Em um esforço para reduzir a ingestão de açúcar, que tem sido associada à obesidade, diabetes tipo 2, cárie dentária e síndrome metabólica, os fabricantes de alimentos procuraram uma maneira de adicionar doçura aos seus produtos sem calorias extras. E assim, adoçantes de zero caloria, como sucralose, encontraram o caminho para as listas de ingredientes de refrigerantes diet e sobremesas de baixo cal. Mas será que é ok consumi-los ou a sucralose faz mal?
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Como de costume no campo da ciência da nutrição, não existe uma resposta detalhada sobre se o uso de produtos à base de sucralose faz mal à saúde a longo prazo. Mas aqui está o que sabemos.
Sucralose é um açúcar?
Para começar, sucralose é uma substância química produzida em laboratório. É um adoçante não nutritivo, sem calorias, muito semelhante ao açúcar.
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Sendo assim, embora a sucralose tenha surgido de uma molécula de açúcar, não deve ser confundido com sacarose, o nome químico para o açúcar de mesa. A molécula de açúcar é natural, mas uma vez que você a leva a um laboratório e começa a mexer nela, não é mais açúcar. Ou seja, não funciona no metabolismo do corpo como o açúcar.
O açúcar regular – seja cana, mel, xarope de bordo e até mesmo xarope de milho rico em frutose – é absorvido e digerido pelo organismo. Mas a sucralose, que é 600 vezes mais doce que o açúcar verdadeiro, não fornece calorias nem nutrientes.
É seguro mesmo ou sucralose faz mal?
Aqui é onde as coisas ficam um pouco confusas. A Food and Drug Administration dos EUA diz que a sucralose é “geralmente reconhecida como segura”, ou GRAS. Isso significa que os especialistas consideram a substância em questão segura com base na pesquisa disponível.
Porém, todos os açúcares artificiais são GRAS e eles estão no mercado porque pesquisas mostraram que são seguros para os seres humanos quando consumidos moderadamente.
Saber dos risco quando consumidos em excesso é um pouco mais complicado. Alguns estudos mostraram que os animais de laboratório que receberam quantidades extremamente altas de sucralose desenvolveram câncer. Mas é difícil replicar esses estudos em humanos, já que poderia colocá-los em risco.
É difícil ter evidências humanas sobre se um aditivo causa câncer ou outros efeitos a longo prazo. A maior preocupação com a sucralose é que ela causa câncer em animais e, portanto, também pode causar câncer em humanos.
A palavra-chave neste caso é a moderação. Evitar adoçar demais os alimentos, adaptar o paladar a sabores menos doces é um passo. É importante não abraçar a ideia de que, por não ser açúcar, está liberado usar à vontade. Sendo uma substância potencialmente cancerígena em grande quantidade, quanto menos você se expuser, menor o risco.
A sucralose é sempre recomendada?
Se for para melhorar a saúde, os adoçantes sem caloria podem ter o um propósito. No caso de pessoas que precisam restringir ou abdicar do consumo de açúcar e estão muito acostumadas ao paladar doce, a sucralose pode ser recomendada pelo nutricionista.
Se, por exemplo, o objetivo a longo prazo de uma pessoa é reduzir os níveis de açúcar no sangue, o que o coloca em risco de diabetes, um adoçante sem caloria pode satisfazer sua vontade de doce sem afetar o peso ou o açúcar no sangue. Mas essa não seria uma solução a longo prazo. Existem outras alternativas de açúcar podem fazer esse trabalho um pouco melhor.
O CSPI (Center for Science in the Public Interest) classifica tanto o eritritol [um álcool com baixo teor calórico de açúcar] como o extrato de folhas de estévia como seguros. Eritritol, xilotol e outros açúcares de álcool podem ser uma boa opção. Os inconvenientes são o alto custo e o risco de problemas digestivos em pessoas sensíveis.
Essa instituição marca a sucralose, aspartame e sacarina como inseguras com base na pesquisa atual. Mas, novamente, essa pesquisa analisou animais, não humanos.
Conclusão: sucralose faz mal?
A chave aqui – assim como a maioria dos aspectos da nutrição – é moderação.
Uma lata de refrigerante diet ou dois por semana provavelmente não causará efeitos negativos à saúde a longo prazo. Mas pesquisas descobriram que os consumidores de refrigerante diet não apenas mantiveram o número na balança como, em muitos casos, ganharam peso. O motivo dessa relação ainda não está claro. Uma possível razão, segundo especialistas, é que as pessoas tendem a comer mais quando sabem que a bebida que estão tomando não tem caloria.
Outra teoria é que, quando você come algo doce sem calorias, seu pâncreas secreta insulina para processar esse açúcar. Sem encontrar essas calorias, seu corpo fica confuso e o processo metabólico normal é interrompido.
Contar com um nutricionista é uma boa maneira de garantir equilíbrio e benefícios a longo prazo.
No caso de corredores ou ciclistas que precisam de açúcar (com calorias) para garantir combustível, a sucralose não é uma opção. É melhor consumir o açúcar mesmo (com moderação) ou especificamente nos dias em que você precisa, como em um dia de longão.