Uma pesquisa publicada pela revista científica Lancet Planetary Health mostrou que quatro em cada dez jovens em todo o mundo hesitam em ter filhos por causa das mudanças climáticas. Além disso, eles temem que os governos estejam fazendo muito pouco para evitar a catástrofe climática.
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O estudo, intitulado Young People’s Voices on Climate Anxiety, Government Betrayal and Moral Injury: A Global Phenomenon, foi conduzido e analisado por sete instituições acadêmicas no Reino Unido, Europa e Estados Unidos. Fizeram parte da pesquisa cerca de 10.000 jovens do Brasil, Austrália, Finlândia, França, Índia, Nigéria, Filipinas, Portugal, Reino Unido e EUA.
Quase seis em cada 10 jovens, com idades entre 16 e 25 anos, estavam muito ou extremamente preocupados com as mudanças climáticas. Um número semelhante dos participantes disse que os governos não os protegiam, nem ao planeta, nem às gerações futuras, e se sentiram traídos pela geração mais velha e pelos governos.
Três quartos concordaram com a afirmação “o futuro é assustador” e mais da metade sentiu que teria menos oportunidades do que os seus pais. Quase metade relatou sentir-se angustiado ou ansioso com o clima de uma forma que estava afetando suas vidas diárias e funcionamento.
Agora é comum que os jovens se preocupem em ter filhos, de acordo com Luisa Neubauer, uma ativista climática de 25 anos, que ajudou a conquistar a vitória judicial que obrigou o governo alemão a reavaliar suas políticas climáticas.
“Eu conheço muitas meninas que perguntam se ainda é ok ter filhos. É uma pergunta simples, mas diz muito sobre a realidade climática em que vivemos”, contou Luisa. “Nós, jovens, percebemos que apenas nos preocupar com a crise climática não vai impedi-la. Assim, transformamos nossa ansiedade individual em ação coletiva. E agora, estamos lutando em todos os lugares: nas ruas, nos tribunais, dentro e fora de instituições em todo o mundo.”
Caroline Hickman, da University of Bath, Climate Psychology Alliance e coautora principal do estudo, disse: “Este estudo mostra um quadro horrível da ansiedade climática generalizada em nossas crianças e jovens. Isso sugere pela primeira vez que altos níveis de sofrimento psicológico na juventude estão ligados à inação do governo”.
“A ansiedade de nossos filhos é uma reação totalmente racional, dadas as respostas inadequadas dos governos às mudanças climáticas. O que mais os governos precisam ouvir para agir?”, completou.