#365para42: Metas que nos motivam

Por Cacá Filippini

Ao longo da vida, eu @cacafilippini, aprendi através de algumas frustrações que, se não estabelecermos metas de forma inteligente, em poucos dias, elas se tornam “planos” que nem foram para o papel e só caíram no esquecimento.

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Mentora financeira, Cintia Myai me ensinou uma nova forma funcional de estabelecer metas, usando a técnica: SMART, sigla em inglês que significa:

– Specific (específico)
– Measurable (mensurável)
– Achievable (atingível)
– Realistic (realista)
– Time-bound (temporal)

Os critérios SMART afirmam que metas claras, atingíveis e estratégicas são a forma mais eficaz de criar marcos e métricas concretos.

Assim, no dia 10 de agosto, tão logo soube que meus padrões fisiológicos estavam reestabelecidos, criei minha primeira meta. E ao invés de estabelecer genericamente: “voltar a correr”, defini uma meta SMART: “Correr 10 km na Maratona de Florianópolis, no dia 10 de outubro de 2021”, o que chamei de #60pra10.

As metas SMART são etapas individuais de uma estratégia bem pensada para atingir objetivos maiores. Para isso, precisava ter certeza das minhas condições reais de realizar o feito. Ninguém melhor para me ajudar nisso do que meu médico do esporte, Dr. Nemi Sabeh, que me acompanha há alguns anos e tem toda a expertise de tirar metas do papel e realizá-las.

Meu passo inicial foi subir na esteira e realizar meu primeiro teste ergoespirométrico pós-Covid, também conhecido como teste cardiopulmonar. O exame alia o teste ergométrico com a análise dos gases expirados durante o exercício físico e tem como objetivo fornecer variáveis como: consumo direto de oxigênio, VE/VCO2 slope, OUES, dentre outras. Em poucas palavras, entender “se” e “por quanto” tempo eu conseguiria manter uma corrida, mesmo que em um ritmo bem lento.

Dr. Nemi, junto com a equipe da ON Evolução Corporal, traçou algumas etapas dentro dos 60 dias, em que mobilidade, força e o cardiorrespiratório seriam trabalhados através da preparação física, LPO (levantamento de peso) e os treinos de corrida.

Foi uma jornada bastante intensa, com atividades seis por semana. E não pensem que foi fácil, que eu acordava todos os dias com vontade de treinar. As dores de cabeça sempre presentes e o atual desequilíbrio hormonal (herança pós-Covid) tiravam meu pique. É como se eu fosse pra balada todas as noites e tivesse que acordar cedo para trabalhar. Só que a verdade é que as mais de 9 horas de sono por dia não eram suficientes para o meu organismo descansar.

Como resultado, “cabulei” alguns treinos e em outros fui “arrastada” pela minha meta! Sim, se não a tivesse tão clara para mim, não teria conseguido.

Embora isso não seja uma novela mexicana, tem mais um drama… A prova de corrida oficial em que eu estava inscrita foi cancelada 40 dias antes, o que me trouxe o desafio de correr os meus primeiros 10K sem a energia que as provas de rua possuem, em um percurso desconhecido pra mim.

No início da semana, antes da minha partida rumo à capital catarinense, subi mais uma vez na esteira para definir com o Dr. Nemi qual seria a minha velocidade e frequência cardíaca médias para percorrer a distância sem extrapolar os esforços e comprometer minha reabilitação.

E lá fui eu, de São Paulo para Floripa, com meu tênis, relógio para controlar minha frequência cardíaca e um friozinho na barriga de quem teria que fazer 3 km a mais, do que estava fazendo, para alcançar os 10K.

Meu marido, Antonio Dib Cardeal, maratonista e mega companheiro – que não desgrudou de mim em momento algum durante os sete meses e seis dias mais críticos da Covid – também se manteve comigo nesses meus 10 primeiros “novos” quilômetros.

Longe do que já fiz um dia, escrevi o primeiro capítulo dessa minha nova relação com a corrida. Nos dois quilômetros iniciais, muito emocionada, precisei ajustar meu “pace” (passada – velocidade). Em seguida, comecei a sentir dores na canela e precisei fazer um novo ajuste na forma de correr. Dali até o sétimo quilometro, revivi muitos momentos difíceis, e os usei como inspiração para seguir adiante. Chorei, parei, respirei, perdi o ar e ouvi meu marido dizer: “Você consegue!” e ganhei mais um fôlego para seguir.

Ao contrário de antes, meu último quilômetro foi o mais prazeroso de toda a minha vida. Entregue a sensação de “deu tudo certo!”, sentindo a garoa na minha pele, e a brisa do mar no meu rosto.

Aqueles últimos minutos foram uma viagem maravilhosa para um futuro que comecei a desenhar ali, diante de um dos cartões postais da cidade. Fechei os 10K e me abri para todos os km que a vida me trará. Novas metas, novos sonhos e novas realizações para compartilhar com vocês…