Pela ciência, você concordaria em morar em uma caverna por 40 dias, cercado por completos estranhos e sem acesso a um telefone, relógio ou luz natural? Para esse experimento, 15 pessoas na França foram voluntárias para explorar os efeitos do isolamento de longo prazo no corpo humano, sem noção de tempo.

Os voluntários franceses, que não são remunerados por sua participação, têm entre 27 e 50 anos e incluem um biólogo, um joalheiro e um professor de matemática.

Eles se isolaram na caverna Lombrives, em Ariège, sudoeste da França. O experimento ‘Deep Time’ começou às 20:00, horário local do dia 14 de março – e, se tudo correr como planejado, será concluído em 22 de abril. Para sobreviverem, o grupo conta com quatro toneladas de suprimentos.

Leia Mais:
Sem dinheiro e com voos cancelados, turistas vivem em caverna na Índia
COVID-19: Voluntários ficam presos em ilha remota e vivem como náufragos

O líder da missão Christian Clot, que é um dos participantes, foi inspirado a realizar o teste depois de ver como a pandemia COVID-19 trouxe isolamento para nossas vidas. No entanto, o explorador tem recebido algumas críticas na imprensa francesa por assumir o título de ‘pesquisador’ sem ter formação científica formal.

O objetivo do experimento de 40 dias na caverna é estudar a capacidade de adaptação do ser humano à perda de marcos espaço-temporais. As descobertas do projeto podem ser relevantes para futuras missões espaciais, tripulações de submarinos, equipes de mineração e outros cenários onde as pessoas ficam confinadas por longos períodos.

Sem relógio, telefone ou luz natural, esses sete homens, sete mulheres e o próprio Christian Clot, também terão que se acostumar com os 12 graus e 95% de umidade da caverna Lombrives, gerar sua eletricidade por um sistema de pedalinho e sacar a água de que precisam a uma profundidade de 45 m. Eles serão equipados com sensores que permitirão a uma dúzia de cientistas segui-los da superfície.

“Esta experiência é inédita no mundo”, estima o professor Etienne Koechlin, diretor do laboratório de neurociências cognitivas e computacionais da ENS. “Até agora, todas as missões deste tipo tinham por objetivo o estudo dos ritmos fisiológicos do corpo, mas nunca o impacto deste tipo de ruptura temporal nas funções cognitivas e emocionais do ser humano”, disse para o Le Parisien.

Um dos voluntários, Arnaud Burel, um biólogo de 29 anos, aceitou participar da missão para “provar esta vida intemporal, impossível fora com os nossos computadores e celulares que nos lembram constantemente dos nossos compromissos e obrigações”, disse.

No entanto, ele está preocupado com a vida em grupo. “Não é fácil viver com 14 pessoas que você não conhece, em um local fechado, a comunicação será a chave”, segundo ele.

Na caverna, uma das maiores da Europa, foram montados três espaços distintos de convivência: um para dormir, outro para viver e outro para fazer estudos sobre a topografia do local, especialmente a flora e a fauna.







Acompanhe o Rocky Mountain Games Pedra Grande 2024 ao vivo