A Specialized lançou nesta semana a terceira geração da Diverge, a bicicleta “faz tudo” da marca americana, que cada vez mais vem apostando no segmento gravel como nenhuma outra marca.

A cada ano introduzindo mais inovação em seus modelos, a Diverge 2021 chega ao Brasil com 8 versões, sendo 3 com quadro de alumínio e 5 de carbono e preços que variam de R$9.449,99 a R$84.999,00.

Principais atualizações da Diverge 2021 da Specialized:

  1. Geometria revisada (top tube mais longo);
  2. Novo Future Shock, armazenamento interno (no downtube) de bolsas SWAT;
  3. Espaço para pneus 700 × 47mm ou 650Bx53mm;
  4. Peso: Sub 1.000g para o quadro S-Works de 56cm;

As demais análises virão após o teste que em breve a marca vai proporcionar, depois que a pandemia permitir, mas o maior destaque do lançamento foi na performance, andar mais rápido e mais longe.

+ Nova e-bike de estrada da Specialized custa até R$ 100 mil

Na apresentação da Diverge 2021, a Specialized foi buscar em seu portfólio o modelo Rock Combo de 1989. Um verdadeiro modelo de gravel com quadro e garfo de cromoly, guidão drop com flair e passador de marcha na ponta, grupo Suntour de 7 velocidades (13-30) e coroa tripla 28/38/48, com pneus 26″ x 1,5 cravados. Ou seja, a marca tem no seu DNA o conceito gravel mesmo antes dele existir.

Mas vale lembrar que a modalidade denominada gravel – também conhecida como all-road bike ou adventure bike, é uma bicicleta projetada com os benefícios da bicicleta de estrada, mas com a capacidade de andar em superfícies mais irregulares, geralmente como estradas de cascalho, estradas de terra e não muitos singletracks técnicos (claro que dependendo da capacidade do piloto). Ela pode parecer uma bicicleta de ciclocross, mas esta é projetada para acelerar com um design mais “agressivo”, a bicicleta de gravel (cascalho em tradução livre) proporciona uma pedalada em qualquer terreno de forma confortável, que permite que você saia do caminho já conhecido por um dia, descobrindo outros ou fazendo aventuras de vários dias com bagagem (touring, bike packing, randonneuring, etc.).

Assim, o gravel possui uma ligação mais próxima da diversão do que da competição, apesar das diversas competições que existem, curtas ou longas (até ultras), na modalidade. Para o público em geral, o gravel representa a potencialidade de pedalar indefinidamente por qualquer terreno, sem pressa curtindo o momento. Algo mais contemplativo em conexão com a natureza, consigo mesmo, com as pessoas que está pedalando e com as pessoas e cidades por onde cruzam. É algo exploratório.

+ Quatro passeios ciclísticos para se fazer antes de morrer

Ou seja, para melhor proporcionar este objetivo ao consumidor é necessário que o equipamento tenha durabilidade, seja de fácil manutenção e reposição de peças, o que nos leva a concluir pelo uso de materiais como o cromoly, freios semi-hidráulicos ou mesmo os antigos cantilever, raios comuns no mercado e de mesmo tamanho, no mínimo. Seria uma bicicleta que duraria muitos anos, contrariando a intenção das grandes marcas de incentivo a substituição recorrente dos modelos para ter a mais rápida e melhor que a do ano anterior.

DIVERGE 2021: Com menos de 1Kg, o quadro da Diverge é mais leve do que a maioria dos
quadros de gravel de ponta – Foto: Divulgação Specialized

Claro que para lançar este modelo agora não se cogitou que estaríamos passando por uma pandemia, que questionaria uma série de questões relacionadas à sustentabilidade e o consumo desenfreado incentivado pelo capitalismo.

Mas chegou o momento das fabricantes atentarem ao impacto que produzem no planeta. Por mais que a atividade do ato de pedalar seja nobre dentro deste cenário, a utilização de materiais e produtos de rápida obsolescência deve ser combatida. Sabe-se do tamanho da pegada que a fabricação de peças de carbono produz, o quanto custa ao meio ambiente transportar todas as peças e bicicletas do oriente e distribuí-las pelo mundo. A inovação não pode se restringir a proporcionar um pedal mais rápido, as fabricantes devem inovar no seu modo de fabricação e incentivando que seus consumidores consigam manter suas bicicletas funcionando por mais tempo. Sim, isso vai reduzir o faturamento das empresas, mas o valor que agregarão à marca não tem preço.