Em nosso último encontro, eu (Cacá Filippini) disse para vocês que correr não se resume apenas ao ato de correr. Há uma série de cuidados e ferramentas complementares para quem quer ir mais longe, sem se machucar. Ainda complementei que, se em 2002, quando comecei a correr, tivesse feito da maneira certa e bem assistida, talvez não tivesse vivenciado tantos perrengues como corredora.
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Estabelecer uma meta de 5, 10, 15, 21, 42 ou qualquer quantia de quilômetros atualmente sem assistência, é um dos maiores erros que podemos cometer. Isso não significa que você não irá alcançar o estabelecido, mas sofrerá mais e, provavelmente, não terá um bom desempenho. Daí então, entra quem entende do assunto: o treinador / coach de corrida.
Quem vê o treinador Marcos Paulo Reis, 57 anos, sócio-fundador da assessoria esportiva MPR e ex-treinador de triatlo da delegação olímpica brasileira acompanhando seus “atletas” em provas de corrida, já o reconhece pelos seus incessantes comandos exageradamente audíveis. Haja garganta!
Em geral, se exercitam com ele e sua assessoria corredores que gostam de superar limites e se destacam pela disciplina. Confesso que, até conhecê-lo e observá-lo em uma maratona lidando com seus alunos, Marcos Paulo não era nem de longe minha primeira opção de treinador. Mas ao vê-lo literalmente cuidando da galera no km 35 em Barcelona, agora em novembro, mudei completamente a minha percepção.
E mais, ao fazer parte de um evento pós-maratona onde ele estava visivelmente emocionado com o desempenho e a superação de cada um que ali estava, após quase dois anos sem correr uma prova presencial, me fez repensar em tudo que acreditei nos últimos anos.
Para tomar de decisão de convidá-lo a estar comigo nesse desafio, eu só precisei ouvir dele: “Corrida é para todos. O corpo evolui conforme treinamos. Sei que a Covid é uma m… e faz estragos grandes, mas se você acreditar no meu protocolo, tiver disciplina, não furar nos treinos e seguir fazendo o que está fazendo de preparação física … vamos completar essa maratona!”. Dali em diante, já estou esperando meu primeiro “Porra, Cacá”, seja por algo positivo ou por bronca mesmo (risos).
Assim como o Dr. Nemi Sabeh, meu médico do esporte e das meninas da seleção brasileira de futebol feminino, que acredita na evolução corporal, Marcos Paulo me disse: “Maratona não são 42 quilômetros, são 7. Até o 35 é tudo lindo. Depois é que a coisa aperta. E aí, todo esse trabalho de força que você está fazendo com o Nemi e equipe, serão seu diferencial.”
Após meu teste no último dia 13, Marcos me disse: “Vamos com calma. Não quero que se machuque. Vamos respeitar seu corpo e o que você é hoje. Vamos com calma, mas vamos!”. E hoje, após meu quarto treino de corrida com cadências intervaladas, me sinto menos cansada, com a frequência cardíaca mais amena e controlada, menos dores nas pernas (herança da trombose que tive em janeiro, decorrente da Covid-19) e com maior capacidade respiratória.
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Por experiência, posso afirmar que uma assessoria esportiva é um meio de acompanhar o “atleta” e suprir as carências de um treino, seja pelo devido acompanhamento ou pela otimização da rotina esportiva. Sendo assim, tudo é feito de acordo com o meu perfil e meus objetivos, por meio de um treino personalizado, que pode ser ajustado de acordo com os meus resultados.
Daí a importância do “Feedback” claro e honesto ao término de treino. Falar das minhas dificuldades, não é demérito, mas sim, a informação necessária para o uso da ferramenta correta. O mais importante aqui não é ser melhor que alguém, mas superar a dificuldade de ontem e fazer o meu melhor, hoje!
Para chegar bem, feliz e realizada nos 42.195 km no dia 6 de novembro de 2022 em Nova York.