Desde barbitúricos, esteroides, analgésicos, EPO, transfusões sanguíneas e até o doping mecânico, os ciclistas profissionais já adotaram medidas extremas para obter pequenas vantagens competitivas.
Por isso, quando surgem rumores sobre uma nova e tecnológica forma de melhorar o desempenho, ninguém se surpreende muito.
No entanto, em 2024, quando espalhou-se a notícia de que alguns dos ciclistas e equipes mais vitoriosos da atualidade estariam inalando um “gás venenoso” para melhorar a performance, isso chocou até os fãs mais céticos.
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O gás venenoso em questão era o monóxido de carbono, que tornou-se um ponto controverso depois que foi revelado que equipes como a Visma-Lease a Bike, de Jonas Vingeggard, e a UAE Team Emirates, de Tadej Pogacar, usaram o recurso para otimizar o treinamento em acampamentos de altitude. Tanto Vingeggard quanto Pogacar confirmaram que usaram o gás na temporada 2024.
O monóxido de carbono (CO) é um gás invisível e silencioso, conhecido por ser potencialmente letal.
Esse gás tem uma afinidade pela hemoglobina (Hb) — componente do sangue responsável pelo transporte de oxigênio — maior do que o próprio oxigênio. Ironicamente, essa afinidade do CO pela hemoglobina pode, em teoria, melhorar a performance aeróbica. Qualquer condição que reduza os níveis de oxigênio no sangue por um período prolongado estimula uma resposta compensatória do corpo para restaurar essa capacidade. É o mesmo princípio por trás do treinamento em altitude.
O uso específico do monóxido de carbono, é preciso lembrar, tem sido comum há muito tempo na medicina esportiva para medir a massa total de hemoglobina e o volume sanguíneo para “examinar os efeitos do treinamento de resistência e da exposição à altitude na capacidade de transporte de oxigênio.”
O que a UCI está proibindo é um método diferente – a inalação repetida do gás venenoso, que pesquisas recentes sugerem que pode melhorar o desempenho e melhorar a capacidade aeróbica de um atleta se feito com mais frequência.
“A inalação repetida [de monóxido de carbono] pode resultar em problemas de saúde agudos e crônicos, por exemplo, dores de cabeça, letargia, náusea, tontura e confusão”, informou a UCI em comunicado. “Tais sintomas podem piorar a qualquer momento e evoluir para problemas de ritmo cardíaco, convulsões, paralisia e perda de consciência.”
“O novo regulamento proíbe a posse, fora de uma instalação médica, de sistemas comerciais de reinalação de monóxido de carbono conectados a cilindros de oxigênio e CO. Esta proibição se aplica a todos os detentores de licença, equipes e/ou entidades sujeitas aos regulamentos da UCI, bem como a qualquer pessoa que possua tal equipamento em nome de ciclistas ou equipes”, escreveu a UCI.
A técnica ainda não foi proibida pela Agência Mundial Antidoping; no entanto, a UCI pediu que a agência independente internacional tome uma posição. A partir de 10 de fevereiro, quando a proibição entrar em vigor, a UCI também reforçará as restrições ao uso ainda legal de um “rebreather” para medir a massa de hemoglobina.
Esse rebreather ficará confinado em uma “instalação médica”, com apenas uma inalação de CO permitida, e estará sob a supervisão de um “profissional médico experiente na manipulação deste gás por razões médicas”. Qualquer uso de inalação de CO para medir a massa de hemoglobina de um atleta também deverá ser registrado em seu respectivo arquivo médico.
Com informações de GearJunkie e Bike Magazine.