Se você ama montanhismo, deve conhecer Reinhold Messner. Esse alpinista sul-tirolês é uma verdadeira lenda. Atualmente com 76 anos, está aposentado das grandes aventuras que o tornaram célebre. Mas ele ainda tem muita história para contar, como nesta entrevista dada ao jornal italiano Il Sole 24 Ore.
Mas se você não conhece Reinhold Messner ainda, vamos lá. Aos 5 ele já estava escalando com os pais e os irmãos chegando a 3.000 metros. Quando tinha 20 anos, já abria rotas de escalada cabulosas nas Dolomitas (“a minha casa”, diz ele, aquele que nasceu em Bressanone em 1944).
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Em meados da década de 1980, ele já havia escalado todos os 8.000 metros do Himalaia. Sempre sem oxigênio suplementar. Depois, com o passar dos anos, a escolha de continuar explorando, mas horizontalmente, da Antártica, 2.800 quilômetros de gelo em 92 dias (“uma das mais belas viagens que eu poderia ter feito: cansativa e perigosa” – lembra ele), para o deserto de Gobi. E para escrever livros, fazer filmes, divulgar a cultura do montanhismo com um museu muito popular e ajudar as populações de montanha com uma fundação (a Messner Mountain Foundation). Também apoiado pela casa de moda Montblanc que dedicou um relógio a Reinhold Messner, um gigante do montanhismo mundial.
Acesso ao excesso de tecnologia, ele vai para a montanha sempre com o mínimo, se garantindo pela experiência e pelo preparo. Um dos poucos acessórios indispensáveis é o relógio – até por isso ele recebeu o convite da Montblanc para ser o homenageado de um modelo especial de relógio aceitou. “O relógio é o único meio técnico que utilizo: sempre tive um para organizar meu tempo porque sei, quando você chega a um cume, quantas horas você tem até o anoitecer, quando deve ter voltado para a cortina ou para um buraco de neve para aquecê-lo, é essencial.”
Entre os feitos marcantes de Reinhold Messner está justamente ir leve e não usar cililndros de oxigênio. “Naquela época, há 40 anos, era óbvio usá-los, porque a pressão em grandes altitudes é muito baixa e falta oxigênio. A medicina dizia que sem os cilindros era a morte. Demorou 7 para chegar ao topo do Everest. Em vez disso, pude demonstrar que era possível não usá-los: não só era mais elegante de subir, mas também menos pesado do ponto de vista econômico”, disse a lenda ao jornal italiano. Isso baixava o custo das expedições ao reduzir a necessidade de sherpas. “Eu não tinha como fazer uma expedição pesada e cara. A escolha era entre escalar sem ou não escalar”, conta.
Sobram críticas e petardos, claro, para o turismo de alta montanha. Messner critica quem sobe totalmente dependente de uma megaestrutura caríssima de apoio, que minimiza o esforço. “Existem centenas de sherpas preparando a subida do Everest e uma viagem até o topo pode ser comprada em agências. Isso não tem nada a ver com meu montanhismo. Tive ideias e as concretizei. Hoje você compra uma carona”, disse o alpinista.
Ele lembrou também momentos que são épicos de fora, mas inusitados como experiência. Como quando chegou ao topo do Everest. “É estranho porque durante meses você se prepara, sobe, sobe e no final, se chega ao topo, você só quer descer. E a descida também é cheia de perigos.”