Yellow é um sistema de bike sharing sem estações
Por Verônica Mambrini
Testamos em primeira mão o novo bike sharing que está chegando a São Paulo: a Yellow. As bicicletas amarelinhas têm uma única marcha, estão equipadas com GPS e não possuem estação fixa (ou “dock”) para pegar ou devolver: ficam na rua. Uma centena delas já está circulando pela cidade, e em breve mais bikes serão liberadas. A meta da Yellow é colocar 20 mil bicicletas nas ruas da capital até novembro deste ano.
Esse sistema de bike sharing não tem estações, por isso são conhecidas pelo termo “dockless”. Os próprios usuários decidem onde deixar a bike, e pegam a mais próxima que encontrarem. É preciso instalar o aplicativo da Yellow no smartphone, que lê o QR Code adesivado na bicicleta e libera a tranca. O pagamento é feito pelo cartão de crédito que o usuário cadastra no sistema e custa R$ 1 a cada 15 minutos (pelo menos, na fase de testes). No futuro, o pagamento pode estar integrado ao Bilhete Único ou mesmo à fatura de celular do usuário, opções ainda não disponíveis.
O foco da bike é em durabilidade e resistência, não em eficiência e performance. Ela é equipada com pneus maciços, o que quer dizer que eles não furam, e o selim é regulável, com sistema antifurto integrado. Por ter uma única marcha e ser pesada, a Yellow se mostrou lenta nas subidas. Em ruas muito íngremes, prepare-se para dar uma empurradinha. Por outro lado, a bike é extremamente confortável e tem uma cestinha forte e resistente, que permite colocar a bolsa, mochila ou sacola de compras. No plano e em subidas leves, ela desenvolve bem. Assim que você acha o ritmo de pedalada com a marcha única, o deslocamento fica bastante agradável.
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Ao acabar o percurso, basta deixar a bicicleta encostada em qualquer lugar que não atrapalhe a circulação de pessoas ou veículos e travar de novo a tranca integrada à roda traseira. Enquanto a trava não for fechada, o tempo de uso corre no aplicativo e debita do crédito do usuário. Esse sistema de compartilhamento de bikes sem estação é bastante comum na China e em algumas cidades europeias. A proposta é de ser uma bike para deslocamentos curtos, de 1 a 2 km, em conjunto com outros meios de transporte ou partes a pé de trajetos. De baixo custo, baixo valor agregado e GPS para monitoramento, a Yellow espera que o modelo não seja alvo de muitos furtos e vandalismo.
O sistema está sendo trazido por ex-executivos da Caloi e da 99 Táxis. A distribuição inicial será feita por carros, sobretudo no centro expandido, mas a Yellow espera que os próprios usuários se encarreguem de espalhar as bikes pela cidade, inclusive para bairros mais periféricos, onde outros sistemas de bike sharing com estações acabam não chegando.
Além da Yellow, outros sistemas de compartilhamento de bicicletas – Mobike, Trunfo e Serttel – foram credenciados este ano junto à prefeitura de São Paulo e podem ser lançados ainda em 2018 — disputando a preferência dos paulistanos, que já têm acesso ao Bike Sampa, patrocinado pelo Itaú, e Ciclosampa, do Bradesco. Cada um deles pretende disponibilizar cerca de 20 mil bicicletas até o fim do ano, passando de 80 mil novas bikes compartilhadas. Resta saber se o usuário brasileiro está pronto para lidar com tanta liberdade: parar a bike em locais em que não atrapalhe o fluxo de pessoas, sobretudo em áreas de alta circulação, e manter as bicicletas em bom estado, sem vandalismo, depredação e furtos.