O lendário alpinista Reinhold Messner finalmente recebeu a segunda bota do seu irmão mais novo, Gunther, que faleceu de forma controversa em 1970 no Nanga Parbat.
Para a maioria, o acessório seria um lembrete de mais uma vida perdida na chamada Montanha Assassina. Para Reinhold, a bota significa muito mais do que isso.
Veja também
+ Deixe a vibrante cultura outdoor de Pomerode te surpreender
+ Rocky Mountain Games agora recebe crianças de 4 a 13 anos no Acampamento Go Outside
+ Trilheira encontra filhote de urso abandonado em floresta dos EUA
Em junho de 2022, a bota foi encontrada e recuperada da geleira no lado Diamir da montanha, 52 anos após a morte de Gunther Messner.
Na semana passada, o alpinista paquistanês Liver Khan viajou para o Sul da região do Tirol e entregou a bota pessoalmente a Messner.
A bota é importante porque corrobora a versão de Reinhold Messner sobre a tragédia no Nanga Parbat.
Ver essa foto no Instagram
A tragédia de 1970
Em 1970, os irmãos Messner, parte de uma grande expedição liderada por Karl Herrligkoffer, iniciaram uma tentativa de cume na ainda não escalada face Rupal do Nanga Parbat. Apenas o irmão mais velho retornou, dias depois, gravemente ferido por congelamento e quase morto de exaustão, pelo lado Diamir da montanha.
Reinhold explicou que, depois que os dois alcançaram o cume às 17h, Gunther estava exausto demais para refazer os passos pelas seções difíceis da face Rupal sem uma corda. Então, decidiram descer pelo lado mais suave do Diamir. Reinhold foi na frente. Em um certo ponto, na parte mais baixa da montanha, ele perdeu de vista seu irmão. Procurou por ele, mas encontrou apenas sinais de uma recente avalanche.
Décadas de acusações
No entanto, alguns membros da expedição não acreditaram nele. Hans Saler e Max von Kienlin consideraram Reinhold um alpinista demasiadamente ambicioso que não queria o mais fraco e menos experiente Gunther por perto.
Segundo as ordens de Herligkoffer, Gunther não deveria acompanhar Reinhold na tentativa de cume. Mas quando Reinhold partiu do acampamento alto, Gunther o seguiu mesmo assim. Saler e Kienlin acusaram abertamente Messner de abandonar seu irmão à morte durante a ascensão, antes de alcançarem o cume.
A controvérsia perseguiu Messner por 34 anos. Em 2004, a primeira bota e alguns ossos apareceram na Geleira Diamir. Um alpinista que procurava minerais para seus filhos tropeçou nos restos. Ao ouvir falar da descoberta, Messner viajou para o Campo Base do Nanga Parbat e queimou os restos em uma pequena cerimônia no local.
No entanto, ele levou algumas amostras para identificação genética. Os restos eram mesmo de Gunther. A controvérsia foi resolvida, e a bota foi exposta em um dos museus de Messner.
A segunda bota não era uma prova necessária, mas para Reinhold Messner, foi uma espécie de confirmação que “refutava as teorias conspiratórias sobre Gunther e a tragédia do Nanga Parbat”, ele escreveu.
“Gunther, obrigado e estou pensando em você.”
Fonte Explorersweb