Nem mesmo o isolamento de lugares tão remotos quanto o Pólo Norte está livre do coronavírus. Enquanto o mundo discute fechamento de fronteiras para reduzir os danos da crise sanitária, a temporada de expedições polares, que deveria acontecer a esta época do ano, deve ser também cancelada por coronavírus. Cientistas da expedição MOSAiC, no Pólo Norte, devem ficar presos lá por mais 3 meses.
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A Noruega fechou fronteiras e tráfego para tentar evitar o espalhamento do vírus, o que significa que a capital do arquipélago de Svalbard, Longyearbyen estará fechada. É de lá que partem os voos para o Barneo Ice Camp na primavera. Barneo é uma base móvel construída todo ano para expedições comerciais e usada de base para a atividade turística no pólo norte. Com o bloqueio de viagens, a temporada deve terminar antes de começar.
Conflitos entre Rússia e Ucrânia já haviam comprometido a temporada de 2019, por causa do espaço aéreo. Alguns dos voos para Barneo partiam ou passavam por cima da Rússia, que não permitiu que cidadãos ucranianos estivessem presentes nas aeronaves. Isso “miou” a temporada rapidamente, obrigando muitos viajantes a fazer uma volta pela Noruega.
A essa época do ano, Longyearbyen já deveria estar lotada de turistas. Eles não estão por lá e é bastante improvável que a pandemia seja contida a tempo de realizar as expedições previstas para a temporada. Inclusive os serviços de saúde preferem priorizar a população local a atender emergências ligadas ao turismo polar.
Volta cancelada por coronavírus
A missão MOSAiC (Multidisciplinary Drifting Observatory for the Study of Arctic Climate), com duração prevista de um ano, deve deixar um time de cientistas isolados por mais três meses por causa do coronavírus. Desde outubro de 2019, a missão estuda os efeitos do aquecimento global no Ártico, no navio Polarstern, quebra-gelo alemão de pesquisa do Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar e Marinha em Bremerhaven.
Os cientistas que fazem parte da equipe estão divididos em times que deveriam se revezar a cada três meses. Contudo, o time atual deveria voltar no começo de abril, mas há diversas restrições de deslocamentos. Isso significa que o time deve dobrar o turno e passar mais três meses isolados na estação, até junho, sem conseguir voltar.
O coordenador da expedição, Matthew Shupe, que é cientista atmosférico na Universidade do Colorado, diz que os planos já foram alterados. Ele estuda uma forma de viabilizar o retorno, mas por hora não vê como isso poderia acontecer. “As pessoas que estão lá estão nervosas. Eles querem voltar para casa e encontrar com suas famílias, e estamos tentando pensar em um modo de tornar isso possível.”
Shupe diz que o navio tem combustível e alimentos para durar até o próximo giro de equipes, e até onde se sabe ninguém na equipe está infectado com o coronavírus. Para evitar que haja contágio quando a equipe for substituída, haverá uma quarentena de 14 dias e testes múltiplos antes de começar a jornada científica.
Além disso, a missão teria uma parte aérea. Um dos membros dessa equipe foi testado positivo para coronavírus e toda essa parte da missão foi cancelada. Os membros foram enviados para casa para cumprir quarentena e não há previsão de quando essa parte da missão poderá ser realizada.