A maioria das mudanças acontecem por consequência de momentos não muito bons. De uma viagem até uma coloração nova no cabelo, é do ser humano querer fazer grandes mudanças depois que tudo dá errado. Mas essa história aqui vai começar um pouco diferente, com uma pergunta simples: “por que não?”.
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Para aqueles que não me conhecem (e aqui eu imagino que seja a maioria de vocês), é importante saber que eu nunca fui uma pessoa esportista ou praticante da vida saudável, apesar de já ter feito vários bicos na infância como bailaria, karateca, ginasta, jogadora de vôlei, e muito antes do que posso me recordar, minha mãe conta que já fiz natação também. O currículo até parece bom, mas a verdade é que a vida passou e eu me tornei uma pessoa sedentária (assim como a maioria de nós), e além de toda a responsabilidade que a vida adulta exige, veio também aquele cansaço por acumular maus hábitos diários em praticamente todas as áreas da vida. E francamente? tá tudo bem, se isso não te incomoda e te faz feliz, mas além dos meus bicos de atleta na infância, outra coisa que vocês devem saber sobre mim é que eu não gosto de me sentir estagnada, sem objetivos e sem um plano reserva pra sair da zona de conforto. Pode ser o sol em aquário? o ascendente em virgem? Talvez! Mas quem é que não gosta de fazer alguma coisa que realmente vale a pena, que dá aquele friozinho na barriga e de bônus ainda te deixa feliz, com a saúde mental em dia?!
Há um mês eu estava na cobertura do Banco Master Rocky Mountain Games e lembro de ver cada atleta do trail run cruzando a linha de chegada tão emocionados, felizes e, apesar da exaustão pós-prova, exalando persistência e uma força gigantesca, que fizeram meus olhos encherem d’água diversas vezes. E mesmo alguns dias depois do evento, não saía da minha cabeça (e do coração) aquela vontade de viver o que eu nunca na vida imaginaria querer: correr uma maratona.
Alguns amigos e familiares até me perguntaram de onde veio essa decisão e eu sinceramente poderia listar várias razões que me fizeram escolher começar a correr, razões ótimas para discutir em terapia, inclusive, mas meu maior motivador neste momento é o “por que não?”. Eu acho que às vezes a gente passa tempo demais desejando fazer alguma coisa e, na maioria das vezes, acaba não fazendo por pura preguiça, procrastinação e sobretudo o medo de encarar o desconhecido.
Antes de definitivamente tomar a decisão de começar a treinar, eu tive medo, insegurança, questionei a minha capacidade para ser uma corredora, duvidei da capacidade do meu corpo gordo (porque a gordofobia vem de terceiros e as vezes da gente mesmo) e entre outros milhões de questionamentos a respeito de mim mesma. É bizarro como a nossa cabeça pode ser tão tóxica a ponto de não nos deixar caminhar pra frente. Mas eu caminhei e, apesar de saber que não será uma jornada simples, eu escolhi apenas colocar os tênis nos pés e dar os primeiros passos.
E na minha opinião, essa pode ser a forma mais saudável para se começar em qualquer esporte (ou fazer qualquer outra atividade). Gosto de pensar que estou colocando meu objetivo em um GPS: eu tenho certeza que ele vai me apontar a direção exata até lá, mas eu também sei que nada é permanente e não precisa ser perfeitinho, o foco é fazer a melhor escolha para cada momento do trajeto, adaptando e pegando rotas que vão me ajudar a chegar ao destino final sem tanta cobrança e peso nas costas.
E é isso que você irá acompanhar aqui nesta coluna, o pontapé inicial para fazer coisas que nunca vivi, mas que sempre evitei viver. Uma modesta e amadora corredora se preparando e desbravando o mundo da corrida, rumo aos seus primeiros 5km. Eu sei, eu disse que o objetivo é correr uma maratona, mas para ser gentil e realista comigo mesma, correrei um quilômetro de cada vez e eu espero que você me acompanhe nessa jornada. E se eu te inspirar a levantar da cadeira e ir fazer aquilo que você vem adiando faz tempo, eu me sentirei duplamente realizada.
Como a Ellen Valias do Atleta de Peso sempre gosta de lembrar: “É direito seu se exercitar, e isso não tem nada a ver com emagrecimento, estética e punição. Relacione a atividade física com bem estar, saúde mental e saúde física”.
A mudança para uma vida mais saudável pode ser trabalhosa, mas pode ser uma jornada incrível de autoconhecimento, recheada de boas experiências e momentos emocionantes.