz alegou a gravidade dos fatos e a repercussão do caso para justificar a decisão de manter as prisões.







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