Você já conhece o coletivo Negritude Outdoor (@negritudeoutdoor)? Criado em 2020 pelo sociólogo Denilson Silva (@savagesatori) e pelo designer Léo Ferreira (@tracklandco), o coletivo é fruto de um questionamento em comum: Quantos praticantes de esportes e atividades outdoor pretos/pretas você conhece e lembra de cabeça?
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Pode parecer uma questão sem importância para olhares desatentos ou desinteressados, mas ao constatarmos que no imaginário (e na prática) quase não havia referências ou praticantes pretos/pretas no universo outdoor, enxergamos um problema socioestrutural que não era e não é levado em consideração – o que chama ainda mais atenção em um país como o nosso, onde mais da metade da população é preta.
Historicamente a população preta tem sido alijada de quase todos os espaços, e infelizmente isto também acontece nos esportes e atividades outdoor. Os motivos são vários, mas todos remetem à mesma raiz: o racismo estrutural, que de formas sutis ou explícitas suprime direitos e presença, silencia as vozes e paralisa as ações.
Por isso quase nunca estamos nas revistas, nos documentários, nas propagandas, nas competições, ou entre os que ocupam algum protagonismo neste segmento, que é um dos que mais cresce ao redor do mundo.
De uns tempos pra cá, especialmente após o boom do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) isso vem mudando, mas a passos lentos, seguidos de uma série de ressalvas e contrapontos, a começar por frases como “somos todos iguais” ou “todas as vidas importam”.
Mas o ponto é: Não somos igualmente representados e respeitados!
Um exercício simples é visitar qualquer perfil digital de uma marca outdoor, folhear uma revista ou observar destinos de aventura e questionar, no mínimo, se a parcela preta de nossa população está presente ali. E isso não se resume a números, mas envolve também a forma como somos representados.
O Negritude Outdoor surge da busca por representação, mas pretende caminhar além disso, já que o real intuito não é “apenas” mostrar que existimos, mas expandir a presença de pretas e pretos do universo outdoor brasileiro em todas as escalas. É um ato por representatividade, diversidade e empoderamento!
Queremos ver pretas e pretas curtindo e sendo agentes criativos nos esportes e atividades outdoor. Queremos atletas representando companhias socialmente engajadas nos esportes outdoor, empreendedores produzindo e apresentando suas próprias marcas de roupas, equipamentos e serviços, conscientes, enfim, de que esse espaço também é nosso, pois também temos o direito de ser parte da celebração da vida ao ar livre!
Este post é o primeiro de uma série especial comandada pelo Negritude Outdoor na Semana da Consciência Negra. Ao longo dos próximos dias, vamos apresentar pessoas do coletivo nas plataformas da Go Outside. Estendemos o convite a toda a comunidade outdoor para refletir e agir com a gente: O que podemos fazer para entendermos uns aos outros e caminharmos juntos?