A Smart Fit, maior rede de academias da América Latina, realizou uma pesquisa online para identificar se as mulheres praticantes de atividade física sofrem algum tipo de assédio na rua, no seu caminho até o local onde realizam exercícios físicos. Batizada de #DEIXAELATREINAR, a amostragem feita em parceria com a Opinion Box, foi realizada com 1.050 mulheres, de todos os estados do Brasil, e mostra que cerca de 54% das entrevistadas já sofreram com comentários desconfortáveis durante o percurso.
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“Que beleza, hein, morena? “, “Tira esse shortinho”, “Vai pra onde com essa bunda?” e “Se eu te pego, faço um estrago” foram algumas frases relatadas pelas mulheres durante a entrevista. Muitas disseram que já deixaram de usar alguma roupa que gostariam de vestir por medo de algum homem mexer com elas no meio do caminho.
Assédio na rua: como foi feita a campanha
Para levantar a discussão sobre o tema, a Smart Fit foi para as ruas de São Paulo com uma câmera escondida e gravou o trajeto de 10 mulheres até seus locais de treino. Elas caminharam por diferentes bairros com roupas de ginástica até o lugar onde praticam atividade física. Em menos de 20 minutos de gravação, foi possível observar diferentes tipos de assédio na rua, como falas machistas e muitos olhares invasivos por onde elas passavam.
“Fiquei satisfeita em poder participar de uma causa da qual faço parte. Além de trabalhar na produção do vídeo, pratico exercícios e sempre me questiono com que roupa devo ir. Na praia, costumo correr de top, mas, em São Paulo, sempre uso uma camisa por cima”, diz Renata Ursaia, diretora do vídeo de #DEIXAELATREINAR, produzido pela Pletora Filmes. “Nunca achei que seria tão explícito. Pelo filme deu pra ver todo o tipo de assédio, de todas as idades, e dirigido a todos os tipos de mulheres”, relata.
Renata acredita que pelo fato de o assunto estar sendo discutido com mais frequência faz com que as pessoas voltem seus olhares às questões femininas. “O tema ainda está longe de ser resolvido, mas o primeiro passo é termos uma consciência coletiva de que esse problema existe. O #DEIXAELATREINAR contribui muito para isso”, conclui. De acordo com a pesquisa, 45% afirmaram que olhares, assobios, buzinas e comentários machistas são cotidiano em sua rotina até a atividade física.
A pesquisa
A pesquisa ainda mostrou que mais de 80% das mulheres preferem se locomover a pé para irem treinar, apesar do assédio na rua. Para Louise Bussi, produtora de eventos e participante da campanha, não é possível se sentir segura em São Paulo. “Participar da ação foi apenas comprovar o que costumo passar no meu cotidiano. As pessoas têm que entender que nosso corpo não é um convite. Nós queremos andar livres, independentemente da roupa que estamos usando. É péssimo você andar na rua e se sentir um pedaço de carne”.
A Smart Fit ressalta que recrimina qualquer tipo assédio e abraça de forma integral e legítima todas as causas da mulher. Elas são um público substancial da rede, contribuindo para ser a terceira maior rede de academias do mundo.