Tem quem ama e quem odeie. Mas afinal, ter sistemas de bike compartilhada aumenta mesmo o uso da bicicleta em uma cidade? Um estudo novo que avalia dez anos de informações coletadas garante que sim. Ao estudar 50 cidades nos Estados Unidos, foi constatado um aumento de 20% nos deslocamentos de bike onde havia sistemas de bicicletas compartilhadas. O estudo foi publicado no Journal of Policy Analysis and Management.
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“Este estudo demonstra que os sistemas de bike sharing podem levar a população a optar pela bicicleta como meio de transporte com mais frequência”, diz o autor do estudo, Dafeng Xu, professor assistente de políticas urbanas na University of Washington. Ele estudou uma década de dados acumulados por censo e por empresas privadas de 38 cidades com sistemas de bicicletas compartilhadas.
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Comuns antes em algumas cidades na Europa e na Ásia, estes sistemas de bicicletas apareceram pela primeira vez nos Estados Unidos há uma década. Em 2016, já haviam chegado a 50 cidades americanas. Muitos foram descontinuados porque a baixa quantidade de estações de bike tornava o uso pouco prático, como o sistema de Seattle, que era pequeno e foi descontinuado em pouco tempo.
Bike compartilhada: quanto mais estações, melhor
Xu descobriu que sistemas mais amplos, com mais estações, acabam sendo mais usado e levando mais pessoas a usá-lo como transporte. A metodologia do estudo cruzou dados para isolar usos de bike feitos por transporte e por outros motivos, como lazer e esporte. De acordo com o pesquisador, outro fator que reforçou o crescimento do uso de bike foi a expansão da rede de ciclovias protegidas, mais um fator essencial para optar por bikes como meio de transporte.
“Em geral, pedalar é saudável e positivo, além de significar menos poluição e menos trânsito. Mas pode ser caro, e as pessoas têm medo de ter a bike roubada”, disse o pesquisador. “O sistema de bike sharing resolve estes problemas, porque as pessoas podem pedalar sem ter que arcar com o custo da compra da bike ou roubo.”
Nos Estados Unidos, a taxa de uso de bicicleta no transporte público é baixa: 0,6%, de acordo com estimativas de 2013 a 2017. Algumas poucas cidades como Portland se destacam, com 5,3% dos deslocamentos feitos de bicicleta. Nas cidades com sistema de bike sharing tinham 1% de deslocamentos de bike em 2008, que cresceram para 1,7% em 2016. No mesmo período, o uso do carro caiu de 66% para 59% nas mesmas cidades.
Xu incentiva as empresas que mantém os sistemas de bicicleta compartilhada a expandir as estações para bairros periféricos e aumentar o tempo inicial de uso com custo reduzido, que costuma ser de 30 minutos pelo primeiro pagamento. Os deslocamentos de bicicleta devem aumentar com a pandemia de coronavírus como uma opção ao transporte público. Por isso sistemas de bike compartilhada podem ser uma poderosa política pública de saúde.