Sabe aqueles conselhos que prometem te manter vivo se algo der errado nas suas experiências outdoor? Pois é. Nem tudo é uma boa ideia. Mas, esses mitos comuns de sobrevivência se infiltraram na consciência pública e chegou hora de esclarecer as coisas.
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Não caia nesses 8 mitos de sobrevivência:
Mito: Não se mova se ficar preso na areia movediça, ou afundará ainda mais.
Embora bater descontroladamente possa não levar você a lugar algum, é seguro se mover em areia movediça – na verdade, é a única maneira de você se libertar. Mova-se lentamente de forma a criar espaço para a água fluir entre a areia e seu membro, ou insira uma vara de trekking para soltar a areia, se você tiver uma. Incline-se para trás (você flutuará na superfície) e, lentamente, mexa-se para sair.
Mito: A hipotermia só ocorre em climas frios.
A hipotermia, causada quando a temperatura corporal central de uma pessoa cai abaixo dos 36ºC normais, é um perigo no frio intenso, mas também pode acontecer outras vezes.
“Você pode alterar sua temperatura por outros meios, como vento frio (convecção), chuva (evaporação) e entrar em contato com o solo (condução)”, diz Josh MacMillan, diretor assistente de educação da SOLO Wilderness Medicine Schools. “Todos esses processos aumentarão a perda de calor, criando o potencial de hipotermia em um ambiente quente”.
Exaustão, perda de sangue e lesões graves podem colocar uma pessoa em risco aumentado de hipotermia, mesmo quando está quente.
Mito: Se você tocar em uma pessoa que foi atingida por um raio, você será eletrocutado
Não há verdade nessa história da carochinha. Uma pessoa que foi atingida por um raio não pode chocá-lo e precisará de atenção médica. Se for seguro abordar a pessoa, verifique o pulso e administre a RCP (reanimação cardiorrespiratória), se necessário. As vítimas de raios devem ser evacuadas imediatamente e passar por atendimento médico.
Mito: Álcool ou peróxido de hidrogênio são os melhores para limpar uma ferida.
Em muitos casos, a água limpa é o melhor método para irrigar cortes abertos – álcool e peróxido não são muito eficazes a curto prazo e podem até danificar o tecido. De acordo com o especialista em medicina de emergência e deserto, Dr. Christopher Tedeschi, pressão e volume são as chaves para a irrigação de feridas.
“O melhor é irrigar uma ferida com bastante água e de preferência com alguma pressão”, diz ele. “Tente colocar água limpa em um saco plástico que possa ser espremido e faça um pequeno furo no canto inferior.”
Mito: Não mova uma pessoa acidentada se suspeitar que ela sofreu uma lesão na medula espinhal.
Embora alguns de nós tenham aprendido que mover uma pessoa ferida pode causar mais danos, deixá-la no lugar pode ser ainda pior. “A maneira como abordamos a imobilização da coluna mudou muito nos últimos anos”, diz Tedeschi. “Há pouca ou nenhuma boa evidência científica para sugerir que a imobilização da coluna C [região do pescoço] ajuda a gerenciar o paciente no campo ou que afeta os resultados do paciente.”
De acordo com Tedeschi, avaliar possíveis lesões na coluna vertebral é uma questão de análise de risco-benefício. Quando se trata de segurança e conforto do paciente, movimentá-lo muitas vezes é fundamental. Levantar uma pessoa ferida de uma poça fria para colocá-la em uma almofada de dormir, por exemplo, ou chegar a um abrigo enquanto aguarda uma evacuação são aceitáveis e, em muitos casos, cruciais.
Mito: O musgo só cresce no lado sul das árvores.
Caminhantes perdidos podem se agarrar a esse velho ditado na esperança de encontrar o caminho de casa, mas não é totalmente verdade. O musgo cresce melhor em locais escuros, sombreados e úmidos. No hemisfério sul, os lados sul das árvores de fato tendem a ser mais sombreados (no hemisfério norte, isso é verdade para os lados nortes das árvores). Mas, esse não é o único fator na produção dos ambientes sombrios e úmidos que os musgos adoram. A topografia que produz sombra, o excesso de umidade e outros fatores podem estimular o crescimento do musgo em qualquer lugar. É melhor confiar em um mapa, bússola ou dispositivo GPS se você estiver perdido na floresta.
Mito: Se você for mordido por uma cobra, chupe o veneno da ferida.
Além de ser ineficaz, cortar ou chupar uma ferida só o torna mais vulnerável a infecções. Não faça isso – calmamente, faça um plano de evacuação.
Mito: Finja-se de morto se for atacado por um urso.
Embora haja alguma verdade nesse velho ditado, é mais complicado e depende do tipo de urso. Se fingir de morto não vai te ajudar enquanto for atacado por um urso preto. De acordo com o National Park Service , é melhor revidar se você se deparar com um urso preto agressivo. Dê socos, chutes e use armas como paus ou bastões de trekking para afastar a criatura. Por outro lado, se você for derrubado no chão por um urso pardo, o serviço do parque recomenda se fingir de morto: “Cubra a cabeça e o pescoço com as mãos e os braços. Deite-se de bruços e afaste as pernas. Mantenha sua mochila, isso ajudará a protegê-lo durante um ataque.”