O campeonato de ultraciclismo BikingMan Ultra tem origem no exterior, acontece em vários países e, em 2021, ganhou sua versão brasileira.
A prova consiste em pedalar 1.000 km, com 18.000 metros de altimetria, em um tempo máximo de 120 horas. O atleta precisa seguir a rota definida pela organização e ser totalmente autossuficiente durante o percurso.
Diferente das provas do calendário europeu, que são basicamente compostas por asfalto, a prova brasileira possui 30% do seu trajeto off-road, ou seja, muita terra, buraco e lama pela frente.
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Com a largada em Santo Antônio do Pinhal, interior paulista, a rota é um looping chegando até o mar em Ubatuba e Paraty, subindo a Serra de Cunha até atingir o seu ponto mais alto, no Parque Nacional do Itatiaia, a 2.400 metros de altitude.
“Cada atleta precisa estar preparado para tudo que for enfrentar no caminho, então além da preparação física, é necessário conhecer seu equipamento e organizar ele de forma leve e compacta na bicicleta. É permitido participar de Gravel ou MTB”, destaca Vinicius Martins, diretor de prova e organizador da versão brasileira.
A prova conta com um sistema de monitoramento via satélite fornecido pelo sistema Owaka, que pode ser acompanhada ao vivo por qualquer pessoa. Esse sistema traz uma grande visibilidade para o desafio e empolga ainda mais os espectadores.
Mulheres na prova
A cada edição, a participação feminina vai aumentando. De acordo com a organização, em 2024 o objetivo é ter o número recorde de mulheres pedalando.
Em 2024, além da 4ª edição da prova de 1000 km, uma novidade é a prova 555 – Serra Geral, com largada na cidade de Orleans (SC) e que percorrendo os cânions entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A rota do 555 são 500 km, com 8.500 metros de altimetria, e 55 horas para completar. A largada será no dia 8 de março de 2024.
“Essa prova vem para complementar o cenário e muitos atletas vão usar ela como treino para o Bikingman 1000 km, que acontece dia 9 de setembro”, afirma Martins.
As inscrições e todas as informações podem ser feitas aqui.
RELATOS
RAQUEL FARCIOLI PARIZI – CAMPEÃ FEMININA BIKINGMAN 2023
“O BikingMan Brasil 22 foi meu primeiro contato com provas de ultradistância. Foi um divisor de águas na minha vida. Nessa edição aprendi tanto sobre corridas de ultraciclismo autossuficiente, mas também aprendi muito sobre mim, aprendizados esse que eu levei pra vida! Esse tipo de prova é uma imersão única pra dentro de si. Você tem que quebrar limites físicos, mentais e ser adaptável para resolver situações inesperadas se quiser seguir em frente. Me apaixonei tanto que voltei a fazer a edição de 23. Uma edição épica, com recorde de participação de mulheres que deram um show antes da prova, as veteranas acolhendo estrangeiras e todas que estavam lá pela primeira vez. Durante a prova, trocando informações, e após a linha de chegada, recebendo e vibrando uma com as outras. Corridas de ultradistância além de normalmente oferecer visuais e paisagens de tirar o fôlego, são experiências para a vida!”.
JULIANO GEHRKE – VETERANO DAS TRÊS EDIÇÕES E VICE-CAMPEÃO NAS TRÊS
“Falar do BikingMan é muito especial, pois é a realização de um desejo que eu tinha de participar de uma prova de ultraciclismo. Já tinha corrido algumas provas de 24h, mas nunca de 1000 km, e esse desejo veio ao mesmo tempo que comecei no Gravel e assisti um documentário sobre o Inca Divide, que aconteceu no Peru. Em 2021 vem para o Brasil o BikingMan e eu não poderia ficar de fora, pois me encanta saber até onde posso chegar, e uma prova de 1000 km totalmente autossuficiente torna isso ainda mais desafiador, pois existe todo um planejamento de alimentação, hidratação e até mesmo possíveis paradas para descansar. Meu objetivo principal era tentar realizar a prova sem dormir, era minha motivação principal, além de tentar algo na classificação geral. Mas as dificuldades do percurso, principalmente a chuva adiou esse desejo por dois anos mas em 2023 consegui finalizar sem dormir os 1000km e quase 20000m acumulados. E além disso fique em 2º lugar nas três edições em que participei. Agora é partir para a 4ª participação e com ainda mais desejos de superar a mim mesmo.”
LAURA MARQUES – DNF (DID NOT FINISH) DA EDIÇÃO 2023
“Sou Laura, moro em Belo Horizonte e acompanho o Bikingman desde sua primeira edição, em 2021. Inspirada em atletas que conseguiram terminar a prova, principalmente mulheres, em 2023 entendi que estaria preparada para enfrentar esse desafio. Dediquei meses na busca de informações com atletas das edições anteriores, compra de equipamento adequado, treino na bike, testes na alimentação, estudo da rota, mecânica e etc. Faria essa grande aventura com responsabilidade. A prova é incrível! O sentimento de estar desbravando lugares novos, paisagem lindas, uma rota dura é inexplicável. Uma sensação intensa de liberdade e ao mesmo tempo agradecimento por todos que de alguma forma me ajudaram a estar ali. Eu curti a solidão de pedalar horas sozinha e também a alegria em encontrar outros ciclistas que puderam me fazer companhia por um tempo. Fazer amigos em condições extremas ganha um carinho e conexão diferente. Eu não consegui concluir a prova, tive problema com assaduras e parei no km 570. Foi triste e frustrante, mas, aprender com as nossas más escolhas faz parte da vida. Minha inscrição para a prova de 2024 já está feita! E para completar minha preparação de diversão em cima da Bike, participarei também do 555 em março.”