Um estudo mundial sem precedentes revelou um surpreendente declínio no número de tubarões de recife, cujo habitat é em regiões costeiras. Estes incríveis e fascinantes predadores estão “funcionalmente extintos” em quase 20% dos lugares analisados.
No estudo da revista Nature, foi feita uma análise de quatro anos em mais de 15.000 câmaras de iscas manejadas por controle remoto. Com isso, foi obtida a primeira avaliação completa dos lugares em que os tubarões de recife crescem e em quais eles são praticamente inexistentes.
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Foram analisados cerca de 370 recifes em quase 60 países. Os resultados são alarmantes, de acordo com o autor principal do estudo, Aaron MacNeil.
“Esperávamos que haveria tubarões em todos os recifes do mundo. Ao não encontrar tubarões em 20% dos recifes examinados é muito preocupante”, declarou em uma coletiva de imprensa.
Em oito países que tiveram recifes analisados não foram detectados tubarões. Estão entre eles Catar, Índia, Vietnã e Quênia. Não significa que não existam tubarões nas águas desses países, mas sim de que nos recifes, um habitat em que eles deveriam ser comuns, seu número está criticamente baixo.
MacNeil, professor associado na Universidade de Dalhousie, no Canadá, explica que “funcionalmente extinto” significa que nestes locais, os tubarões de recife não estão presentes o suficiente para cumprir seu papel no ecossistema.
Tubarões de recife em risco
O estudo, publicado na quarta-feira (22) na revista Nature, alerta que a pesca predatória é a causa do desaparecimento dos tubarões em áreas de recife, próximas da costa. Isto causa impactos negativos nestes ecossistemas.
“O uso de redes de emalhar e palangres teve a maior influência negativa sobre a abundância relativa de tubarões”, destaca o estudo.
A pesquisa, respaldada pelo projeto Global FinPrint, foi motivada pela escassez de informação geral sobre as populações de tubarões em áreas próximas das costas.
No passado, os pesquisadores se baseavam no exame de registros ou medições visuais realizados por mergulhadores. Ambos os métodos apresentam defeitos e produzem resultados que são difíceis de se comparar, disse MacNeil à AFP.
O estudo também aponta caminhos para reequilibrar os ecossistemas. Algumas alternativas são a criação de santuários de tubarões, áreas restritas, criação de limites para pesca e fim da pesca com redes de arrasto e pesca de palangre. De acordo com o estudo, estas propostas preservam a população de tubarões nas áreas costeiras melhorando o equilíbrio destes ecossistemas.