Principal cartão-postal de Atibaia (SP) e sede do Rocky Mountain Games, a Pedra Grande pode em breve receber a maior plataforma de vidro da América Latina.
Orçada em R$ 20 milhões, a “SkyBridge” é inspirada no mirante artificial “SkyGlass”, localizado em Canela (RS), só que contaria com 10 metros a mais do que o vizinho gaúcho.
O projeto da Pedra Grande ainda está em fase de estudos de viabilidade, mas as sondagens já têm assombrado os frequentadores e praticantes de esportes outdoor do pico.
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“Acho que uma grande maioria de moradores de Atibaia e defensores da Serra do Itapetinga já estão sabendo da ideia de construírem um mirante de vidro e ferro em cima da nossa linda Pedra Grande”, diz um abaixo-assinado criado pelos moradores contra a construção no local.
“Isso não pode acontecer, vão acabar com a Pedra por puro interesse financeiro! A Pedra Grande é nosso patrimônio, nossa riqueza. Temos que defendê-la com unhas e dentes”, afirma o documento, que já conta com mais de 9 mil assinaturas.
Cercada pela Serra do Itapetinga, em uma área com mais de 3 mil metros de Unidade de Conservação, a Pedra Grande (1.418m) é ponto de encontro dos praticantes de voo livre, escalada, rapel, MTB e outros esportes de montanha, sendo o principal ponto turístico do município.
Para os defensores do projeto, o mirante artificial poderia ampliar ainda mais o turismo e o comércio local. Se aprovada, a construção deverá começar ainda neste ano.
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Em contato com a reportagem, a secretaria de obras públicas da Prefeitura de Atibaia não quis entrar em detalhes, afirmando que a obra ainda está em processo de aprovação de órgãos responsáveis como a Fundação Florestal e a Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
O Coletivo Socioambiental de Atibaia é uma das organizações que questionam a necessidade da obra em uma área que deveria ser preservada.
Na última segunda-feira (9), o Coletivo protocolou um questionamento técnico na Cetesb, Fundação Florestal, Ministério Público e Prefeitura de Atibaia, solicitando esclarecimentos adicionais sobre o projeto.
Veja abaixo a nota:
“Desde maio temos acompanhado a discussão de um empreendimento intitulado ‘SkyBridge’ na laje da Pedra Grande. Na apresentação ao conselho do MoNa Estadual da Pedra Grande vimos que a proposta é de uma plataforma de vidro sustentada por um pilar metálico de 15 metros de altura sobre a rocha (info do Memorial Descrito proposto).
Foi ressaltado pelo gestor da Unidade de Conservação, que a Pedra Grande é protegida por lei de tombamento estadual e pelo decreto de criação da sua UC que determina que:
“Artigo 12, inciso III: A área da Laje da Pedra Grande poderá somente ter estruturas que atendam às necessidades operacionais de atividades esportivas, trilhas, estacionamento e áreas de contemplação. Todas as eventuais edificações não poderão descaracterizar a paisagem do monumento Pedra Grande. Inciso IV: As edificações e toda infraestrutura deverão estar harmoniosamente integrados à paisagem.
Nesse contexto, foi com surpresa que nos deparamos nessa última segunda-feira com a realização de sondagens na laje da Pedra Grande. Ora, para que fazer sondagens na rocha em um local em que, ao que tudo indica, é inviável para a implantação do empreendimento? Por que não exigir a discussão de alternativas locacionais fora da laje da Pedra Grande e de design compatível a uma área natural previamente à qualquer intervenção?
Acreditamos que empreendimentos privados em unidades de conservação podem contribuir positivamente com os objetivos dessas áreas protegidas se adequadamente planejados e com consenso estabelecido acerca das contrapartidas oferecidas à gestão das UCs. Reforçamos que o envolvimento da sociedade civil organizada é um passo essencial para se discutir e planejar empreendimentos do tipo.”