Recentemente, a ONG The Ocean Cleanup compartilhou imagens chocantes em seu Instagram, revelando toneladas de lixo que estavam prestes a poluir o oceano. No vídeo, um trator – criado exclusivamente para a ação e denominado de Interceptor 008 – retira 3.000.000 kg de lixo que iriam parar no Mar do Caribe. A localização dessa intervenção foi o Rio Las Vacas, na Guatemala.
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As cenas geram um sentimento ambíguo. Por um lado, é reconfortante saber que a The Ocean Cleanup desenvolveu tecnologias capazes de evitar que vastas quantidades de lixo atinjam os oceanos. Por outro lado, elas nos confrontam com a realidade de que essa ONG, por mais brilhante que seja, não pode resolver sozinha o problema global do lixo que assola nossos mares.
Essa dualidade se torna ainda mais evidente ao relembrarmos o relato do onze vezes campeão do mundo de surf, Kelly Slater, que foi obrigado a abandonar um treino em Bali devido ao excesso de lixo no mar. “Não dava para surfar. Era muito lixo, com pedaços de plástico que ficavam presos ao leash. Chegou um momento em que a maré jogou tanta coisa ao nosso redor que era impossível ficar ali. Pela primeira vez na vida precisei sair do mar por causa da poluição”, disse ele de forma a chamar a atenção para a urgência da causa.
A ação da The Ocean Cleanup é louvável, e suas inovações, como a Interceptor 008, desempenham um papel essencial em desafogar os resíduos que já foram descartados de maneira irresponsável. No entanto, é imprescindível entender que não podemos depender apenas de soluções pós-consumo. O problema do lixo é um reflexo de uma sociedade pouco consciente e de hábitos que precisam ser repensados.
Além de apoiar as iniciativas das organizações, é crucial que cada indivíduo faça sua parte. Reduzir o consumo de lixo, recusar sacolas plásticas no mercado, evitar o uso de plástico de uso único, não descartar bitucas de cigarro no chão, reutilizar plásticos sempre que possível e exigir o descarte correto são passos fundamentais. Informar-se sobre como é feita a coleta na sua cidade e, acima de tudo, compreender que não existe mais “jogar fora” — o lixo permanece em nosso planeta, destrói biomas e vidas marinhas, além de demorar décadas e, às vezes, séculos para se decompor.
Somente com engajamento coletivo podemos garantir que não seremos obrigados a nadar em rios de lixos no futuro. A The Ocean Cleanup está fazendo sua parte; agora é responsabilidade de cada um de nós contribuir para impedir que esse triste cenário siga sendo realidade.