Você ama a corrida e quer viajar para um lugar novo? Então aproveite para correr e ao mesmo tempo conhecer os pontos turísticos destes seis destinos pelo Brasil e no mundo.

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PORTUGAL

O Castelo de São Jorge, em Lisboa, oferece uma vista incrível. Mas acançá-lo pede um bom fôlego

Senhorzinho de 840 anos, Portugal abriga monumentos, museus e palácios mais antigos que o Brasil. Se você for curtir as férias em Lisboa, consegue correr em rotas para todos os tipos de condicionamento. “Contudo é preciso ficar atento à grande quantidade de colinas na região, uma vez que elas podem adicionar muitas subidas e descidas em seu treino. Lugares como o Castelo de São Jorge, Graça, Alfama e Chiado possuem ruas estreitas e com ladeiras pesadas. E aqui é muito quente no verão, então o melhor horário para a prática de exercícios é pela manhã”, diz o publicitário brasileiro Sérgio Lobo, que mora lá há um ano e meio.

Quem quer evitar surpresas desagradáveis durante a aventura pode recorrer à Lisbon City Runners, uma assessoria especializada em promover tours com corredores estrangeiros. “A ideia surgiu durante uma visita ao sul da França. Na época, eu me preparava para a Maratona de Lisboa, então não podia deixar de fazer meu treino de 30 km. Como não conhecia o lugar, fiquei dando inúmeras voltas em torno do hotel. Foi aí que entendi que os atletas, em viagem, poderiam precisar da ajuda dos corredores locais”, conta Pedro Vieira, cofundador da LCR. A empresa oferece, atualmente, nove trajetos diferentes pela cidade portuguesa em pacotes que incluem um guia (que busca a pessoa no hotel e a leva de volta), água e fotos dos pontos visitados.

Tanto Sérgio quanto Pedro deram boas dicas para quem busca desbravar Lisboa com a corrida. Confira:

Roteiro 1: Beira do rio Tejo

Distância 10 km

“O percurso à beira do rio Tejo é excelente por ser plano e ter várias atrações em toda a sua extensão. Você consegue, por exemplo, cruzar a parte central da cidade começando embaixo da ponte 25 de Abril, um ícone lisboeta. Mais à frente, você verá o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) logo após 500 metros de corrida. A arquitetura do lugar deixa qualquer um de queixo caído!

Depois tem o epicentro do turismo em Belém: o Padrão dos Descobrimentos, de um lado, e o imponente Mosteiro dos Jerônimos, do outro. Ainda pela beira do rio, vá em direção à Torre de Belém, outro ponto muito famoso. Até aí o percurso já soma 3 km. Dê meia-volta, e os 6 km passarão rapidamente.

Para completar os 10 km, o roteiro continua: de volta à ponte 25 de Abril, você precisará ir em direção à Doca de Alcântara, que concentra diversos restaurantes, e chegar ao Cais do Sodré. O ponto final é a Praça do Comércio, um lugar lindo, mas que exige paciência devido à quantidade de turistas. Quando faço meu longão, repito a rota”, relata Sérgio.

Roteiro 2 Trajeto do Castelo de São Jorge

Distância 9 km

“Fazemos um caminho que termina no Castelo de São Jorge. Mas não sem antes passar pelos bairros da Graça e Alfama, o Mosteiro de São Vicente de Fora e o Panteão Nacional. A chegada no alto do castelo é uma conquista para os turistas, pois são muitas as subidas. Mas dá para variar – de acordo com a disponibilidade física do atleta  – o percurso.

Costumo dizer que, no fim de cada inclinação, há sempre uma bela vista como prêmio pelo esforço. Desde as famosas Portas do Sol, uma das mais antigas portas da cidade, até o Miradouro da Graça e o Miradouro da Senhora do Monte. Toda a rota é desenhada em circuito, ou seja, começa e termina no mesmo lugar, mas sem repetir locais de passagem”, explica Pedro.

MENDOZA, ARGENTINA

Portão de entrada do Parque de los Pueblos Originarios, grande área verde e ótimo espaço para os treinos

Se você é um amante dos climas mais amenos, provavelmente está com passagens compradas para algum país da América do Sul. E as vantagens de partir para nossos vizinhos incluem também “preços mais baixos, grande disponibilidade de voos e a possibilidade de conhecer neve”, explica Flávio Louro, diretor geral da E-HTL.

Mendoza, na Argentina, foge das tradicionais Buenos Aires e Bariloche, mas anda ganhando espaço na agenda dos brasileiros. “Recebe principalmente casais que buscam bons vinhos”, conta Rogério Leites, diretor de planejamento da RCA Turismo. A cidade também costuma servir de parada para escaladores e corredores adeptos da trail run que vão para o Aconcágua, famosa montanha da Cordilheira dos Andes, que fica a 112 km da cidade.

Mas isso não quer dizer que você não encontre roteiros legais para fazer na área urbana. “O Parque de los Pueblos Originarios é todo de paralelepípedos e com calçadas batidas com cascalho. O que torna a experiência de correr por lá bem diferente”, fala José Júnior, corredor e ultramaratonista de São Paulo. Ele, que fez a Maratona de Mendoza no fim de abril deste ano, dividiu seus percursos com a Runner’s World Brasil:

Roteiro 1 Av. del Libertador e Parque de Los Pueblos Originarios

Distância 5 km

“Comece na av. del Libertador em direção ao Parque de los Pueblos Originarios, mais especificamente na rotatória que liga a rua Ozarli à Arq. Carlos Thays. Corra quase toda a volta do parque, que tem um portão de entrada magnífico! Depois volte pela mesma avenida, só que, em vez de parar na rotatória, continue adiante. Você vai chegar numa fonte chamada Caballitos de Marly. É bem bonita para fotografar.”

Roteiro 2 Universidade Nacional de Cuyo

Distância 10 km

“Outra rota interessante que fiz foi percorrer a UNCuyo. O ambiente lembra uma típica cidade universitária: repleta de verde e animais. Para não ficar somente nos 5 km, eu estiquei um pouco e dobrei a distância. Por isso comecei no mesmo ponto da rota 1. Em vez de seguir pela av. del Libertador, fui pela rua Ozarli até entrar na UNCuyo. Percorri quase toda sua extensão até encontrar uma saída na av. Champagnat, que dá para a av. del Libertador, bem na altura do Parque de los Pueblos Originarios. Depois retornei ao ponto inicial do primeiro roteiro.”

NOVA YORK, ESTADOS UNIDOS

Vale acordar mais cedo para fazer o percurso da Brooklyn Bridge, assim você evita encontrar o lugar cheio

Combinar o passeio em família com um treino em uma das majors parece o plano perfeito de todo corredor. Mas são tantas as possibilidades de roteiros que você pode ficar perdido na hora de decidir quais caminhos fazer. E, como toda metrópole, ainda vai ter que lidar com alguns incômodos. “Se for para a rua, tome cuidado. Lá é muito movimentado, com um trânsito muito intenso de carros e pedestres”, diz Rodrigo Lobo, dono da Lobo Assessoria Esportiva. Ele ainda sugere duas opções distintas, uma mais perto da natureza e outra com a paisagem urbana ao fundo. Os dois mapas estão disponíveis no aplicativo de corrida Strava:

Roteiro 1 Central Park

Distância 9,7 km

A volta em torno de um dos parques mais famosos do mundo é um clássico que nunca decepciona. Sem contar que, enquanto você corre, seus filhos e amigos conseguem desfrutar de um piquenique. Bem localizado, fácil de chegar (não faltam linhas de trem e ônibus por lá) e com ótima infraestrutura (banheiros, bebedouros e pontos de referência em abundância), o Central Park é a escolha certa para você não passar sufoco. “É fácil de percorrer porque quase não possui elevações”, conta Rodrigo. As muitas pessoas que treinam por lá também podem te dar um gás extra.

Roteiro 2 Pontes do Brooklyn e de Manhattan

Distância 9,5 km

“Na minha opinião, uma das pontes mais legais para correr é a do Brooklyn. Você vai até Manhattan e volta”, diz Rodrigo. Se não quiser ficar desviando das pessoas pelo caminho, vale acordar mais cedo.

Saia do centro de Nova York em direção à ponte do Brooklyn. Depois de atravessá-la, você cairá no Cadman Plaza Park, um local conhecido por seu grande e lindo gramado verde. Depois corra até os píers e, quando chegar no de número 6, vire na Atlantic Avenue para fazer o caminho de volta, cujo retorno ao centro de Nova York se dá pela ponte de Manhattan.

SERRA GAÚCHA, RIO GRANDE DO SUL

Vista de um dos mirantes da Trilha do Rio Caí, um percurso de 3 km

A Serra Gaúcha é uma grande área localizada no nordeste do Estado do Rio Grande do Sul na qual fazem parte diversos municípios, como Gramado, Canela e Nova Petrópolis. E o nome já denuncia: as altitudes elevadas (de até 1.300 metros) podem exigir um pouco mais do seu fôlego se você decidir treinar por lá. “As cidades do Sul são muito procuradas no inverno justamente pelo clima frio. A Serra Gaúcha possui grandes influências italiana e alemã e, devido a isso, tem produções de ótimos vinhos e espumantes”, afirma Rogério.

Leonardo Ribas é sócio proprietário da Assessoria Esportiva Percorrer Atividades Físicas e treinador de atletismo no projeto de extensão Locomotion, da UFRGS. Expert em treinamento de corrida e conhecedor das trail runs da região, ele também deu duas dicas bem legais para quem prefere o asfalto. Veja só:

Roteiro 1 Gramado a Canela

Distância 9,2 km

“Gramado, por se tratar de uma cidade um pouco maior, tem muitas possibilidades gastronômicas, assim como locais para correr. Nessa cidade, se você for ficar no mínimo de um a dois dias, é possível treinar em trilhas, vales, ao redor do lago Negro (trajeto de 750 metros) e, como muitos turistas optam, ir pela estrada que
liga Gramado a Canela. Um trajeto não tão plano, porém nada complicado de se fazer, de aproximadamente 9,2 km pela av. das Hortênsias e a av. Don Luiz Guanella. Não tem como errar: é uma reta só, e em seu decorrer você passará por inúmeros museus, lojas e restaurantes de fácil acesso. Desse modo, dá para conhecer as duas cidades em um único treino.”

Roteiro 2 Centro de Canela ao Parque  da Ferradura + Trilha do Rio Caí

Distância 16 km

“Já Canela possui um local muito interessante, o Parque da Ferradura. Fica a 13 km do centro da cidade, então uma dica para quem quer encarar o longão e trabalhar diferentes altimetrias e pisos (asfalto e terra batida) é fazer o percurso (o que ainda possibilita conhecer a cidade e suas características) e ainda realizar a Trilha do Rio Caí, a principal do parque”, diz o treinador. A rota contém aproximadamente
3 km, o que daria um total de 16 km.

Chegando em meio à natureza, é hora da trilha, que possui quatro etapas. O primeiro trecho leva a dois mirantes que mostram a vista da Cascata do Arroio Caçador, locali- zados a 700 metros acima do nível do mar. O segundo é uma descida até os 550 metros de altitude e, apesar de ser o maior trecho, é considerado o menos difícil de se vencer. O terceiro tem início a 550 metros de altura, ponto onde as trilhas do Rio Caí e do Pórtico se encontram, e termina a 450 metros, no leito do Arroio Caçador, acima da queda d’água.

Já o quarto e último trecho vai de 450 a 400 metros de altura e pode demandar um pouco mais de cuidado, uma vez que possui um declive acentuado e bastante umidade. No fim, o visual do pé da Cascata vai fazer você se sentir renovado. “A vista principal do parque, com mais de 400 metros de altura, é incrível. Lá, é possível perceber o formato de ferradura do lugar, que leva o nome por conta disso”, explica Leonardo.

MACEIÓ, ALAGOAS

Totem “Eu amo Maceió”, localizado na orla do litoral da cidade

Quem vive em regiões litorâneas entende como é bom correr pela orla da praia. Os moradores de Maceió, capital de Alagoas, sabem aproveitar bem a paisagem privilegiada. “Por aqui, as pessoas treinam de tudo: triathlon, natação, corrida de rua… A cidade possui cerca de 35 km de litoral (com faixas adequadas para corredores), então dá para imaginar a quantidade de provas que se realiza na cidade (quase uma por semana!). Anualmente também acontece o Ironman”, afirma Joaze Santos, ultramaratonista e organizador de corridas na cidade.

Roteiro 1 Praia de Pajuçara à praia de Ponta Verde

Distância 10 km

“A maioria ama o trecho entre as praias de Pajuçara e Ponta Verde, um percurso de 10 km. E da calçada para o mar são poucos metros, então, depois de completar a distância, você com certeza vai querer se refrescar com um mergulho. O percurso passa pelas estátuas de bronze de Graciliano Ramos e Aurélio Buarque de Holanda e pelo totem escrito ‘Eu amo Maceió’.”

Roteiro 2 Orla da praia de Jaraguá

Distância 7,3 km

“Da praia de Jaraguá, é possível avistar inúmeros monumentos. A começar pelo porto, um local que conta com muitas lojinhas e armazéns. Continuando pela av. Assis Chateaubriand, ainda tem o Memorial à República. Até o seu fim, você verá o Museu Theo Brandão e outras construções antigas e históricas.”

ROTA DAS EMOÇÕES

Lençóis Maranhenses: no mês de julho, há a formação das lagoas naturais

O complexo 3 em 1 reúne algumas das paisagens mais bonitas do país. E é a escolha certa para quem quer conexão com a natureza e aventuras. Lençóis Maranhenses, no Maranhão, Delta do Parnaíba, no Piauí, e Jericoacoara, no Ceará, formam o roteiro da viagem que promete águas cristalinas, areia branca e fofinha e dias ensolarados. E por que julho? “Porque é quando as lagoas estão cheias depois de um longo período de chuvas na região (de dezembro a junho). Recomendamos sempre uma estadia de no mínimo sete dias se você quiser aproveitar ao máximo”, diz Daniel Firmino, diretor de produtos nacionais da Flytour Viagens.

Os espaços propícios para treinar são mais difíceis de encontrar e possuem algumas características nas quais você deve prestar atenção. Três profundos conhecedores da Rota das Emoções dão dicas para corridas sem muita dor de cabeça:

Roteiro 1 Lençóis Maranhenses

Distância 10 km

“As dunas são lindas e podem ser muito convidativas para uma corrida apreciando a vista. Mas meu conselho é: se você não conhece Lençóis e quer treinar sozinho, não faça isso! O horizonte repetitivo pode confundir os menos preparados, e as chances de você ficar perdido no meio dos levantamentos de areia são enormes. Se for o caso, vale pedir ajuda aos guias locais.

Isso sem falar no chão fofo e nas subidas constantes, que dificultam a vida até dos corredores experientes. O vento por lá sempre sopra na mesma direção, então o ideal é correr com ele a nosso favor. Desse modo, o solo fica mais rígido, e você não sofre com os grãos no rosto.

Contudo ainda há saída para quem quer completar um treino ou fazer um longão. Sugiro ir com a família e os amigos para Atins. O vilarejo de pescadores é lindo e possui infraestrutura para turistas (o Restaurante da Luzia, por exemplo, serve ótimas porções de frutos do mar fresquinhos). A rota dos 10 km pode começar por lá, e quem não quiser acompanhar fica curtindo o local.

Corra na direção de Santo Amaro, na faixa de areia mais próxima ao oceano. Assim, você utiliza a costa como referência e vai margeando as dunas. Não há placa para sinalizar quantos quilômetros você já percorreu, então leve um relógio ou pulseira de corrida.

Por fim, não esqueça algumas dicas mais práticas. Os lagos costumam ser de água potável. Mas, para garantir, saia com uma mochila de hidratação com, no mínimo, 1,5 litro do líquido. Manguitos, pernitos e protetor solar também são essenciais – o vento pode até enganar, mas os níveis de radiação solar são muito altos”, aconselha o educador físico Felipe de Almeida Silveira, sócio e fundador da FF Sports, assessoria esportiva do Rio de Janeiro que promove, anualmente, expedições ao Maranhão.

Roteiro 2 Cajueiro Rei à praia de Barra Grande, Delta do Parnaíba

Distância 10 km

“O litoral do Piauí tem 66 km de extensão, e muita gente ama correr por lá. Mas eu indicaria uma rota que sai do município de Cajueiro da Praia, mais especificamente de Cajueiro Rei, o maior do mundo (sim, ele bateu recentemente o recorde da árvore localizada no Rio Grande do Norte). É só seguir 200 metros e você chegará na margem do rio Timonha, que faz divisa com o Ceará. Depois você continua até a sua foz (quando ele encontra o mar) e corre em direção à praia de Barra Grande”, explica Luciano Uchoa, organizador de provas de trail run  e turismo de aventura no Piauí.

Roteiro 3 Centro de Jeri à Pedra Furada, Jericoacoara

Distância 5 km (ida e volta)

“Na época em que fui convidado para a prova de Jeri, resolvi sair para correr por lá. Um trajeto que achei legal parte do centro do município até a Pedra Furada, um cartão-postal muito conhecido e que muita gente faz de charrete ou a cavalo. A distância total de um ponto ao outro é de cerca de 2,5 km, o que dá para dobrar somando a ida e a volta.

Uma boa parte do caminho é pela beira da praia, e o litoral plano deixa a corrida de fácil execução. Depois há um trecho mais alto, espécie de morro com areia e gramado. As praias pelas quais passamos são lindas e desertas, e a Pedra Furada, uma maravilha. Em alguns dias de julho, o sol se põe bem no meio dela, dando um significado místico para o lugar”, explica o ultramaratonista, corredor de trail run e personal trainer Plauto Holanda, do Ceará.







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