Por Redação
Fonte: ICMBio
A reabertura para visitação do Pico da Neblina de forma estruturada com a população indígena Yanomami avança mais um passo. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) aprovou o Plano de Visitação Yaripo – Ecoturismo Yanomami apresentado pelos Yanomamis em julho do ano passado. O Pico da Neblina pertence à Terra Indígena Yanomami e ao Parque Nacional do Pico da Neblina. Por isso, o Plano de Visitação tem de ser aprovado também pela Funai, etapa final para que os Yanomami possam começar a levar turistas ao ponto mais alto do Brasil.
O Pico da Neblina fica localizado na fronteira com a Venezuela e Colômbia, e é considerado o ponto culminante do País, com 2.995 metros de altura. Para os indígenas da etnia yanomami, se chama Yaripo, que quer dizer serra dos ventos. Ele é considerado um local sagrado para os índios.
O Parque Nacional do Pico da Neblina foi criado em 1979 com o objetivo de proteger a fauna e flora da região amazônica e controlar a ocupação desenfreada das fronteiras no norte do país. No entanto, durante a criação da unidade de conservação, não houve um acordo com a população indígena que ali existia. Com a popularização da área, indígenas denunciaram as agências de turismo que na época operavam de forma desordenada e invasiva, explorando os povos indígenas, o que resultou no fechamento do parque para visitas em 2002.
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Para assegurar a participação de representantes indígenas, em 2012, o ICMBio criou o conselho gestor do parque. No ano seguinte, a equipe do parque implementou a Câmara Temática do Ecoturismo, com a finalidade de capacitar as comunidades locais e reativar o turismo na unidade, observando a autonomia e as formas de organização próprias das 13 etnias (Baniwa, Baré, Carapanã, Dessana, Kobewa, Kuripaco, Tukano, Tuyuca, Werekena , Yanomami, Piratapuuya e Yepamasâ) que habitam a região, em 4 TIs demarcadas.
A partir deste momento, lideranças comunitárias, membros das comunidades da região e as duas associações trabalharam por quatro anos na construção da primeira startup de turismo yanomami e na elaboração do Plano de Visitação ao Pico da Neblina.
A visitação é uma alternativa de geração de renda para os Yanomami, imprescindível à sua sobrevivência física e bem estar. Estima-se que 80 Yanomami terão renda, beneficiando diretamente 800 pessoas (parentes e afins), e o lucro da atividade turística será revertido para uso comunitário seguindo as determinações da assembleia geral da Associação Yanomami do Rio Cauaburis (Ayrca).
Quem tiver interesse em conhecer o Yaripo (Pico da Neblina) com os Yanomami pode se inscrever em uma lista de espera mantida pela Ayrca. A visitação deverá ser aberta ao público somente em 2019, após a aprovação da Funai e a realização de etapas de formação dos Yanomami e melhoria da infraestrutura que ocorrerão ao longo deste ano.
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