Tadej Pogačar sabia que provavelmente não venceria quando partiu para o ataque na Champs-Élysées na derradeira etapa do Tour de France, encerrada no domingo (23), em Paris.
Mas mesmo assim ele acelerou. O matador esloveno estava competindo como sempre, pelo puro prazer da corrida, mas também estava enviando uma mensagem.
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Jonas Vingegaard pode estar comemorando seu segundo título consecutivo do Tour, mas Pogačar já está pensando no próximo ano.
“Espero poder voltar mais forte e sem lesões”, disse Pogačar. “Vamos avançar dia a dia e tentar a melhor preparação para a próxima vez, para a próxima batalha com Jonas e a equipe Jumbo-Visma.”
É assim que Pogačar é, e ele promete continuar relaxado, mesmo depois da pior derrota da carreira em Grand Tours.
Campeão do Tour em 2020 e 2021, Pogačar conquistou pela quarta vez seguida a camisa branca de melhor ciclista abaixo dos 25 anos. A vitória era o objetivo, mas um pulso quebrado em abril atrapalhou o seu treinamento.
Após derrotas desanimadoras nos Alpes, ele se recuperou e venceu no sábado (22) nos Vosges. Seu sorriso está de volta, assim como seu espírito de ataque.
“Posso estar satisfeito considerando tudo o que aconteceu neste Tour, apesar, é claro, do fato de que meu desejo era vencer”, disse Pogačar. “Foi um Tour incrível para mim e para minha equipe. Estou muito feliz de estar em Paris no pódio e com a camisa branca mais uma vez… Adeus à minha amada camisa branca. Eu não sou mais jovem!”
Vingegaard: ‘Espero conquistar a terceira vitória’
Enquanto Pogačar acelerava pela última vez no domingo, a equipe Jumbo-Visma e Vingegaard celebravam com garrafas de champanhe.
A equipe holandesa avançou para conquistar o segundo título consecutivo, e desta vez não havia dúvidas sobre quem era a mais forte.
Vingegaard manteve a calma ao longo de três semanas intensas, venceu uma etapa e defendeu a camisa amarela desde a sexta etapa. Sua liderança com a camisa amarela estava literalmente por um fio, apenas 10 segundos, até que ele derrotou Pogačar no contrarrelógio de 22 km na 16ª etapa.
No dia seguinte, na 17ª etapa, a Jumbo-Visma pulverizou um enfraquecido Pogačar no Col de la Loze, e Vingegaard chegou a Paris com uma vantagem esmagadora de 7min29seg.
Se Pogačar está pensando em 2023, Vingegaard também está.
“Espero voltar noforte próximo ano, talvez já para conquistar a terceira vitória”, disse Vingegaard. “Pelo menos tentar. Acredito que esse é o plano.”
O gentil Vingegaard não apenas derrotou Pogačar e o resto do pelotão, mas também deixou de lado a ideia de que talvez não pudesse lidar com o estresse e a pressão que vêm com a camisa amarela.
Até esta temporada, ele competia principalmente à sombra de Primož Roglič, que frequentemente carregava o peso da liderança da equipe e era frequentemente o rosto mais conhecido da Jumbo. Roglič competiu e venceu o Giro d’Italia em maio, deixando Vingegaard para se defender contra Pogačar.
“Foi uma corrida difícil, uma corrida super difícil e uma luta muito boa entre mim e Tadej”, disse Vingegaard. “É um sentimento de orgulho e felicidade, é claro. Estamos vencendo pela segunda vez agora e é realmente incrível.”
“Estamos praticando um esporte maravilhoso.”
Então, o que acontecerá em seguida?
Vingegaard e a Jumbo-Visma confirmaram que ele competirá na Volta da Espanha, entre agosto e setembro, pela primeira vez desde sua estreia em Grand Tours, lá em 2020.
Pogačar não tem tanta certeza. Muito depende de sua recuperação, mas ele já deu a entender que uma participação no Mundial de Ciclismo de Estrada em Glasgow no próximo mês pode ser possível.
Este Tour reafirmou que Pogačar e Vingegaard estão no auge da pirâmide do Tour de France.
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Embora alguns ciclistas mais jovens, como Carlos Rodríguez e Felix Gall, tenham mostrado valor durante este Tour, não há outro jovem ciclista que se espera que venha a ameaçar a festa da camisa amarela no próximo ano.
Espera-se que Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) faça sua estreia no Tour no próximo ano, mas ele ainda precisa provar que pode competir no mai alto nível.
Ambas as equipes aprenderão com este Tour. Vingegaard estará ainda mais confiante e certo de que sua preparação e plano tático estão funcionando.
A UAE Team Emirates irá se reorganizar? Ou será apenas uma questão de Pogačar estar em plena forma na próxima edição do Tour em 2024, sem fraturar o pulso, que seu treinador apontou como a principal razão para a queda em julho?
De qualquer forma, esses dois estão destinados a se confrontarem novamente.
Pogačar, o mais eloquente dos dois, expressou dessa maneira:
“Estamos praticando um esporte maravilhoso. Nós nos desafiamos ao limite. Esta era que estamos vivendo agora, podemos apreciar e estarmos felizes com a forma como corremos”, disse Pogačar sobre sua crescente rivalidade com o dinamarquês. “Ainda precisamos lembrar que é apenas uma corrida de bicicleta.”
Se eles estão se divertindo competindo, todos certamente estão gostando de assistir. O Tour de France de 2023 já está nos livros de história.