A ideia de se desafiar em situações extremas amedronta muita gente. Mas trazemos boas notícias: 1) Jornadas como essas costumam mudar vidas (para melhor); 2) Você mesmo pode desenhar seu próprio “ultradesafio”; 3) Acredite, basta querer. Se você acha que estamos fugindo da realidade, a prática mostra exatamente o contrário – e bons exemplos não faltam por aí.

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Veja o caso do norte-americano Holly Harrison, que, aos 58 anos, completou uma caminhada do Ushuaia, na Argentina, à baía de Prudhoe, no Alasca (EUA), em 530 dias. Ao conectar os extremos das Américas, Holly percorreu cerca de 25.000 km e cravou um novo recorde. A marca anterior era da outra única pessoa no planeta a se lançar na mesma missão: o britânico George Meegan, que levou seis anos e 236 dias para fechar o circuito, há 35 anos.

Pouco antes de partir, Holly havia contatado George. Ele estava preocupado com a sua idade e achava que talvez não fosse dar conta do recado. Recebeu como resposta um e-mail: “Você provavelmente está na idade perfeita para isso. É a determinação que vai levá-lo adiante”. As dúvidas na mente de Holly cresceram com uma tentativa frustrada de ligar a Patagônia ao Alasca em 2015. Três anos depois, ele transformou o sonho em realidade. “Sua conquista é extraordinária, e não acho que será superada tão cedo”, arriscou George em entrevista à Outside.

A menos de 30 km de terminar o feito, já no território de Yukon (EUA), quase tudo foi por água abaixo. Holly começou a ser alertado por pessoas nas estradas sobre ursos à solta. Determinado a enfrentar qualquer adversidade, o peregrino seguiu rumo ao destino final. Não deu outra. “Acabei de ser atacado por um urso”, diz Holly, nos primeiros segundos postado em um vídeo na sua página no Facebook com cara de assustado. O tal urso estava atrás de comida, e por sorte Holly se livrou dele.

Independentemente de marcas, distâncias heroicas e tomadas de decisões questionáveis – além do encontro com o urso, Holly sofreu um ataque cardíaco no caminho nos arredores de Reno (EUA), foi operado e seguiu adiante, contrariando os médicos –, essa longa caminhada é uma boa lembrança de que sempre há espaço para se colocar à prova e evoluir. As possibilidades são infinitas. A seguir, alguns desafios autônomos e guiados para colocar como meta (ou para inspirar sua própria grande aventura).

Reme em águas desconhecidas

Palavra-chave: “Atenção”

Vai nessa: Uma imersão pelo leito do rio Tapajós, no coração da Amazônia, cruzando 200 km em sete dias de remada em canoas polinésias. O percurso sai de Santarém rumo a Fordlândia com 12 horas de atividade diárias, incluindo pausas para comer e revezamentos de postos na canoa. Uma embarcação típica da região acompanha o grupo e serve de morada e ponto de apoio; rumonorte.com.

Olho vivo: Técnica e sincronia fazem toda a diferença. Boa reposição de nutrientes, descanso adequado e soltura muscular no contraturno das remadas são fundamentais para o sucesso.

Descubra-se em um trekking de altitude

Palavra-chave: “Preparação”

Vai nessa: No trekking ao campo-base do Everest via Gokyo, uma rota alternativa de 18 dias de expedição, passa por antigos monastérios e vilarejos, por lagos turquesa de Gokyo e cruza passos como o Cho La (5.300 metros); morgadoexpedicoes.com.br.

Olho vivo: Capriche nas viagens preparatórias, na escolha e na familiaridade com equipamentos e na aclimatação adequada.

Quebre a barreira dos 42 km

Palavra-chave: “Paciência”

Vai nessa: De norte a sul do Brasil, provas de qualidade têm apostado em distâncias maiores no crescente universo do trail running nacional: XTerra | Mountain Do | La Mision Brasil Cassino Ultra Race (RS)

Olho vivo: Invista na parceria com profissionais de confiança e experiência nas áreas de treinamento e nutrição. E não tenha nenhuma pressa (nem mesmo no dia da prova).

Complete um desafio extremo perto de casa

Palavra-chave: “Confiança”

Vai nessa: O Everesting é um desafio ousado e independente criado pelo grupo de ciclismo amador australiano Hells 500, que consiste em pedalar várias vezes uma mesma subida acumulando a altimetria do Monte Everest, ou seja, 8.848 metros. Regras básicas: vale qualquer subida no mundo e não há tempo limite; só não pode dormir, a atividade precisa ser contínua, com paradas periódicas permitidas. Mais de 2.280 pessoas já concluíram a proeza ao redor do mundo em 73 diferentes países.

Olho vivo: A equipe de apoio é essencial, assim como a inclinação escolhida. Defina bem o horário de largada pensando nas condições de clima e convide amigos de pedal para girar com você em alguns momentos.

*Parte da reportagem “Sonho Meu” da Revista Go Outside 154.







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