Uma notícia controversa vem causando alvoroço nos últimos dias: o Japão recebeu aprovação do órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas para liberar água radioativa tratada no Oceano Pacífico, proveniente do desastre nuclear de Fukushima. Essa medida tem gerado preocupações e debates acalorados sobre os possíveis impactos ambientais e para a saúde humana.
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Já se passaram mais de uma década desde o trágico terremoto de magnitude 9,0 e o subsequente tsunami que atingiram a costa do Japão em 2011, resultando em danos catastróficos na usina nuclear de Fukushima Daiichi. Desde então, a usina tem enfrentado o desafio de armazenar grandes quantidades de água contaminada, proveniente tanto do tsunami quanto dos sistemas de resfriamento ao redor dos reatores.
Atualmente, mais de 1,3 milhão de toneladas de águas residuais radioativas estão armazenadas em aproximadamente 1.000 tanques. Embora tenha sido realizada uma extensa purificação para remover a maioria dos nuclídeos radioativos, ainda persiste uma substância chamada trítio, que é difícil de separar completamente da água. Diante desse cenário, o Japão propôs a diluição da água tratada para reduzir os níveis de trítio a um patamar considerado seguro antes de ser liberada no oceano.
“Com base em sua avaliação abrangente, a AIEA concluiu que a abordagem e as atividades para o descarte da água tratada pelo Sistema de Processamento Líquido Avançado (ALPS) adotadas pelo Japão estão em conformidade com os padrões internacionais relevantes de segurança”, escreveu o Diretor-Geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, no relatório. “Além disso, a AIEA observa que as descargas controladas e graduais da água tratada no mar, conforme atualmente planejadas e avaliadas pela Tokyo Electric Power Company (TEPCO), teriam um impacto radiológico insignificante nas pessoas e no meio ambiente.”
Mesmo com a análise da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas, a aprovação não acalmou as preocupações de diversos grupos e organizações.
O Greenpeace, por exemplo, expressou veementemente sua oposição, argumentando que a política adotada pelo G7, que endossou o plano do governo japonês, prioriza interesses políticos em detrimento da ciência e da proteção do meio ambiente marinho. Segundo o Greenpeace, o oceano já está sob pressão devido às mudanças climáticas, sobrepesca e exploração de recursos, e a liberação da água radioativa de Fukushima apenas agravaria essa situação.
Apesar das polêmicas e preocupações, é provável que o Japão siga em frente com seu plano de liberar a água radioativa tratada no oceano.