Inspirada no modo trilheiro raiz, desde novembro de 2017, Elise Wortley tem seguido os passos de algumas das grandes aventureiras da história. E ela está fazendo isso usando o equipamento que estaria disponível para as mulheres em suas épocas – até a calcinha de lã que coça e pinica e bastão de caminhada feito de pedaço de galho.
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A ideia de recriar essas aventuras históricas femininas surgiu em Elise, uma britânica que agora tem 30 anos, enquanto lia o livro “My Journey to Lhasa” aos 16 anos. Um clássico da aventura, o livro foi escrito pela estudiosa budista francesa Alexandra David-Néel contando suas aventuras passando por guardas armados e por passagens de montanhas nevadas no Tibete. A capital tibetana era proibida para estrangeiros na época, então ela se disfarçou como uma peregrina local e esperava não ser descoberta. Ela tinha 55 anos quando se tornou a primeira mulher ocidental a chegar à capital da região em 1924.
Durante a leitura, Elise se surpreendeu com a confiança de Alexandra e pensou que poderia fazer algo tão legal quanto.
Depois de se formar na escola de arte aos 20 anos, Wortley começou a trabalhar para uma agência de viagens em Londres. Então ela adoeceu. “Fiquei basicamente tonta por cerca de um ano”, diz ela. Incapaz de pegar o ônibus, ou mesmo entrar no metrô, ela não conseguia nem ir ao escritório direito. “Ninguém sabia o que havia de errado comigo. Eu fiz todos os tipos de testes até um médico perceber que era ansiedade. ”
Em casa, ela releu o livro e começou a sonhar com refazer essa viagem. Depois de encontrar remédios para ansiedade que funcionaram para ela, procurar patrocinadores e juntar dinheiro, ela começou sua viagem.
Primeiro, em 2017, ela caminhou 180 km de Lachen, Índia, perto da fronteira com o Tibete, a oeste de Kanchenjunga, a terceira montanha mais alta do mundo. Então, em 2019, ela passou três semanas atravessando as encostas de granito das Terras Altas da Escócia, inspirada por Nan Shepherd, que escreveu “The Living Mountain”, no meio da Segunda Guerra Mundial. Em ambas as expedições, Elise usou, tanto quanto possível, o equipamento que estava disponível para mulheres exploradoras na época. Encontrar óculos de sol genuínos dos anos 1920 a um preço decente, no entanto, provou ser impossível.
Mas Elise está só começando. Ela ainda planeja embarcar em viagens inspiradas nas vidas da exploradora Freya Stark, da escaladora Annie Smith Peck e da freira guerreira Ani Pachen. “Seria meu sonho comemorar e seguir os passos de todas essas mulheres”, diz ela. “Saindo apenas no básico, percebi o quão pouco preciso sair de casa.”
Aqui está o equipamento que Elise levou em sua primeira expedição ao Himalaia, seguindo os passos de Alexandra.
Mochila
Com preços entre US $ 327 e US $ 393 no eBay, as mochilas que datam do início dos anos 1900 não são baratas. Então Wortley decidiu fazer sua própria. Mais trilheiro raiz que isso impossível. Ela encontrou uma cadeira abandonada na rua, cortou as pernas, fez uma estrutura e levou a engenhoca em sua bagagem para a Índia. Assim que chegou à cidade de Gangtok, no norte, ela anexou uma cesta de vime que comprou no mercado pelo equivalente a US $ 4. E a “mochila-cadeira” nasceu, com direito a alças de corda e tudo.
A mochila era resistente e surpreendentemente bem sustentada, mas o mesmo não poderia ser dito dos ombros de Wortley. “Eles ficaram em carne viva”, diz ela, “mas comecei a usar minhas luvas de lã sob as cordas para me proteger e funcionou bem.”
Trilheiro raiz: Touca de lã
“Em Minha Viagem para Lhasa”, Alexandra descreve o uso de um boné de “pele oleosa” que ela encontrou abandonado na trilha. Wortley não foi tão longe. Este foi tricotado à mão por sua mãe – mais um ponto no checklist de trilheiro raiz.
Quando a lã chegou pelo correio de um vendedor da Etsy, ela teve que trançar várias para formar um fio decente. Valeu a pena o esforço, diz Elise: “Este foi o chapéu mais quente que já usei.”
Botas de pele falsa
“Comprei falsos porque não queria peles”, diz Elise, que é vegetariana e evita produtos de origem animal quando pode. Elas custavam cerca de US $ 20 no mercado em Leh, Índia, e eram de um estilo semelhante às botas que Alexandra David-Néel teria usado. Eles foram “incríveis”, diz ela. “Eu não peguei uma única bolha.” O único problema com eles foi nas partes escorregadias e com neve da jornada. As solas de borracha não eram aderentes e às vezes ela sentia que estava tentando escalar uma montanha em um par de Uggs. Mas isso não a desanimou. Afinal, “Alexandra também mencionou muito as botas escorregadias com sola de borracha em seus escritos”.
Casaco de lã
Ela achou o casaco no mesmo mercado das botas por cerca de US $ 26. Com um suéter de lã e uma roupa de baixo por baixo, “estava realmente quente”, diz ela. No entanto, os bolsos eram minúsculos e, portanto, inúteis. “Cabia no máximo um lenço de papel!”
O casaco também era um pouco longo demais para seu corpo. “Eu realmente deveria ter levado a uma costureira quando o comprei”, disse “mas achei que não daria tempo. Assim, sempre que subia a colina, pisava na barra ou tinha que puxar pra cima.”
Questionada se ela usa o casaco regularmente em sua casa em Londres, a resposta foi um enfático não. Como a viagem ao Himalaia envolveu reuniões noturnas ao redor de uma lareira, ela diz, “tem cheiro de fogueira”.
Trilheiro raiz: bastão de caminhada
Atire a primeira pedra quem nunca saiu para uma trilha sem bastão de caminhada e acabou improvisando um com um pedaço de galho. Mas Elise garabitou o bingo do trilheiro raiz: ela entalhou o pedaço de madeira durante a viagem e no fim, tacou fogo nele. Na última noite, “Sticky” foi queimado em um “ritual induzido pelo álcool, pela altitude”, diz Elise. Com certeza algo que nenhum trilheiro Nutella teria coragem de fazer com seus bastões de trekking de marca caríssimos.