Todo começo de ano é a mesma coisa: fazemos planos e listas de metas e objetivos. Talvez você esteja estreando algum equipamento novinho que se deu de presente de Natal; talvez você esteja de olho em um esporte novo. Mas quando se trata de dar uma renovada na rotina de treino, menos pode ser mais. Quebrar essas quatro regras, pelo menos de vez em quando, pode ajudar você no seu treino de endurance.
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Combustível: não coma
Comecei a pensar nesse tópico em uma entrevista recente que fiz com o técnico Adam Pulford, da Carmichael Training Systems. Ele me perguntou que conselho de alimentação eu daria para atletas de endurance para corridas e treinos longos. A resposta que me veio a cabeça me surpreendeu: nenhum. Antes de “fritar” pensando qual gel é o melhor ou que concentração de isotônico tomar, a pessoa precisa descobrir como seu corpo reage ao ficar sem comer em uma corrida ou pedal de algumas horas.
Que fique registrado que não tenho dúvidas de que se alimentar durante o treino ou prova melhora a performance. Mas também tenho uma boa noção de que muitos atletas são totalmente dependentes do cinto com nutrição. Eles carregam suprimentos para todos treinos longos não só porque acham que vai permitir que eles sejam mais rápidos, mas porque acham que não conseguiriam completar o treino sim isso. (Ok, sei que este medo é às vezes justificado. Mas acho que esse risco geralmente está bem mais distante do que a maioria das pessoas acha.)
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É verdade que treinos em jejum estão na moda nos últimos anos, supostamente por ensinar o corpo a queimar gordura de forma mais eficiente. É definitivamente uma ideia interessante, mas não é esse o ponto. É sobre descobrir o que seu corpo é capaz de fazer e como você se sente correndo com menos combustível disponível. Então você vai ter uma noção melhor de como melhorar baseada no seu autoconhecimento.
Deixe o relógio em casa
Os smartwatchs são o atalho tecnológico mais fácil para monitorar seu desempenho no momento. Mas tenho que dizer: de vez em quando é bom deixá-lo em casa. Seja um relógio com GPS, um potencímetro, um monitor de frequência cardíaca ou um aplicativo de fitness.
Muitos estudos apontam para o fato de que as percepções subjetivas de esforço são no mínimo tão precisas quanto medições baseadas em tecnologia para determinar qual carga de treino você deve cumprir. Talvez porque a tecnologia no seu pulso mostre números que tornam você escravo deles. Porém, se você decide competir, vai existir um momento – ou vários – em que você vai ter que tomar uma decisão num centésimo de segundo sobre acelerar ou dar uma segurada. Se você não investir em uma parte do seu treino tentando aprender exatamente quando é essa hora, como vai ser bom nisso?
Desligue a música
O debate de quanto música ajuda ou não no treino ou não é mais velho que o Walkman. E às vezes é tratado praticamente como um teste de pureza: corredores “de verdade” só querem ouvir a sola dos seus tênis tocando suavemente o chão. Também é verdade que, se você andar por locais de treino como parques ou estradas, vai achar um monte de atletas inclusive de elite por aí com seus fones.
Esqueça esse debate. Até onde eu sei, desde que você não esteja correndo no meio do trânsito, ou surtando quando alguém te ultrapassa, você pode colocar o que quiser nas orelhas para treinar. Mas de vez em quando se permita treinar só com seus pensamentos. Você a a corrida. Entregue-se ao ato de correr, pedalar ou remar, ou seja lá o que você está treinando. Ouça seus pensamentos. Ouça a natureza ao seu redor.
(Mas se você está preso a um rolo de treino por algum motivo, ignore este conselho. Sem música não dá.)
Amigos: treine sozinho
Eu gosto de ter gente em volta, em doses homeopáticas e na hora adequada. Em particular, eu gosto de gente em volta quando estou correndo. Na faculdade, quando eu treinava todos os dias da semana às 5h15 da tarde, me acostumei a fazer meu treino com um grupo de amigos. Eu amava isso, e é uma das razões pelas quais, algumas décadas depois, eu gastei bastante energia tentando manter um grupo de corrida aos sábados. O poder do grupo é incrível.
Mas a verdade é que eu provavelmente já teria largado a corrida se eu não tivesse aprendido a curtir corridas solitárias. A vida fica puxada, as responsabilidades se acumulam, e o cenário ideal de fazer cada corrida um momento de socialização fica mais difícil de manter.
Então, mesmo que você tenha a sorte de ter um grupo de treino maravilhoso, minha sugestão é achar tempo de vez em quando para correr sozinho. Se acostumar a correr no seu próprio ritmo. É uma boa garantia de que se o seu grupo não estiver mais à mão por qualquer motivo, você vai continuar correndo e curtindo a corrida.