Fala-se muito das multidões do Everest. Com a pandemia, esse problema teve uma trégua, já que a maior parte das expedições foi cancelada ou adiada. Mas o respiro na montanha não resolve o outro problema gritante do montanhismo no Himalaia: o lixo do Everest e das outras montanhas mais procuradas do Himalaia.
A remoção de lixo e dejetos humanos da montanha se tornou um evento anual. Este ano, esses esforços serão liderados pelos militares nepaleses. A temporada de escalada da primavera está a menos de um mês do início. Com isso, equipes de escaladores de todo o mundo estão se preparando para descer em Katmandu. As equipes logísticas locais já estão se dirigindo ao acampamento-base e a expectativa é que muita gente que não pode ir ano passado por causa do coronavírus tente este ano. O próprio Nepal espera que o turismo de montanha ajude na recuperação econômica, apesar da incerteza sobre a possibilidade sanitária de manter fronteiras abertas.
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Uma das equipes responsáveis é um grupo de 43 soldados nepaleses, que têm a tarefa de remover o máximo de lixo do Everest que puderem encontrar e carregar. Em 2019, um grupo de 14 sherpas conseguiu descartar mais de 10.386 kg de resíduos por conta própria, portanto, as expectativas são bastante altas para este ano.
Grande parte do lixo encontrado no Everest consiste em recipientes e embalagens de alimentos descartados, junto com equipamentos descartados, como roupas e tendas. Em altitudes mais elevadas, há também um grande número de garrafas de oxigênio vazias deixadas para trás por escaladores anteriores. Os itens não perecíveis recuperados são transportados de helicóptero de volta a Katmandu, onde o lixo é encaminhado para uma usina de reciclagem.
Embora o lixo do Everest tenha se tornado um problema amplamente divulgado, a montanha mais famosa do Nepal não é a única que enfrenta desafios ambientais. Desde o surgimento da escalada comercial em meados da década de 1990, muitos dos picos de escalada populares do país viram um fluxo significativo de visitantes, que deixaram para trás cada vez mais lixo.
Para tentar minimizar o problema, a unidade de limpeza militar, com a ajuda de uma equipe de sherpas experientes, também vai visitar outros cinco outros picos também nesta primavera. A lista expandida de montanhas inclui Pumori, Ama Dablam, Makalu, Dhaulagiri e Lhotse. Destes, Makalu, Dhaulagiri e Lhotse fazem parte do clube de 8.000 metros junto com o Everest, enquanto Pumori e Ama Dablam são picos de treinamento populares.
Os picos que fazem parte desse esforço de limpeza foram escolhidos por vários motivos, entre eles a localização. As seis montanhas estão a uma distância relativamente curta umas das outras, o que facilita muito a coordenação da logística da operação, ao mesmo tempo que causa o maior impacto possível na limpeza.
Todos esses esforços fazem parte de um compromisso do governo nepalês, que está empenhado em não apenas limpar as montanhas, mas também em evitar que fiquem poluídas novamente. Só na operação deste ano, estão sendo investidos US$ 850.000, junto com regulamentos mais rígidos para os escaladores e suas equipes de apoio, que devem tornar as escaladas mais limpas.
Há vários anos, todas as equipes de expedição no Everest são obrigadas a levar todo o lixo e resíduos que criam enquanto estão na montanha. Cada alpinista também deve pagar um depósito de lixo de US$ 4.000 antes de partir para a montanha. Esse depósito é totalmente reembolsável, desde que o indivíduo recolha 8 kg de lixo por conta própria. Quando você considera que mais de mil pessoas tentam escalar o Everest do lado nepalês da montanha a cada ano, a quantidade de lixo produzida constantemente é enorme.
Embora ainda haja muito trabalho a ser feito para reverter os danos deixados por décadas de negligência, esses esforços começaram a dar frutos. O Everest e seus vizinhos já estão em uma situação um pouco melhor do que anos atrás. Com as campanhas de limpeza em andamento definidas para os próximos anos, dá para ver uma luz no fim do túnel com relação ao lixo do Everest, uma boa notícia para comemorar com a retomada da temporada 2021 do Himalaia.