Ainda que seja algo bastante pessoal, diversos indícios comprovam um comportamento comum entre humanos em prol das parcerias. Segundo especialistas, isso tem a ver com laços ancestrais tribais da nossa espécie e com nossa necessidade de cooperação durante o processo evolutivo. Certamente podemos aplicar essa lógica para a performance esportiva.
+ Saiba os benefícios da natação para corpo e mente e veja como começar
+ O que aconteceria se você corresse uma meia maratona sem treinar?
+ Cerveja saudável? Estas marcas estão apostando na ideia
“Quando estou treinando sozinha, é muito difícil atingir o meu limite”, conta a ciclista de elite Ana Paula Polegatch, campeã brasileira de estrada. “Mas, quando peço para alguém fazer o treino ‘na minha roda’ ou até combino de filmarem para mim algum trecho, consigo marcas melhores, bem mais perto do ritmo de prova”, segue Ana.
Dezenas de estudos nas últimas décadas corroboram com a experiência da ciclista, ainda que a razão exata não tenha sido completamente explicada. Em um experimento liderado pela antropóloga britânica Emma Cohen, expert na área cognitiva e evolucionária, remadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra, foram comparados se exercitando sozinhos e em equipe (em ambos os casos, eles usaram máquinas idênticas que imitam o esforço na água). Resultado? Ao lado de colegas, registrou- se uma maior tolerância contra dores, algo ligado à produção de substâncias como a endorfina.
Estudos posteriores de Emma mostraram que só de aquecer ao lado de companheiros de corrida já poderia melhorar o desempenho na atividade em si. Mas a história não para por aí. Vamos voltar à rotina da ciclista brasileira: há alguns anos, Ana Polegatch aceitou o convite de uma atleta amadora para puxar seu ritmo em um treino importante para uma competição de longa distância. Ao manter um pace bem elevado, Ana se impressionou com o rendimento da parceira. A amadora, por outro lado, confirmou logo depois que nunca havia girado tão bem por tanto tempo.
Quando pedalou ao lado de um de seus ídolos, Peter Sagan, Ana Polegatch viveu na pele algo semelhante: “Não senti cansaço e até me esqueci de comer e me hidratar como deveria; quando ele foi embora, tudo o que eu não havia sentido veio à tona de uma só vez.”
Um trabalho publicado no britânico Journal of Strength and Conditioning Research testou exatamente isso. Doze voluntários com experiência em levantamento de peso fizeram exercícios iguais, em dias separados, erguendo cargas no supino. Em um dos esforços, eles tinham a companhia de espectadores nos lados da barra. No outro, não. Como esperado, as marcas foram melhores quando alguém observava os movimentos (11,2% de melhora, para ser mais exato).
Mesmo que todos os mecanismos por trás dessas evidências ainda estejam em constante análise, a mensagem já ficou clara. Intuitivamente, somos mais fortes em grupo – o que explica por que vale mesmo a pena ligar para aquele amigo nos dias de treino mais pesado.