À meia-noite do dia 30 de janeiro, o período de consulta pública foi encerrado para duas propostas do Serviço Nacional de Parques (NPS) e do Serviço Florestal dos EUA (USFS) que proibiriam proteções fixas (grampos, chapeletas, piquetas de neve, fitas) da escalada em rocha nas áreas selvagens do país.
Eu escrevi muito sobre este assunto, então, se você quiser uma abordagem mais completa, leia essa matéria “Novas Propostas de Gestão de Áreas Selvagens Poderiam Tornar Todo Tipo de Escalada em El Cap Ilegal”.
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Mas aqui estão três fatores essenciais que você precisa saber sobre as propostas e suas implicações:
1. Ancoragens fixas seriam proibidas, a menos que se prove o contrário
Ao se apoiarem em um trecho astuto da legislação, o NPS e o USFS estão tentando reclassificar todas as “ancoragens fixas” como “instalações”. Já que “instalações” são explicitamente proibidas em áreas selvagens a menos que sejam consideradas em uma análise caso a caso. Assim, todas as âncoras fixas também seriam proibidas.
Isso essencialmente inverte a fórmula que o NPS e o USFS usavam anteriormente para gerenciar equipamentos fixos de escalada: Antes, ancoragens eram consideradas legais a menos que houvesse algum motivo (geralmente arqueológico ou ambiental) para não permiti-las; agora, a escalada é ilegal a menos que o parque faça um esforço para decidir o contrário.
Como Erik Murdock, Diretor Executivo Interino do Access Fund, me disse há vários meses: “Se essa proposta passar, todas as ancoragens fixas serão consideradas ilegais até que se prove o contrário. O administrador da área selvagem pode fornecer essa exceção. Mas eles podem não fornecer se assim bem entenderem.”
2. Isso não é simplesmente um problema para escaladores esportivos
O termo “âncoras fixas”, conforme definido pelos Serviços Florestal e de Parques, não se aplica apenas a parafusos. Em vez disso, inclui todas as formas de proteção permanente ou deixada para trás. Além de parafusos e anéis de rapel, isso inclui árvores amarradas, nuts presos, piquetas de neve, pitões e qualquer equipamento de segurança que um escalador acabe deixando para trás – até mesmo em retirada. Uma proibição de equipamento permanente efetivamente proibiria a descida em milhares de penhascos e montanhas nos Estados Unidos.
Para olhar as possíveis implicações disso, basta olhar para o Parque Nacional North Cascades, onde ancoragens são proibidas a fim de (segundo o site deles) “preservar uma experiência de área selvagem que reflete um estilo bruto de montanhismo em uma cadeia que mudou pouco desde que Fred Beckey fez as primeiras ascensões de picos agora populares”. O que isso significa, no entanto, é que escaladores em descida geralmente são forçados a evitar o rapel em faces de rocha limpas e, em vez disso, descem por couloirs íngremes propensos a avalanches – e sem o direito legal de deixar piquetas de neve como proteção mesmo se acharem necessário.
3. Opor-se à proposta não significa apoiar a colocação indiscriminada de parafusos
A grande maioria dos escaladores historicamente foram grandes defensores dos espaços selvagens; de fato, escaladores e organizações de escalada quase uniformemente concordam que a colocação de ancoragens – especialmente parafusos – em áreas selvagens deveria ser supervisionada pelos gestores de terras. Mas os escaladores acreditam que ancoragens são compatíveis com as áreas selvagens que ajudamos a criar.
O escalador e ex-senador do Colorado, Mark Udall, por exemplo, ajudou a trazer proteções federais de área selvagem para grandes extensões do Colorado, incluindo partes do Parque Nacional das Montanhas Rochosas, e quando fez isso considerou a escalada um uso legítimo dessa área selvagem. Por essa razão, ele se opôs abertamente à tentativa do NPS e do USFS de torcer a linguagem do Ato de Áreas Selvagens para proibir a escalada.
Em um artigo publicado pelo jornal The Hill, em novembro passado, Udall escreveu: “Como principal patrocinador do Ato de Expansão da Área Selvagem do Parque Nacional das Montanhas Rochosas e da Área Selvagem de Indian Peaks, quero deixar absolutamente claro: Nada naquelas leis tinha a intenção de restringir práticas de escalada sustentáveis e apropriadas em áreas selvagens ou proibir a colocação criteriosa e condicional de ancoragens fixas – muitas das quais existiam antes da aprovação das leis. Eu usei âncoras fixas para escalar nessas áreas, e quero que futuros escaladores tenham experiências profundas e seguras e, assim, se tornem eles próprios defensores das áreas selvagens.”
E aí está: até mesmo as pessoas que criaram essas áreas selvagens são contra a tentativa do USFS e do NPS de gerenciá-las.
Matéria originalmente publicada na Outside USA.