Relativamente poucos jovens têm a garra e a determinação para concluir uma trilha de 3.540 km e 274.000 metros de elevação, como a Trilha dos Apalaches (Appalachian Trail (AT), em inglês), nos Estados Unidos. Isso torna a viagem da norte-americana Linda “Nana” Vanderloop ainda mais impressionante. Em 28 de outubro, Linda se tornou a mulher mais velha a percorrer a AT de ponta a ponta ao alcançar o cume de Bear Mountain, em Nova York, aos 74 anos, ao lado de sua filha Hanna, batendo um recorde de 10 anos, estabelecido por Nan “Drag’n Fly” Reisinger.
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Para Linda, no entanto, o recorde foi secundário. “Eu nem sabia [sobre Reisinger] quando comecei,” diz Linda. “Terminar a trilha era algo que eu não tinha certeza se conseguiria.”
A ideia de percorrer toda a Trilha dos Apalaches surgiu depois que Linda completou a Ice Age Trail em seu estado natal, Wisconsin (EUA), em 2020. A filha de Linda, Hanna, ficou com inveja da experiência da mãe e começou sua própria aventura.
“Eu ligava para ela, e ela estava na trilha, e eu ficava com muito ciúme,” lembra Hanna. “Ela tinha esse grande objetivo pelo qual estava trabalhando. Então, comecei a explorar a rede de trilhas blue blaze em Connecticut.”
Uma das seções dessa rede fazia parte da Trilha dos Apalaches. Ao percorrer esses quilômetros, Hanna percebeu que queria mais desse desafio e estabeleceu o objetivo de percorrer a AT. Quando ela largou o emprego no início deste ano para começar a trilha em segmentos de 160 km, sua mãe decidiu que queria ir junto.
Desde o início da jornada, a abordagem da dupla foi incomum. Planejavam começar em Bear Mountain, Nova York, mas logo tiveram que mudar o plano ao descobrir que o pico estava fechado. Em vez disso, começaram a caminhada entre Bear Mountain e o Parque Estadual Harriman, em Nova York. De lá, caminharam por Nova Jersey e Pensilvânia antes de irem ao sul para encarar a Geórgia, Tennessee e a maior parte da Carolina do Norte, antes de voltar ao norte, às vezes percorrendo segmentos de forma independente.
“Nós tínhamos apenas duas regras: [Passamos por] cada marca branca em 365 dias e quase sempre caminhamos rumo ao norte,” diz Hanna. “Peça por peça, a dupla percorreu grandes trechos da trilha, ocasionalmente encontrando outros membros da família para compartilhar a experiência e receber apoio ao longo do caminho.” Ambas descobriram que seus métodos fora do convencional proporcionaram uma experiência mais solitária e fora da “bolha”, o que elas gostaram.
À medida que se aproximavam do final da trilha, descobriram que o aniversário de Reisinger (que também terminou a caminhada aos 74 anos) era mais tarde no ano, e perceberam que Linda tinha chance de bater o recorde dela. Além de ser seis semanas mais velha que Reisinger, ela também completou a caminhada mais tarde na temporada.
Obter o novo título foi um bônus para Linda, mas sua experiência também foi inspiradora de outras maneiras.
“Encontramos tantas pessoas mais velhas na trilha,” diz ela. “E era muito bom ver que as pessoas ainda se sentem capazes de fazer isso. Você não precisa ser jovem. Qualquer pessoa pode andar. Foi bem interessante ver algumas trilhas que até aceitariam uma cadeira de rodas,” disse ela.
A jornada de Linda foi quase isenta de lesões, embora ela tenha caminhado pelo Kinsman com intoxicação alimentar e levado cerca de 20 picadas de vespas amarelas na Carolina do Norte. Ainda assim, ela admite que a viagem foi longe de ser fácil.
“Há uma razão para apenas 1 em cada 4 pessoas conseguirem terminar,” ela diz. “A trilha faz jus à sua reputação de ser uma das mais difíceis e longas.”
Desde que Reisinger estabeleceu seu recorde em 2014, muitos caminhantes tentaram superá-lo. Em 2023, Pamela Clark chegou perto de reivindicar o título aos 76 anos, mas ficou aquém do requisito de 12 meses da ATC. M.J. “Nimblewill Nomad” Eberhart atualmente detém o recorde geral mais velho da Trilha dos Apalaches, conquistado aos 83 anos em 2021.
Quando perguntada se planeja enfrentar outras trilhas longas no futuro, Linda respondeu: “Nunca diga nunca.”
“Se a oportunidade surgir, provavelmente estarei por lá,” diz ela. “É difícil parar de caminhar depois que você começa.”